Ouvi rumores de que um novo jovem está chegando na cidade, certamente a notícia já deve estar fervilhando nas línguas das mães da cidade, já que ainda estamos no meio da temporada e muitas jovens ainda não foram cortejadas por nenhum cavalheiro. O rumor mais forte é que o jovem rapaz é um visconde e esse vem de um lugar muito distante; o que será que o misterioso rapaz, diga-se de passagem está conhecendo toda a Europa, terá para nos oferecer aqui, digo, o resto da população, já que serão os Bridgertons os afortunados, pois será lá que estará hospedado nos próximos quinze dias. Essa escritora ferrenha estará fielmente atenta.
Lady Whistledown.
— Seja bem vindo, visconde, é com imenso prazer e alegria que lhe damos boas vindas.
Disse a senhora Bridgerton vindo da frente da casa e seguida pelos seus dois filhos mais novos.
— Bom dia senhora Bridgerton, o prazer é completamente meu.— respondeu o visconde com o olhar voltado para a porta da frente. lá estava Anthony Bridgerton, o filho mais velho.
Percebendo o olhar, a senhora Bridgerton apressou-se em fazer as devidas apresentações:— este é Anthony, meu filho mais velho e visconde.
— É um prazer, visconde.— Disse o recém chegado.
— O prazer é todo meu.— Anthony aproximou-se e apertou a mão do visconde.
— Anthony, guie o nosso ilustre hóspede até seu quarto.— pediu a Senhora Bridgerton.
Os dois viscondes apressaram-se em entrar. Anthony guiou o visitante até o andar de cima, enquanto isso apresentava formalmente a casa, os funcionários e os outros irmãos e irmãs que encontrava no caminho. Chegando ao quarto os viscondes ficaram um pouco calados.
— Vossa graça sempre sorri demasiadamente?— perguntou o visconde a Anthony, deixando o mesmo avermelhado e sem graça.
— Perdão, vossa graça, mas de onde o senhor veio, as pessoas não sorriem?— Anthony estava completamente sem graça.
— Um pouco, e por favor, chame-me pelo meu nome, Gabriel.
— Faço de vossas palavras as minhas, chame-me de Anthony,
— Prazer, Anthony... ou melhor, Anthony o sorridente.
Anthony ficou sem reação, novamente ficou enrubescido, o que era estranho, pois somente algumas mulheres que havia conhecido tiveram a capacidade de fazê-lo sentir-se dessa maneira e isso o assustava. Queria correr para bem longe do visconde, mas o mesmo tempo sentia-se fascinado pelo olhar daquela criatura misteriosa que estava em sua frente, mas com a maravilha veio o receio e o medo.
— Perdão se eu o incomodo de alguma forma, Anthony, foi apenas uma brincadeira.— disse Gabriel.
— Vossa graça também não para de sorrir, então, acredito que somos dois sorridentes.— Anthony respondeu em um impulso.
o visconde também ruborizou-se, então antes que ambos tornassem-se dois tomates plantados dentro do quarto, Anthonyn decidiu se despedir e permitir que o visconde fizesse suas acomodações. Gabriel, após organizar as malas que os criados trouxeram para seu quarto, desceu as escadas e decidiu explorar a linda casa dos Bridgertons, não indo muito longe, já que Eloise Bridgerton o interceptou nas escadas dizendo:
— Todos estão curioso para conhecer vossa graça.
— Perdão?!— disse o visconde.
— Digo, todos na cidade estão curioso para lhe conhecer, senhor. ela disse.
— Seria por causa da Lady Whistledown?
— Conhece a Lady Whistledown?
— Não, acabei de chegar— brincou o visconde, deixando Eloise sem graça.
— Não é disso que falo, já que ela escreve usando um pseudônimo, não por ser incapaz, nem nada, mas...— Eloise foi interrompida.
— ...por ser mulher, já que as mulheres não possuem os mesmos espaços que o um homem, muito menos oportunidades. É minha cara, esse mal também existe de onde venho e de muitos lugares em que já visitei.— complementou o visconde.
