Eles não se falaram durante três dias, tal decisão foi tomada inteiramente por Anthony. O jovem visconde não imaginava que tais sentimentos poderiam ser tão fortes e confusos, não por outro homem, isso nunca fez parte da sua realidade, mas pensar no visconde brasileiro o desarmava; olhares, cumprimentos e toques deveriam ser evitados com forte veemência, mas não seus pensamentos, ali era impossível de controlar. No terceiro dia consecutivo que passava sem falar com o visconde ele havia tido um sonho, um sonho que considerou imoral e amoral, um sonho que o fez acordar a noite não somente pelo teor, mas também pelo prazer que a polução noturna havia lhe causado.
No dia seguinte todos estavam sentados na sala de estar envolvidos por uma deliciosa conversa. Eloise atreveu-se a perguntar sobre o Brasil, e insistia desesperadamente que o visconde lhes ensinassem algumas palavras em português; Anthony escutando a distância toda a conversa aproveitou a oportunidade para quebrar o abismo silencioso entre ele e o visconde.
— Vossa graça realmente é uma pessoa viajada, suas aventuras são de fato estonteantes, mas nunca esclareceu como nos encontrou. —
— Não é a primeira vez que viajo para cá, a Europa. Tive o incomensurável prazer de conhecer o duque de reichstadt quando estive pela última vez na Espanha. Disse a ele, na época, que tinha o desejo de conhecer a Inglaterra e o mesmo disse que dá próxima vez que eu estivesse pela região, faria a ponte entre mim e o país. Vim esse ano e escrevi para o duque, ele me falou que estava cortejando uma jovem chamada Daphne bridgerton e que eu seria bem-vindo a conhecer a cidade. A principio eu deveria ficar em outro lugar, mas o duque me disse que a senhora bridgerton ficaria encantada em me receber, já que os dois haviam tido uma conversa sobre mim antes, então, estou aqui.— enquanto o visconde falava a srt. Daphne ficava maravilhada.
— Incomensurável, né?!— Anthony estava enciumado.
— Perdão?!— disse o visconde.
— Nada.— respondeu Anthony.
— Anthony, querido, leve o visconde Gabriel para conhecer as extensões de nosso lindo jardim.
Anthony concordou e os viscondes saíram juntos para um passeio no jardim. Ambos caminhavam calados, não atreviam a cruzar os olhares, e como Anthony fazia questão de dizer para si mesmo: sem olhares, cumprimentos e toques, mas Anthony ficava cada vez mais e mais nervoso, pois o visconde não parava de rir e isso o incomodava profundamente.
— Vossa graça está se sentindo bem?
— Estou, Anthony, mas claramente você não está!
— Estou ótimo, vossa graça se equivoca.
— Não estou equivocado. Anthony, não troca uma palavra comigo desde que ficamos de mãos dadas naquele baile; você está me evitando desde então, nem sequer olha para mim, então, perdão se eu lhe causei mal, não era minha intenção.— Gabriel havia segurado Anthony pelo braço e o visconde bridgerton não relutou.
— Não foi por me sentir mal que eu me afastei, Gabriel, foi por gostar de mais de segurar sua mão — Anthony respondeu com os olhos cheios de lágrimas — eu nunca havia me sentido assim antes, não com outro homem e isso é tão assustador. Se outras pessoas vissem nós estariámos acabados, a reputação da minha família estaria acabada, isso prejudicaria minhas irmãs, não posso. Eu quero tanto ficar perto de você que meu coração se alegra e encolhe-se de dor ao mesmo tempo, mas eu tenho medo de dar mais um passo e cair em um penhasco.
— Eu entendo.
— É tudo que vai dizer?
— Não quero fazer do seu coração um lugar ruim, muito menos causar sofrimento a sua família. Vou dizer a sua mãe que recebi uma carta do Brasil, direi que uma das minhas irmãs está doente e que minha presença é requisitada.
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Se minhas asas pudessem voar
FanfictionUma passada rápida do visconde Gabriel na Inglaterra deveria ser apenas uma aventura, novas descobertas, uma verdadeira experiência cultural, mas tudo isso muda quando ele se hospeda na casa dos Bridgertons e conhece Anthony, começando ali um romanc...