Papai Kou e Papai Ashi

02 - Borboletas

Bokuto ajuda um de seus alunos com o passe da bola de basquete, enquanto grita para os que jogam vôlei que eles estão jogando igual bicho preguiça. Claro que todos sabem que esse é a forma de incentivo de seu professor de educação física, então somente concordam e voltam para a aula que se mostra mais agitada que o normal.

- Se você colocar todo o peso nos seus braços, Kuroko, - Koutarou começa a falar, mostrando ele mesmo sua linha de raciocínio para explicar a seu aluno a melhor forma de jogar. - Não conseguirá executar um passe bom. Mas se você usar todo seu corpo, e movimentar a bola na mesma direção na qual está indo, fará com que ela chegue mais rápido na mão de seu parceiro.

Seu aluno escuta tudo com atenção, sua maneira calma de agir torna mais fácil a Bokuto ensinar seu aluno a maneira correta de um passe. Claro que isso é só o básico, e tem muito o que aprender se quiser continuar jogando basquete, mas todos começam de algum lugar, e certamente, como professor, Bokuto fará de tudo para incentivar seus alunos a seguirem o que sonham.

- Mas nem sempre esse passe vai funcionar, professor.

- Você está certo, Kuroko, em algum momento você simplesmente sentirá que esse passe básico não será suficiente. - Koutarou passa a bola de basquete para seu aluno e o vê a segurar com precisão. - Mas até lá faremos você sentir que a bola de basquete é uma extensão do seu corpo, onde ela seguirá o caminho para o qual você quer que ela chegue.

Assim a aula continuou por mais alguns minutos, seu aluno se esforçando em um canto da quadra de basquete junto de outro aluno de fios de cabelo rosas, e seus outros alunos ficaram com outras modalidades que ofereceu no dia, como vôlei e futsal. A bagunça que causou no grande ginásio da escola no qual trabalha foi desastrosa, mas sorria quando seus alunos pediam por conselhos e mostravam interesse em uma aula de pouca carga horária.

Quando o sinal para sua próxima aula soa por toda escola, Bokuto arruma os materiais no carrinho que trouxe consigo e esperou sua turma da vez chegar nos corredores, com ela veio o monitor que na opinião de Koutarou é completamente desnecessário. E assim que passou a atividade do dia, mas sem antes os mandarem correrem pela quadra depois de terminarem sua sequência de alongamentos, foi que percebeu que Terushima ainda continua ao seu lado o vendo dar ordens.

- Precisa de algo, Terushima? - Perguntou sem tirar a atenção de seus alunos correndo. - Você chama isso de correr, Taketora? Sua vó poderia correr mais rápido que isso. - Ao falar um sorriso nasce em seu rosto ao que vê seu aluno gritar irritado e começar a disputar com seu colega de classe para ver quem ganharia.

- Vejo que tudo está bem, seria uma pena se algo ruim acontecesse. - Seu tom de voz é debochado e isso faz com que Bokuto entre em estado de alerta.

- Está insinuando, algo?

- Não, claro que não. - Pela primeira vez Koutarou faz questão de olhar nos olhos alheios e só conseguiu ver a perversão através das orbes escuras. - Mas o que seria do nosso querido professor se seu caso homoafetivo fosse descoberto pela direção?

Com raiva nos olhos, Koutarou, para não voar em Terushima segura seu apito e chama a atenção de seus alunos, os dizendo que a corrida acabou e que estavam livres para escolher a modalidade do dia. Claro que isso só fez os alunos dispersar, o que acabou deixando os dois adultos sozinhos neste momento complicado.

Bokuto sempre soube que as piadinhas de Terushima eram bem mais que uma simples insinuação, e nos últimos dias estava ficando ainda mais difícil lidar com todas as ameaças do monitor. Começou quando ele viu Koutarou e Keiji no shopping há cerca de duas semanas, por sorte Shōyō não estava no dia, então a existência de seu filho ficou segura, mas o tormento que veio ao ser visto com um homem e eles rindo como se fossem íntimos de mais para homens heterossexuais, fez uma série de chantagens recorrentes serem lançadas no ar. Até mesmo com outros professores por perto.