Você não precisa continuar sujando suas mãos de sangue.
Era o que Victor havia dito, mas eu estava em Helheim pela segunda vez, após cometer um ato atroz que não só custaria minha alma, mas a do jovem Zogratis também.
Talvez houvessem realmente boa...
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Capítulo cinco: Pesadelo Amaldiçoado.
Callidora Gagnon.
Não tive tempo de sentir o sol beijar minha pele. O gelo em meu âmago dissipou qualquer sensação de calor.
Desviei os olhos do horizonte, de volta ao quarto, atormentada por acordar abruptamente mais uma vez. Pelo menos, não tinha gritado ou expelido tudo de meu estômago nessa ocasião.
A primavera havia chego. As estações passavam rapidamente enquanto olhava pela janela, imóvel como um túmulo, a neve que jamais deixava de cair.
Havia perdido a noção do tempo, me prendendo com meus próprios tormentos na dimensão paralela dos pesadelos. Um passo para colar os pedaços despedaçados da minha alma e polir a magia destrutiva.
As ilusões se foram, levando consigo o que restava do calor familiar, deixando uma profunda amargura em meu peito, junto de uma enorme culpa.
Com exceção de Victor, que nunca abandonou meus pensamentos. Talvez vivesse lá para sempre, como a parte de mim, que me lembrava dos meus objetivos - os dele mascarados.
A Raven não estava satisfeita com meus pensamentos deprimentes, mas passei a ignorar seus comentários e perguntas na terceira noite, irritada com a verdade dolorosa que ela tinha jogado contra mim, assim que saí da cabana de Elliot.
Suspirei com a mão sobre o peito, mentalmente me repreendendo ao notar que estava andando de um lado para o outro enquanto devaneava.
Parei a frente do espelho, olhando para o reflexo que me envergonhava... tão irritantemente parecida com ela.
Gesemi era uma mulher forte, dona dos círculos sociais, alguém que exalava graça e inocência. Uma verdadeira santa encarnada, tudo o que um dia ambicionei ser...
Sentimentos ruins tomaram conta enquanto refletia minhas ações estúpidas, servindo como um troféu de triunfo de Dante sobre meu pai - e sobre a deusa - ou qualquer outro sentimento doentio que passava pela mente perturbada do Zogratis.
Uma risada falha me escapou.
Uma herdeira desonrada da deusa é inútil, afinal.
Não conseguia lembrar como era sentir-me bem há muito tempo. Mesmo que vivesse banhada em luxo, nada poderia tirar esse sentimento. Jamais alguém poderia trazer de volta a garota que havia se afogado em seu próprio desespero, adormecida agarrada ao fundo do lago da morte...
Octavia revirou os olhos enquanto cobria meu reflexo, seu corpo esbelto tomando forma quando ela emergiu da superfície lisa do espelho. A franja clara com leve tom perolado cobria metade de seu rosto com a ausência dos chifres curtos e do diadema que adornava sua testa, deixando seu visual quase fantasmagórico.
