89°- Você vai sair dessa!

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Bruno

   O preto se tornou minha cor preferida durante esse tempo, a cor que eu mais observo. As únicas coisas que consigo ouvir é o barulho do baque no acidente, minha mente vaga dentro dessa escuridão.
  Não sei quanto tempo estou me sentindo assim, parece que estou morto, depois de um bom tempo, começo a ouvir som de máquina, som de pássaros e finalmente ouvi as vozes de quem eu conheço, já ouvi a Amanda falando comigo, o Jonathas, a Gaby...
  Na mesma velocidade que comecei a ouví-los eu parei, mais uma vez estou sem ouvir nada.
Quando depreende sinto um impacto forte no meu peito e em seguida dores no corpo, principalmente na cabeça e nas pernas, abro os olhos com dificuldade vendo enfermeiras e um médico.
  Abro a boca para falar porém não consigo, as enfermeira rapidamente começaram se mexer e eu continuo sem entender nada.
  Fecho meu olho, pois a luz está muito forte, eles colocam soro no meu braço e vão fazendo os procedimentos para ficar tudo ok.
  Depois de tudo oq fizeram, finalmente eu fiquei liberado entre aspas, para respirar, porém ainda não consigo falar nada e a primeira coisa que eu quero ver é Amanda, estou querendo um abraço dela.
  Abro os olhos e observo uma janela grande que tem aqui, dando para ver uma árvore enorme lá fora, aqui tem uma mesinha do lado da maca, com lindas flores rosas,e tem também uma garrafa de água.
Alguém abre a porta e eu vejo Amanda com os olhos roxos e cheios de lágrimas, ela corre até mim, me dando um abraço apertado e eu sinto uma imensa dor.

- Meu amor, você não sabe o quanto eu estou feliz de te ver, você não sabe o quanto eu esperei por esse momento. - Ela fala ainda chorando. - Sua filha nasceu, a nossa pequena Amy... ela é linda.

  Minha filha... eu sou pai de uma menina, tento me esforçar para falar porém esta difícil, ela olha para mim esperando uma resposta, me deixando mais aflito ainda...

- Oque foi meu amor? Está sentindo alguma coisa? - Ela pergunta e uma lágrima cai do meu olho. - Eu irei chamar o médico e vou pegar a sua filha para você conhecê-la.

  Ela sai me deixando aqui sozinho novamente, como vão descobrir que eu não estou conseguindo falar, e por que? Tem tanto tempo que estou aqui? Minha filha já nasceu e eu nem vi a barriga da Amanda crescendo..
  Como o tempo pode passar tão rápido assim? Só de pensar que tudo isso foi por minha culpa e por minha teimosia. Eu fico com raiva de mim mesmo.

- voltei... - Ela abre a porta falando e eu vejo uma bebê em seus braços, uma bebê muito linda. Assim que ela entrou, o médico entra também e fecha a porta.

- olá Bruno, espero que você não esteja tão mal quanto antes, irei lhe dar as informações que provavelmente você está querendo descobrir. - Ele tira um banco debaixo da maca e senta no mesmo. -Tem mais de 8 meses que você está em coma, seu acidente foi gravíssimo, você tinha 10% de chance de estar vivo hoje. - Ele escreve alguma coisa na sua paleta e volta a olhar para mim. - Algum problema?

- O problema doutor, é que ele não me respondeu e não falou nada comigo. - Amanda fala olhando para o doutor e depois para mim.

- Certo, não podemos detectar nada agora de imediato, nem lhe dar essa informação, assim que possível tirarei conclusões para as suas perguntas. - O doutor fala e Amanda fixa os olhos nele.

  Ele sai deixando apenas nós três aqui na sala, eu queria tanto dizer que amo ela e que senti a falta dela nesse tempo que eu estava dormindo (para mim).
  Se ela quisesse viveríamos em outro local só pela Amy, mudaria toda a minha vida, nem que Jonathas me matasse depois kkkkkkk.
  Consigo imaginar uma chácara grande, com duas piscinas, uma grande e uma pequena para a minha filha, ver ela correndo atrás de um cachorrinho, brincando bem feliz, sem ter que passar pelo desespero do morro, sem conhecer a miséria e o rancor das pessoas no morro, claro que não são todos, porém a maioria.
  Saio dos meus pensamentos quando Amanda chama pela segunda vez o meu nome.

- Eiii, eu estou aqui meu amor. -Ela diz me olhando e limpando uma lágrima no meu rosto, nem sei quando ela escapou. -Não fique assim, você vai sair dessa!

Ela começa a cantar uma música que eu amo, nem lembro como ela descobriu isso, essa mulher é perfeita....
Vou fechando os meus olhos lentamente e durmo entre a sua voz e a melodia.

Filho do donoOnde histórias criam vida. Descubra agora