Reviravolta - Adaptação Karlena

Capítulo 01 - Necessidade

Kara Zor-El  |  Point of View

Meu nome é Kara Zor-El. Sou filha da cozinheira e do motorista dos Luthor's. Na maioria do tempo eu gosto da minha vida, mas quando Lena aparece tudo muda e eu desejo a morte. Nunca vi uma pessoa gostar tanto de me humilhar. Eu pedi para os meus pais me trocarem de escola, não revelando o motivo é claro, mas Lena lá é o capeta e cercada dos amiguinhos fica muito pior. Ela não é assim com todos, trata minha mãe e meu pai super bem, o problema é comigo mesmo. Só me chama de aberraçãozinha por causa da minha intersexualidade. Os pais dela são um amores, sempre nos ajudaram e nos tratam super bem.

Agora estou sentada na sala, assistindo aos clipes na TV, claro que foi a Dona Lilian que me permitiu ficar aqui, não gosto de me aproveitar, mas minha paixão é a música e ela sabe disso, por isso sempre me convida para assistir, mas dessa vez ela saiu para resolver algo e me deixou sozinha. Ela me chama quando vai tocar piano, ela me ensinou a tocar para falar a verdade e agora tocamos juntas. Ela me pede para cantar e ficamos um tempo na sala de música.

— Olha a aberraçãozinha! Acho que a senzala aqui de casa é lá nos fundos. – Fechei os olhos, absorvendo essas doces palavras e me levantei deixando a sala. — Obrigada por limpar um pouco o ambiente. Tchau aberraçãozinha.

Cheguei a meu quarto, como Lena disse, nossa casa era nos fundos da mansão dos Luthor's e a janela do meu quarto tinha a vista para a piscina. Depois de um tempo sentada na minha cama, olhando pro nada, Lena aparece de biquíni e deitou na espreguiçadeira de bruços. Às vezes eu penso que é pra me provocar, mas ela me odeia tanto, então volto à realidade e me deito fitando o teto. Se ela não fosse tão bonita, eu não me importaria com as ofensas, mas dói cada vez que ela me insulta. Quando os Luthor's me convidam para o almoço ou jantar na casa deles, eu me pego olhando demais para ela, a boca, os olhos e de repente sinto meu peito arder. Não quero sentir isso, além de pobre, ter um amor proibido é demais pra mim. Nem proibido, está mais pra nunca vai ser correspondido. Amor? Porque eu estou divagando sobre amor?

— Filha?

— Oi pai!

— Você já está ai? Não gostou dos clipes?

— Hoje eles estavam chatos.

— Vem me ajudar a fazer um bolo para sua mãe. Ela chega tão cansada.

— Claro! – Fui para a cozinha e o ajudei. — Pai... como você soube que gostava da mamãe?

— Foi bater o olho nela e meu coração disparou. Não sabia no que iria dar, mas a única certeza é que eu tinha que ficar com aquela moça. Porque a pergunta?

— Não sei. Só fiquei curiosa.

— Sei... tem alguma garota na jogada?

— Não pai. Que garota ia querer ficar comigo? Por favor...

— Porque não ficariam? Você é linda e super especial.

— Sou pobre e tenho um pau. Isso é bizarro.

— Você tem que parar de se degradar assim. Não somos tão pobres assim e ter um pau não é defeito. Ainda mais quando ele é grande deste jeito.

— Fale isso pra todos que me chamam de aberração.

— Não importa falar pra eles, se esse preconceito continuar na sua cabeça. Você é meu tesouro Kara! Nosso tesouro e somos muito orgulhosos de te ter como filha.

— Amo você pai!

— Também te amo anjo. Agora vamos dar um jeito nisto aqui, daqui a pouco sua mãe chega e estraga a surpresa.