— Me recuso a ser só mais uma.— Eloise estufou o peito e disse com coragem, mesmo que soasse como atrevimento para o novo visitante. O visconde soltou uma alta gargalhada, tendo que fazer esforços para se conter.
— Perdão pelo riso, mas é que eu encontro poucas como você. Acredito que pelo fato de ter coragem de pensar em não ser só mais uma já te torna única.— disse Gabriel, deixando um largo sorriso de satisfação no rosto de Eloise.
— Eloise, deixe de incomodar o visconde com suas ideias revolucionárias.— disse Daphne enquanto cruzava o corredor mais próximo.
— "falando sobre o mais do mesmo".— insinuou Eloise, e os dois desceram as escadas em pleno riso.
O visconde passeou pela cidade durante toda a tarde, por onde ia arrancava olhares dos moradores curiosos e das jovens desesperadas por atenção e cortejos, mas sabia que ali não era o momento, que seria a noite, no baile, onde todas as importunações seriam tão desesperadas quanto os leques que as mesmas balançavam freneticamente.
Quando a noite chegou, chegou também a hora do baile, e o visconde logo se viu rodeado das mais encantadoras jovens do reino. Alto, magro, cabelos pretos e lisos, olhos castanhos, olhar profundo e sorriso cativante, era difícil não notar sua presença, mesmo a rainha, que apenas olhava de longe, vez ou outras prendia os olhos no jovem rapaz. Depois de algumas risadas, bebidas e muitos ataques diretos das jovens e suas mães caçadoras, todos reuniram-se para dançar no salão principal.
— Anthony, conto com você para dançar?— perguntou Gabriel.
— Está me convidando para dançar?— Anthony perguntou assustado.
— Claro que não! Apenas não quero que me assista pisar no pé de sua irmã Daphne. mas se eu estivesse chamando, dançaria comigo?!— o visconde não esperou a resposta, apenas sorriu e foi ao encontro de seu par.
Todos se posicionaram para dançar. Gabriel pedia constantemente perdão para a srt. Bridgerton, por estar pisando em seus delicados pés. Eles sorriam um para o outro como se fossem velhos amigos, mas não era em seu rosto que o olhar de Gabriel se fixava, era em seu irmão Anthony, que também não tirava os olhos do recém chegado visconde. Os pares rodavam, cruzavam todo o salão e as vezes até trocavam um com o outro, não importava os movimentos os olhos dos dois viscondes não paravam de se encontrar, como se estivessem destinados a se encontrarem em cada encruzilhada, em cada obstáculo, em cada etapa da vida, como é certo que a luz do sol ilumine a vida em cada manhã.
Ao final da dança, Anthony dirigiu-se para o jardim. Gabriel despediu-se de Daphne com um beijo em sua delicada mão, parabenizando a donzela por ser uma ótima dançarina. Após despedir-se da garota, Gabriel foi até o jardim e procurou por Anthony, que estava sentado em um banco perto de algumas árvores.
— Não sente-se bem?
— Por favor, Gabriel, deixe-me um pouco sozinho.
o visconde se aproximou e sentou-se ao lado de Anthony e segurou em sua mão. Naquele momento foi como se uma estrela tivesse nascido, como se Anthony pudesse segurar o calor do sol em suas mãos, como se o seu peito fosse explodir e dali ele gerasse nova vida.
— O que está fazendo?— perguntou Anthony.
— Segurando sua mão.— respondeu Gabriel.
Estava bom, Anthony sabia que não podia ficar ali pra sempre, mas o tempo em que segurou a mão do visconde ele fez questão de sentir como se fosse eterno, um mundo só deles.
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Se minhas asas pudessem voar
FanficUma passada rápida do visconde Gabriel na Inglaterra deveria ser apenas uma aventura, novas descobertas, uma verdadeira experiência cultural, mas tudo isso muda quando ele se hospeda na casa dos Bridgertons e conhece Anthony, começando ali um romanc...