Socorro

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Giovanni narrando

Chegamos à casa de campo pelo endereço no mapa que meu pai fez. Desço do carro e, por ser madrugada, não chamo os funcionários. Eu mesmo abro a porteira e corro até meu carro, parando perto da entrada da casa. Tudo bem que ainda é madrugada, mas é uma baita casa; o lugar, de dia, deve ser espetacular.

Com os faróis ainda acesos, fecho a porteira e corro até a entrada da casa. Pego o molho de chaves e, com a maior calma, destranco a porta. Procuro por um interruptor, mas não acho nada. Não tem luz?

— Quem é você? — me viro assustado para um homem alto e forte. Olho para a mulher atrás dele que segura uma vela.

— Prazer, Giovanni Russo, o dono da casa — falo, e ele se surpreende.

— Não sabíamos que viriam tão cedo. O senhor Tarantino avisou que só teria alguém vindo no próximo mês. Ainda não terminamos as reformas no terreno.

— Tudo bem, tivemos uma emergência e eu vim com minha mulher, mas explico melhor amanhã. Onde acende a luz?

— Luz? — ele pergunta confuso, e eu assinto com a cabeça. Nem sei se ele consegue enxergar esse ato.

— É, rede elétrica — escuto ele rir, junto com a mulher.

— Aqui não tem isso, não, senhor, mas a gente pega uma vela para você.

— Vocês vivem aqui no meio de nada sem luz? — pergunto, e ele concorda.

— Eu e minha mulher somos os caseiros de tudo isso. Venderam a casa, mas seu pai deixou a gente continuar nessa função. Minha mulher, Mafalda, cuida da cozinha, roupa e arrumação da casa; eu cuido dos reparos, dos bichos e das plantações.

— Ótimo, você pode me ajudar com as malas? Minha esposa dormiu e eu vou carregá-la até o quarto.

— Mafalda, vai buscar outra vela pro patrão. Vamos, senhor Giovanni.

Ele bate nas minhas costas e eu o sigo até o carro. Abro a porta e, com cuidado, tiro minha Nella de lá. Ela é tão linda, parece um anjo dormindo.

Nem parece a onça afiada que me respondia e fugia de mim, mas não tiro sua razão; ela é astuta e percebeu que não sairia de lá, por isso lutou. Ela é uma batalhadora.

A carrego com cuidado e vejo o caseiro pegar as malas. Minha mãe, mesmo sem entender, comprou coisas femininas, como meu pai pediu. Não faço ideia do que ela pegou.

Viro Nella com cuidado para passar na porta, mas acabo batendo seu pé. Coitada, farei uma massagem depois para compensá-la.

— Com todo respeito, sua mulher tem um sono pesado, né, patrão? — ele fala e dou risada.

— Eu te explico a situação amanhã, mas, por favor, se ela bater na porta de manhã, ignore. Prometo explicar depois.

— Não estou aqui para perguntar nada — ele fala e sua esposa volta com uma vela acesa.

Eles sobem as escadas comigo e me indicam um quarto. Com cuidado, deito Nella na cama e vejo que ela tem apenas um tênis no pé. O que aconteceu com o outro?

Vejo o caseiro colocar as malas no canto e ficar parado com a esposa na porta.

— Muito obrigada, me desculpem por acordar vocês e fazer você carregar isso, senhor...

— Gilmar. Boa noite, senhor.

— Boa noite. — Eles saem, fechando a porta, e deixo o peso dos meus ombros caírem. Tranco a porta, escondendo a chave em meu bolso, e pego a vela, colocando-a na cômoda perto de nós.

Apenas O Começo! -RUSSOS BÔNUSOnde histórias criam vida. Descubra agora