12 Badaladas ◈ fengqing

3 - A boca não obedece ao cérebro I

Ao dizer aquelas palavras, imediatamente Mu Qing levou a mão à boca e arregalou seus olhos. Ele não tinha intenção alguma de deixá-las sair, na verdade ele iria dizer algo como "sim, estou bem", mas aquilo era uma mentira. E mentiras não podiam ser contadas naquela caverna.

Ele estava mesmo desesperado, com medo do que poderia acontecer enquanto estivesse preso com Feng Xin durante dez dias. Mu Qing se sentia extremamente pressionado e sabia que não tinha escapatória, uma hora ou outra Nan Yang o colocaria contra a parede e o forçaria a falar sobre seus sentimentos. E aquele era o maior medo de Mu Qing.

Ao ouvir aquelas palavras saindo da boca do General Xuan Zhen, Feng Xin imediatamente se encheu de preocupação. Vendo-o daquele jeito, assustado pelo que disse, se aproximou e tentou tocar a mão livre de Mu Qing, mas seu toque foi repelido imediatamente.

— O que... você disse?

Mu Qing queria dizer "nada, eu não disse nada", mas aquilo jamais passou por suas cordas vocais. Ele desviou o olhar e respirando um pouco rápido, soltou as palavras:

— Eu disse que estou desesperado. Estou com medo!

Novamente ele foi pego de surpresa e seu coração acelerou. Ele não queria dizer aquilo, por que infernos sua boca não obedecia seu cérebro?

Imediatamente ele correu para o mais longe possível de Feng Xin, ficando de costas para ele enquanto tremia assustado. Aquilo era muito assustador, não conseguir dizer o que queria que fosse dito, as palavras saindo de sua boca de forma indisciplinada. Mas no fundo, Mu Qing sabia que tudo aquilo era a sua própria verdade vindo à tona, seus verdadeiros sentimentos sendo expostos daquela maneira, o que o deixava ainda mais amedrontado.

Feng Xin não desistiu de fazer aproximação e correu até Mu Qing, observando suas costas trêmulas com preocupação. Seus olhos estavam cheios de sentimentos, entre eles, uma vontade imensa de proteger Mu Qing dos seus medos, mas ele sabia bem que não podia chegar tão perto sem ser repelido por seu amado.

Cuidadosamente, Feng Xin levou uma de suas mãos ao ombro de Mu Qing e o tocou devagar, sentindo os ossos do outro general tremerem enquanto eles faziam contato. Mu Qing não o repeliu, mas sentiu seu corpo se arrepiando por inteiro. Ele não fez contato visual.

— Eu também estou com medo, mas estou feliz de estar aqui — Feng Xin disse, mas logo assustou-se da mesma maneira.

Ele não tinha a intenção de dizer aquelas últimas palavras, por que elas saíram de sua boca?

Mu Qing arregalou os olhos. Feng Xin estava feliz? Como ele poderia estar feliz naquela situação? Por quê?

Ele olhou por cima do ombro e encontrou os olhos assustados de Feng Xin. Aquele contato visual era estranho e muito intenso, os dois estavam assustados com suas próprias palavras e sem entender os motivos para que fossem extremamente sinceros daquele jeito.

— Por que você estaria feliz? — indagou com a voz fraca.

O cérebro de Feng Xin projetou palavras diferentes do que as que saíram de sua boca. Ele queria dizer "eu não sei os motivos para ter dito tal coisa", mas na verdade ele disse:

— Porque estou com você e isso me deixa feliz.

Imediatamente o coração de Mu Qing errou uma batida. Sua cabeça girou rápido e sua boca se abriu, mas nada saiu. Feng Xin estava feliz por estar com ele... o quão inusitado e esquisito era escutar tais coisas? Por que ele estaria feliz ao lado de alguém que só o maltratava e brigava por tantos séculos? Como ele poderia sentir algo assim?

Feng Xin entrou em desespero, ele não queria ser tão direto, ele também temia a rejeição de Mu Qing. Em sua mente, aquele amor adormecido por tantos anos deveria continuar em segredo, pois ele achava que Mu Qing o odiava. Mesmo que depois de mais de 800 anos ele e Xie Lian pudessem ter se acertado, era difícil de acreditar que consigo seria igual. Ele não podia deixar Mu Qing saber sobre seus sentimentos, mas sua boca também não obedecia seu cérebro.