3: Dessa vez, você vai embora primeiro

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"As palavras foram repetidas em silêncio. Eu me afastei e voltei. Sinto sua falta. O que eu deveria fazer agora? Por que estou dando voltas? Não sei como!"

( I Wanna Cry - Seori)

— Nós estamos atrasados! — exclamou Ji Seung-wan ao pegar na mão do filho mais velho e acenar com os dedos livres para seu cunhado — Vamos logo!

— Será que ela vai gostar dessas aqui? — perguntou Baek Yi-jin ao levantar um buquê de margaridas — Ou é melhor eu levar aquelas lá? — Apontou para as rosas.

Aigoo! Ela é uma menina de oito anos de idade, Yi-jin, não tem essa coisa de preferir uma ou outra flor! Vamos logo senão iremos perder a abertura! O seu irmão já deve estar louco lá nos aguardando! Você sabe que ele fica mais nervoso que a Da-seul nessas audições! — Pegou as flores da mão do homem e as levou diretamente para o caixa.

Naquela noite seria a grande apresentação de final de Primavera da escola de Baek Da-seul, a menina que era a pessoa preferida de Yi-jin no mundo inteiro. Ele amava aquela menina, sentia que se tivesse uma filha algum dia deveria sentir algo naquela magnitude, porque cuidava e se importava demais com a pequena. Fazia de tudo por ela, sem ao menos se importar com ser julgado como um tio babão e ciumento demais. Queria apenas que ela recebesse todos os mimos possíveis.

Ao terem escolhido o buquê que a garota ganharia ao final da apresentação de balé, foram de volta para o carro dele e graças aos Céus chegaram a tempo na apresentação. Tinham ido depois porque precisavam pegar Nam-hee na escola, o sobrinho mais velho e Baek Yi-hyun alegou que não conseguiria dirigir tanto naquele dia por estar nervoso demais com a ideia de ver sua filha num palco tão grande e luminoso. Também graças a Deus que Da-seul ria do pai em vez de ficar preocupada com a sua audição.

Mas ao chegar lá, viu uma enorme multidão acomodada no teatro, já que as restrições da pandemia tinham cessado no início daquele ano. As luzes do palco acesas e a cortina se abrindo. Procurou logo a fileira onde iriam sentar, até que ouviu a apresentadora anunciar quem iria fazer a abertura do evento.

— Nesta noite contamos com a presença de uma bailarina muito especial! Não somente porque ela já estudou em nossa escola quando criança, mas também é uma menina muito talentosa tão quanto a mãe. Ambas nos ensinam sobre perseverança e a nunca desistir dos nossos sonhos! Por isso, apreciem e se emocionem com o solo de Kim Min-chae! — As luzes se apagaram nesse instante e a mulher deve ter corrido para os bastidores.

Segundos depois lá estava ela usando uma legging branca, saia rodada, body em tons amarelados e o cabelo comprido preso em um coque alto. Como alguém poderia parecer tanto com a mãe daquele jeito? A garota parecia flutuar sobre o palco ao som de um Sweet Night tocada por uma orquestra. De repente ele estava lacrimejando ao vê-la dançar com tanta graça. Havia algo de tão pacífico no jeito que ela saltava, rodopiava pelo palco, era quase como se estivesse vendo a mãe dela lutando esgrima com tanto ritmo e paixão.

Então, a apresentação fenomenal acabou e a primeira pessoa que ele viu ficando de pé no meio da plateia para aplaudir entusiasticamente a menina era Na Hee-do. O coração dele faltou sair pela boca. O tremor lhe sobreveio. A música instrumental tinha cessado há poucos segundos, mas ao olhar para ela fez com que em sua mente ouvisse Kim Taehyung cantando:

"Are you my best friend? Feel's like a river's rushing through my mind. I wanna ask you: If this is all just in my head? My heart is pounding tonight. I wonder..."

A mulher tinha lágrimas nos olhos e gritava com orgulho parabenizando a filha. Fazia anos que não se viam pessoalmente. O mais próximo que esteve de alguma coisa relacionada a ela foi há meses, quando anunciou no ano passado, ainda durante a pandemia, que o ex-marido dela havia sofrido um acidente de carro em Paris. Agora ela estava ali sem sequer uma aliança brilhando no dedo ao bater palmas para Min-chae.

Um Diário para Baek Yi-jin (Tatielle Katluryn)Onde histórias criam vida. Descubra agora