CAPÍTULO DEZ

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Antes mesmo que Flávia pudesse notar, sua língua correspondeu o beijo de Guilherme com tanta ferocidade quanto a dele. Suas mãos, antes trêmulas devido à tensão dada à proximidade, puxaram o corpo esguio e forte para perto do seu, buscando ainda mais contato.

Sentia como se não conseguisse o suficiente dele.

Seu cérebro dizia que ela deveria parar, que aquilo não era certo. Mas havia uma nuvem espessa de desejo que inebriou seus sentidos e impediu que ela fizesse qualquer coisa além de buscar ainda mais contato. Enquanto as mãos de Guilherme passeavam pela pele de suas costas, por baixo da blusa, todo o seu corpo parecia arrepiar em resposta; toda a Flávia parecia estar queimando em uma agonia tão lenta.

— Guilherme, isso é tão errado... — tentou, quando pararam para tomar ar; suas testas coladas uma na outra, os batimentos cardíacos acelerados a ponto de serem perfeitamente ouvidos.

Os dois estavam excitados demais.

Deveria ser apenas o desejo falando e, de fato, era. Mas Flávia sabia que ele, apesar de tudo, não queria aquela noite com ela; Guilherme se arrependeria no momento em que tudo terminasse. Quando o dia amanhecesse e eles já não estivessem imersos naquele desejo pulsante, tão físico e carnal que quase podia ser tocado, ele se lembraria de Rose. De como ainda amava ela, de como queria reaver seu casamento.

E Guilherme e Flávia não tinham nada que superasse o que ele tivera com Rose.

Mas ela não podia fazer isso. Não mesmo.

— Flávia, — a voz grossa de Guilherme, tão afetado quanto ela, fez seus pelos eriçarem. Ela odiava o efeito que ele tinha sobre ela. — isso é muita coisa, mas não é errado. — Ele a tocava tão lentamente enquanto seus dedos desciam até a barra do vestido levantado por ele mesmo, logo acima de sua cintura descoberta, que aquilo não podia ser nada além de uma doce tortura. A boca dele, sempre tão ágil para discutir com ela, carnuda a ponto de Flávia querer passar horas saboreando seus lábios, parecia lenta ao beijar o vão que ia do pescoço ao ombro.

Ela conseguia sentir a respiração dele contra sua pele, como uma brisa quente. Flávia precisava muito que ele fosse rápido com aquilo. Se desse tempo para que sua cabeça começasse a pensar demais, terminaria aquilo logo, deixando os dois insatisfeitos.

As próprias mãos dela foram de encontro à camisa social que Guilherme vestia, tentando a todo custo sentir a pele dele contra sua palma. Mas, como sempre algo parecia se meter em seu caminho, estava sendo constantemente impedida pela infinidade de botões. Em sua defesa, tentou lutar contra eles por três casas, três demoradas casas; todavia, quando Flávia sentiu o toque de Guilherme em seus seios, mesmo sem tirar o sutiã, ela rasgou a camisa.

Imediatamente.

Por todo o quarto silencioso, apenas pelos arquejos e respirações rápidas deles, o som de vários botões caindo reverberou.

Foi exatamente como se alguma fera que estivera sempre presente entre os dois se libertasse. Como se pólvora fosse riscada perto de um barril de gasolina.

Guilherme não se importou ao ver que sua camisa, certamente caríssima, estava estragada. Assim como Flávia não se importou quando seu sutiã mais novo teve seu fecho quebrado, libertando seus seios. Nenhum dos dois se importava com nada além de saciar aquela necessidade um do outro.

Flávia precisava que Guilherme estivesse dentro dela tanto quanto precisava respirar.

— Veia mitral, você é tão ágil para algumas coisas... — começou, arrancando a camisa dos braços dele — Será que não pode ir mais rápido?

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