essa na capa é a kim :)))
Voltei da festa caindo as pedaços. Fechei a porta do apartamento e me joguei no sofá. Eu não tinha nenhuma noção das horas, meus pés gritavam dentro do tênis. Puxei um maço de cigarro da caixa em cima da mesa e posicionei-o entre os lábios. Acendi o isqueiro e as chamas logo se espalharam por ele.
Liguei a tv e só lembrei de ter assistido os primeiros dez minutos do programa antes de cair em um sono profundo.
Trinn...Trinn...
Acordei assustada, e derrubando acidentalmente o celular no chão. Pela minha sorte, o tapete amorteceu a queda. Desbloqueei a tela e me deparei com 20 chamadas perdidas de Kim.
Eu havia dormido tanto assim?
Tive uma surpresa maior quando o relógio marcou 18 horas. O ensaio. O ENSAIO!
Corri o mais rápido que pude até meu quarto e troquei aquela roupa suja e cheirando a cigarro por uma mais folgada e limpa. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e tranquei a porta.
O ponto de ônibus estava lotado, mas logo o que eu iria pegar apareceu e eu agradeci mentalmente. Andei pelo corredor do ônibus segurando firmemente nas barras para não cair. Os motoristas eram tão agressivos!
Avistei um banco vazio e logo sentei para não perdê-lo. O ônibus parava a cada 5 minutos em um ponto diferente, e isso já estava me estressando. Fui colocar meus fones para me distrair um pouco, quando o motorista freou o automóvel tão brutalmente que eu quase bati o rosto no banco da frente. As portas foram abertas e um cara familiar subiu os degraus. Era Dylan. Usava uma camisa com o nome de alguma banda escrito em letras garrafais e calças jeans um pouco largas. Assim que me viu, abriu um sorriso e sentou-se ao meu lado.
Dylan era um cara que ia a lanchonete todos os dias pedir sanduíche de carne de soja. E eu era a que sempre o atendia.
- Ei, garçonete.
- Oi. O quê vai querer?
- Nada. Ahn... Eu só queria dizer que esse sanduíche é o melhor que existe. Vocês mandam muito bem.
- Obrigada, eu acho. Nunca comi sanduíche vegetariano mas deve ser bom mesmo.
- Eu não sou vegetariano.
E foi assim que eu e Dylan viramos amigos.
Ele era um cara legal, quer dizer, havia me pedido em namoro a um tempo atrás mas eu sabia que não iria dar certo. Ele ficou bem magoado, só que era a coisa certa a fazer. Então, continuamos amigos e respeitando um ao outro.
- Que coincidência. - ele disse, virando-se para mim.
- O quê?
- Eu ia no teatro te ver.
- Ah... Parece que agora vamos juntos.
Sorrimos e Dylan pegou o outro fone que havia escapulido de minha orelha. Notei que seus cabelos estavam mais bagunçado do que o normal. Eram negros como carvão e faziam um contraste perfeito com sua pele branquinha.
- É só música chata. - eu alertei.
- Sempre gostei das suas músicas chatas.
Apertei o play e "Stand On The Horizon" do Franz Ferdinand começou a tocar. Essa música sempre me fazia relaxar. Passaram-se alguns minutos e quando percebi, meu ponto já era o próximo. Levantamos e descemos do ônibus.
- Corre! Estou atrasadíssima! - eu falei, saindo disparada pela entrada até as duas portas que davam para a sala de ensaio. Fechei-as atrás de mim ofegante, parando as meninas do que faziam em cima do palco.
- Hora, hora. Atrasada de novo? - a professora disse, com um olhar nada agradável sobre mim. - Suba no palco. Agora.
Engoli em seco e subi os pequenos degraus. Meus olhos deviam estar extremamente borrados de maquiagem, mas eu nem liguei. Acompanhei os passos das meninas e logo me situei. O tema da peça era Bérénice, uma tragédia francesa de 1670. Meu papel era de extrema importância. Eu nunca estive tão ansiosa esperando o dia de uma apresentação. Iria ser em Londres, e as passagens já estavam pagas e as malas arrumadas.
Terminamos o ensaio 20:00. Todas nós exaustas e atacando o bebedouro desesperadamente.
- Meninas, não esqueçam que esse foi o último ensaio. Daqui a uma semana já é o espetáculo. - a professora disse.
- Sim, senhora. - falamos todas ao mesmo tempo.
- Tchau, garotas. - eu disse, indo procurar Dylan entre as poltronas.
Ele bateu palmas assim que me viu.
- Laura Baker, A atriz do século.
- Cala a boca. - falei rindo.
- Vamos, senhorita. - disse, acompanhando-me até o ponto de ônibus.
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turn the lights off
FanfictionEu poderia ter previsto tudo isso. Seus olhares, e sorrisos que de alguma forma, fizeram um grande estrago dentro de mim. Eu gostaria de transformar todas essas interrogações em exclamações. Eu queria que você me ajudasse nisso.