A marca que nos conecta

Prólogo

Desde que nasceu, Takemichi poderia ser considerado um bebê estranho. Nunca chorava, quase não mamava, deixava todo mundo pegar no colo e não sentia o mesmo interesse em qualquer coisa como uma criança normal sentia.

Outra coisa também estranha foi  uma mancha preta em forma de coração em seu pescoço que estava lá dês seu nascimento.

Como já era de se esperar, quando o moreno tinha quinze anos, o auge da vida de qualquer adolescente, deu seu primeiro beijo. Até hoje ele se lembrava como foi e com quem foi.

Seu primeiro beijo aconteceu atrás da escola, debaixo de uma árvore de cerejeira. E a garota era Hinata Tachibana, uma garota bonita, educada e inteligente, que seria o tipo que seus pais super aprovariam, já que os mesmo sempre quiseram que Takemichi namorasse com alguém igual ele; inteligente, gentil, educada e moça de família.

Porém, ele não esperava que assim que seus lábios tocassem os da Tachibana, a sensação de estar sentindo seu interior pegando chamas e de repente uma vontade de vomitar consumisse todo seu corpo. Assustado, ele empurrou Hinata e virou sua cara, vomitando sangue e uma gosma preta em seguida, deixando a garota de cabelos rosas desesperada.

Takemichi acha que por conta do desespero, Hinata se apavorou e desmaiou de pavor, e por conta disso, ele não notou que a mancha de coração em seu pescoço antes preta estava vermelha sangue.

Depois desse acontecimento, ele decidiu se afastar da garota, que por incrível que pareça, se esqueceu de tudo o que aconteceu assim que acordou. Nessa época também foi quando ele decidiu que não iria mais tentar algo a mais com ninguém, dando para seus pais a desculpa que queria focar em seus estudos e arrumar uma faculdade de respeito, o que deixou os dois mais orgulhosos do que antes.

Depois disso ele criou o invencível plano de não se apaixonar ou se aproximar de nenhuma garota da escola, porém ele estava no auge de sua adolescência, e como tal, a curiosidade de experimentar algo diferente veio átona. No começo ele pensou que fosse apenas uma curiosidade que logo passaria ou que era apenas por ele estar passando muito tempo com seus amigos, porém, quando ele menos esperava, admitiu para si mesmo que estava tendo um crush em Akkun, seu melhor amigo da época.

E foi assim que ele notou que era bissexual.

Porém, ainda naquela época, ele por algum motivo, pensou que aquela vez que ele vomitou sangue assim que beijou Hinata foi um pequeno surto e que na verdade ele era gay, mas toda essa ideia foi por água abaixo quando ele beijou Akkun e aconteceu a mesma coisa que aconteceu com Hinata.

Era estranho, pois ele sabia que era bissexual. Mais de uma vez ele já se pegou pensando em uma cara alto, moreno, musculoso ou em uma mulher baixa, fofa e gentil, mas se era assim; por que ele não podia ficar com alguém e isso já acontecia?

E para pior sua mente que já estava uma confusão, sua família descobriu que ele beijou um cara e surtou. Aos olhos dos pais, ele seria um cara trabalhador, estudioso, de respeito e que se casaria com uma mulher indefesa que precisaria de sua ajuda, e não de um homem como ele. Ele até tentou explicar para seus pais que ele era bissexual, e como tal, também gostava de mulheres e não somente de homens, porém seu pai gritou na sua cara que era a mesma coisa e que ele beijo um cara, e como tal, não merecia morar no mesmo teto e comer sentado na mesma mesa que eles.

Depois dessa discussão, seus pais compraram uma casa mobiliada para ele e o deixaram morando lá. Eles pagavam tudo para ele, comida, energia, imposto e tudo o que era preciso, porém não iam visitar ele por um dia se quer, mandavam o dinheiro ou pagavam as contas por correio.

Confuso sobre tudo, Takemichi decidiu ir ao médico e explicar sua situação sobre os vômitos de sangue e a gosma preta, e como já era de se esperar, o médico lhe deu qualquer remédio e o mandou novamente para casa, porém aquele médico provavelmente contou para um colega de trabalho, que contou para outro e que assim foi até chagar ao ouvido de um cientista, que provavelmente falou para a empresa que trabalha e assim se espalhou por todos os cientistas de Tokyo que havia um garoto que vomitava sangue e uma gosma não identificada toda vez que beijava alguém.

Como já era de se esperar, em poucos dias o maior cientista de Tokyo e toda a sua empresa estava batendo em sua porta e trazendo um contrato onde eles pagavam bastante para ele se o mesmo concordasse em deixar os cientistas fazerem alguns exames nele.

Aquela seria a oportunidade perfeita para ele ter seu próprio dinheiro e sair da mira de seus pais até conseguir um bom emprego e recomeçar sua vida, e como ele sabia que os cientistas não iriam parar até achar o que estava acontecendo com ele, até por que toda vez que a ciência vê algo estranho ela tem que descobrir o que é e não descansa até saber. Sem ter muitas opções, Takemichi assinou o contrato e deixou tudo nas mãos dos cientistas.

A única coisa que o Hanagaki não sabia, era que assim que ele assinou o contrato, praticamente vendeu seu corpo para a empresa, que logo levou ele de sua casa e o deixou em um quarto totalmente branco, sem graça, a prova de som, e sem janelas que ficava em um dos laboratórios da empresa.

Já no primeiro dia que ele foi para aquele lugar, fizeram uma bateria de exames nele, deixando-o super cansado e sonolento, não conseguindo ao menos chegar em seu quarto sem a ajuda de um dos cientistas.

Mesmo sabendo que agora era apenas um objeto da ciência, Takemichi se sentia feliz por finalmente imaginar que talvez pudesse descobrir o que estava acontecendo de errado com ele.

Agora todo estava nas mãos da ciência.

E além disso, tem poucas coisas que a ciência não explica, e com toda a certeza, ele não está nessa lista, bem, é o que ele espera do fundo do seu coração.