Trajes?

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Giovanni narrando.

A amarro novamente na cama, agora com as mãos na parte de baixo da cabeceira. Talvez eu demore, e não quero que ela se machuque.

Após ter certeza de que ela não consegue se soltar, me afasto, ainda com raiva. Essa doida não para de tentar me machucar; ousou me bater com um sabonete na cabeça, e o pior é que doeu.

Retiro minha camiseta, vendo o sangue seco onde ela me mordeu mais cedo. Caminho pelo quarto, pegando uma tigela com água e um retalho para me limpar. Passo na ferida e resmungo pela ardência. Escuto um suspiro e olho curioso para minha bela. Ela desvia o olhar, com vergonha, e passa a encarar nossa janela.

Eu queria estender esse pequeno momento, mas não quero irritá-la mais; quero que ela se sinta, no mínimo, bem comigo, mas está difícil.

— Eu vou sair, vou tentar voltar na hora do almoço.

— E se você atrasar? — ela pergunta, e dou de ombros. Penso em beijar sua cabeça antes de ir, mas tenho medo.

— Você quer que eu te deixe amordaçada? Ninguém vai vir aqui, pode gritar à vontade.

— Não — ela fala, brava, e pego outra camisa na mala antes de sair.

Tranco a porta por fora e desço as escadas correndo.

— Patrão! — o Gilmar me chama, tirando o chapéu antes de entrar na casa.

— Eu estava mesmo indo atrás de você; queria que você me mostrasse a fazenda. Quero conhecer tudo aqui para estar preparado.

— Claro, mas... — ele coça a nuca, sem jeito, e vejo sua mulher vindo atrás, com mais cara de curiosa.

— Não pudemos deixar de ouvir a moça berrando por ajuda. Eu queria saber o porquê — sua esposa, Mafalda, diz, e suspiro, sabendo que é justo eles saberem.

— Eu a sequestrei, mas porque a amo. Quero que ela seja minha mulher, quero cuidar e amá-la, e está sendo difícil ela aceitar. Ela só me agride — falo, mostrando meus machucados, e eles se olham em silêncio.

— Se o senhor me permite dizer... — ela começa, mas o marido põe a mão em seu ombro.

— Ela não quer dizer nada, não, patrão.

— Quero sim! Não é dessa forma que o senhor vai conquistar a moça. Ela só vai vê-lo como um domador se a manter presa no quarto e tratando como trata. Deixe que ela ande pela fazenda, a leve para conhecer. No máximo, ela vai correr; não tem nada e nem ninguém próximo daqui. A gente avisa os trabalhadores da reforma para não deixar a moça fugir se verem, é bem melhor assim.

— Vou pensar sobre isso; talvez na hora do almoço eu faça isso.

— Então vou preparar a mesa da varanda para vocês dois comerem. Com licença. — Ela sai apressada, e olho para o Gilmar.

— Podemos ir? — ele concorda, começando a fazer seu tour.

[...]

Bato as botas com terra antes de entrar em casa, desaboto minha camisa pelo calor. Eu preciso de um banho; não imaginava que aqui era tão grande e quente.

— O almoço fica pronto em mais meia horinha; vai avisar a moça? — Mafalda aparece, dizendo mandona, e dou risada pela espontaneidade.

— Vou avisá-la e tomar banho; depois descemos.

— Lá em cima só água gelada. A água quente é na biqueira ali de fora, mas só fica quente na hora do sol — ela avisa, e a olho desanimado.

— Sério isso? Não tem uma privada boa, agora também isso?

Apenas O Começo! -RUSSOS BÔNUSOnde histórias criam vida. Descubra agora