Diferentemente da última vez que o atendimento foi até rápido, dessa vez demorou muito. Depois de quase duas horas que estávamos na sala de espera, um médico apareceu e avisou que vovó já tinha recebido o primeiro atendimento, mas ainda estava com a medicação intravenosa, também explicou que ela estava no oxigênio. E como ela chegou com bastante falta de ar, ele queria que ela ficasse um tempo em observação. Disse que ela iria demorar a ser liberada ainda.
Decidimos ir até uma lanchonete que ficava em frente ao hospital porque com essa confusão toda nem comemos nada.
— Ainda bem que você estava lá com ela. Imagina se ela estivesse sozinha? — falei enquanto me preparava para comer o meu salgado.
— Sua vó não tem mais condição de ficar sozinha, Pedro. Já pensou em contratar uma cuidadora?
— Já pensei sim, mas não tenho condições, Guilherme. Graças a Deus tenho você e dona Margarida que me ajudam. Nem sei o que eu faria sem vocês — disse já com a voz embargada. Ele segurou minha mão que estava por cima da mesa.
— Não chora, eu sei que essa situação está horrível, mas eu estou do seu lado. Mês que vem eu vou finalmente tirar minhas férias e vou poder te ajudar mais.
— Não, Guilherme. Você tem suas coisas, seus compromissos. Não posso pedir que você fique me ajudando o tempo todo.
— Mas você não está pedindo nada. Eu que quero mesmo — ele disse dando um sorrisinho de lado. — Deixa eu te ajudar. — Me olhou com os olhos de pidão e foi impossível rebater.
— Deixo.
Voltamos para o hospital e ficamos esperando na sala de espera. No meio da tarde, liguei para Dona Margarida e ela me avisou que já havia buscado as crianças no colégio e estava brincando com elas no quintal de casa. Fiquei mais calmo sabendo que meus filhos estavam em segurança. Liguei também para Madame Dita e expliquei o que estava acontecendo. Ela me disse para ficar tranquilo e cuidar da minha avó. Só pediu para que eu avisasse caso precisasse faltar mais dias.
No começo da noite, e depois de quase 6 horas esperando, o mesmo médico que falou com a gente mais cedo, apareceu avisando que podíamos entrar para ver minha vó e que ela logo seria liberada. Vovó estava numa sala com outras pessoas que também recebiam atendimento. Estava sentada numa poltrona reclinada e quando nos viu me olhou aflita.
— Ai Pedro, me leva embora daqui. Eu não quero ficar aqui não, meu filho.
— Você não vai ficar, vó, já vai ser liberada que o médico falou.
— Graças a Deus!
A enfermeira retirou o acesso do seu braço e disse para irmos até a sala do médico que lá ele iria conversar conosco. O médico explicou que o coração dela estava muito debilitado, com o ritmo muito desregulado e que era isso que estava causando a falta de ar junto com o mal-estar. Ele não prescreveu novos remédios, mas mudou a dosagem daqueles que ela já toma. Pediu que ela fizesse pouco esforço e não saísse da dieta.
Quando chegamos à vila, já eram quase nove da noite. As crianças estavam na sala com dona Margarida e ficaram alvoroçadas quando chegamos.
— Graças ao meu bom Deus vocês chegaram. Vilma, você tem que parar de me dar esses sustos. Eu já não tô mais na idade.
— E eu tenho culpa do meu coração que tá dando defeito, Maga?
— O seu coração tá com defeito, bisa? — Miguel perguntou quando vovó se sentou no sofá.
— Oh meu amorzinho, vem cá — vovó falou puxando Miguel para os seus braços. — O coração da bisa está dodói, mas a bisa já está tomando um remedinho para ele ficar bom logo.
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Louco por Ele
RomancePedro sempre foi um jovem inseguro e introvertido. Após a morte repentina do pai, o rapaz se vê obrigado a mudar completamente o rumo de sua vida para conseguir sustentar os filhos e a avó, que agora dependem exclusivamente dele. Ao voltar a morar...