Como se fosse a primeira vez - Emisue

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Susan:

Hoje é 25 de abril, data do meu aniversário de casamento, acho que nunca fiquei tão apreensiva com essa data quanto estou agora — nem mesmo no dia do casamento —, e se a Emily não quiser sair comigo?

Faz alguns dias que não nos vemos, nosso encontro foi tão perfeito e eu não quero estragar essa lembrança indo até lá pra receber um fora, mas hoje é diferente, hoje é o nosso dia.

Queria poder or até lá agora mas ainda são 5:32 da manhã. Essa noite não dormi, como eu poderia? Eu devia estar ao lado de Emily quando desse meia noite para podermos nos beijar e depois ouvir músicas aleatórias enquanto fazemos danças mais aleatórias ainda.

Sinto tanta falta dela, do seu cheiro de perfume francês, do seu riso bobo quando enchia a torrada de geleia e dava a maior mordida possível, sinto saudades de vê-la trabalhar nas estufas, ela ama tanto as flores e se eu pudesse, me transformaria em uma flor. Tenho uma lista de flores que eu seria só para poder cuidar e ser cuidada por Ela.

Eu poderia ser uma Anêmona, para ela saber que sempre irei persistir; poderia também ser uma Azaleia, pois amá-la me alegra todos os dias; quem sabe até uma Camélia, pois sempre serei fiel; mas eu facilmente seria uma Dália Amarela, pois sei que se ela pudesse retribuir esse amor, retribuiria; sem contar a Margarida, porque Emily a tudo para mim.

Mas no momento, se eu realmente fosse uma for, tenho certeza de que seria um Gerânio escuro, essa flor representa tristeza e nesse momento tristeza é tudo o que sinto.

Olho para o relógio em meu pulso e já são 7:54, finalmente posso sair da cama sem que meus pais pensem que não dormi, realmente não dormi mas eles não precisam saber disso, certas coisas precisam ficar apenas em nossos pensamentos. Hoje não tem muito o que fazer aqui na fazenda, ontem meus irmãos vieram aqui e nós adiantamos o serviço da semana inteira.

Ligo para Vinnie para saber de Emily, mas o resquício de esperança que havia no meu peito se vai junto com as palavras de minha cunhada. Emily acordou com um péssimo humor, pior, ela ela acha que está no final de sua adolescência e que namora com um cara chamado Samuel. Eu conheço muito bem esse idiota, ele é apaixonado por Emily até hoje e tenho certeza de que irá se aproveitar do estado mental dela, não posso permitir que isso aconteça. Tem um motivo para eles terem terminado e esse motivo tem nome: Samuel.

Pulo da cama e corro para fazer minha higiene matinal, não sinto fome então passo direto pela cozinha e vou para meu carro, felizmente, Emily contou em vídeo sobre o nosso amor, posso mostrá-lo e tenho certeza de que ela irá acreditar em mim, não irei suportar ver a minha Em com Samuel Bowles, não hoje, não no nosso dia.

Abro o vidro e deixo o vento forte entrar em meus pulmões, hoje está difícil, não saiu sol, hoje só tem neblina e uma possível tempestade ao anoitecer, o que poderia dar errado?

Acelero cada vez mais, se eu acelerar mais um pouco irei quebrar o acelerador, mas não tenho outra alternativa, preciso chegar naquela cafeteria o quanto antes. Samuel me odeia e tenho certeza de que fará de tudo para estragar o dia de hoje.

Começou a chover, droga, agora realmente terei de diminuir a velocidade, não posso arriscar um acidente, preciso estar viva e muito nem de saúde para enfrentar aquele homem.

A chuva se intensifica muito, me forçando a parar no acostamento, nunca me arrependi tanto de morar longe da cidade como me arrependo agora.

— Droga, droga, droga — digo batendo no volante do carro.

Em seguida ouço meu telefone tocar, é o número do consultório de Jane, penso em não atender mas preciso estar preparada para desabafar caso dê tudo errado hoje.