Odiava aquele barulho insuportável.
O som que ecoava em sua mente quando encostava o crachá de identificação desgastado, indicando que mais um dia estava começando e seria responsável pelas variedades de artefatos que o Museu Nacional da Coreia tinha em sua posse e exibia para os milhões de curiosos que passavam por ali diariamente. No entanto, a falta de entusiasmo estava bem forte naquele dia, o jovem rapaz se sentia sem objetivo, apenas cumprindo seu expediente para que no fim do mês o salário estivesse em sua conta.
O fato de se sentir desanimado, fazia com que, às vezes, se perdesse em seus próprios pensamentos e isso resultava em momentos distraídos, consequentemente em confusão certa. Seja alguma criança que ultrapassou o limite das cordas de segurança até as estátuas ou as vezes em que desastradamente esbarrou em algum vaso e quase deixou cair. No dia anterior havia recebido um novo puxão de orelha de seu supervisor que reclamou sobre sua falta de atenção em esquecer a prancheta na ala dos artefatos do Egito e isso o deixou ainda mais desgostoso. Como havia sido em seu primeiro dia ali.
— Olá, sou Park Jimin e é um prazer fazer parte da equipe!
Com a blusa quadriculada em um tom azul leve, ele se apresentou com entusiasmo em uma sala cheia de pessoas com roupas semelhantes às suas. O tom era feliz do recém formado em história que estava assumindo sua vaga como guia no Museu que ansiou a vida toda trabalhar, algo que descobriu que queria no primeiro passeio escolar até ali e então não deixou de estudar um dia sequer. Depois da reunião de apresentação dos novos funcionários, cada um seguiu para seu treinamento com sua equipe que tinha seu supervisor responsável.
Em seu papel, quando Park leu o nome, ele procurou com cuidado nas pequenas placas de identificação que alguns carregavam consigo. Não demorou para identificar uma senhora de estatura baixa, que tinha um doce olhar por trás dos grandes óculos redondos. Ela levantava o dedo indicador com determinação, repetindo a todo momento que "não iria dar mole pra ninguém" "que era bem rígida".
— A propósito, sou a Senhora Kim. — apontou para o próprio crachá que estava escrito Kim Yuna.
Timidamente, ele se fez presente com o resto dos demais que a escutavam e depois passou a segui-la quando a mesma começou a apresentar o grande Museu. Passou por todas as alas e apresentou todas as esculturas, o que fazia os olhos do jovem Park Jimin brilharem em excitação. Logo seria ele, apresentando tudo aquilo para outras pessoas. O olhar e vontade do trabalhador em seu primeiro emprego é um tanto interessante; vontades e objetivos que são determinados a se cumprir, expectativas que surgem no coração. E, claro, a responsabilidade e comprometimento consigo que deveria ser mantido apesar de tudo.
A caminhada havia tomado a manhã inteira, já era o momento de almoçar. Então, a senhora Kim os liberou para o refeitório. Antes, Jimin decidiu passar no banheiro, havia bebido bastante água e precisava se aliviar. Pelo que havia percebido, em seu grupo quase todos se conheciam por vir da mesma universidade, então já tinham uma certa ligação. Foi o momento que mais se sentiu deslocado em toda sua vida, visto que qualquer assunto que tentava entrar ninguém dava muita atenção.
Escutou a porta do banheiro ser aberta, vozes animadas invadiram todo o cômodo, Park estava dentro de uma das cabines terminando de se vestir e pronto para sair quando começou a se sentir envergonhado. Ali ele ficou por mais alguns minutos.
— Então... — um dos rapazes começou — Acho que não vamos ter muitas disputas com as gostosas, ainda bem. Só você e eu de homem por aqui.
Jimin pode ouvir o barulho do zíper, logo depois as torneiras foram ligadas. Pela fresta, pode ver os dois rapazes lavando as mãos.
— Mas tem aquele outro cara. — o outro que até então não havia dito nada caminhou até o canto da enorme pia que tinha os papeis para secar as mãos.
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Desire Trap | Jikook
FanfictionTentar descobrir os segredos profundos de alguém é como andar em um labirinto vendado. Jimin se pegava pensando nisso todas as vezes que se lembrava do beijo que o ladrão de artefatos lhe deu durante seu expediente de trabalho, o que resultou em sua...