Capitulo 2 MESTRE

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Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... Um som agudo e irritante anunciava o início das atividades diárias. Já haviam se passado dois meses e a rotina agora era executada de maneira quase automática. Ele tinha que se levantar, arrumar sua "cama" e se colocar à frente da porta, que se abria exatamente 5 minutos após o sinal, e todos deveriam sair, ELE NÃO ERA O ÚNICO NAQUELE LUGAR.

Todos os dias quando as portas se abriam, ele ao olhar para a direita podia ver um longo corredor, com muitas portas iguais a dele, todas com alguém em frente exatamente como ele se encontrava. Olhando a esquerda a cena se repetia, porém a fila era um pouco menor, no lado direito, com um pouco de dificuldade e precisando de vários dias, afinal eles não passavam mais de 1 minuto à frente da porta, ele pode contar 44 jovens como ele, suas feições eram de pessoas conturbadas e com muito medo no início, mas mudaram com o passar dos dias, se tornaram mais severas e apareciam com hematomas dia ou outro, havia algumas meninas na fila, que passaram pelas mesmas transformações. Do lado esquerdo ele pode contar 17 jovens, porém apenas uma realmente o interessou, ela ficava na cela ao lado da dele, uma moça bonita, magra alta para a idade 1,75m, cabelo cacheado castanho claro, nos primeiros dias comprido, mas de uma hora pra outra foram cortados como os cabelos de um menino, impressionante comele ainda a achou mais bonita, ela tinha olhos grandes castanhos esverdeados, e não possuía sorriso, Jah havia chegado àquele lugar com um rosto sombrio e tenebroso.

Todos os dias após esse "ritual" eles seguiam pelo corredor até um imenso refeitório onde tomavam o pobre desjejum, lá era expressente proibido conversar, homens vestidos de roupas militares e armados apenas de varas curtas de um tipo de bambu, mantinham a ordem. Uma vez dois garotos resolveram ignorar a ordem e iniciaram uma conversa, foram repreendidos e continuaram conversando, o guarda os atacou com muita violência, mais alguns garotos resolveram intervir, ao todo 8 foram pra cima do guarda e ele sozinho, com todos os presentes no refeitório assistindo, deu uma verdadeira surra nos garotos, os outros guardas apenas olhavam a cena, com certeza rindo por baixo de suas máscaras.

Após o desjejum eles eram encaminhados para uma pista de corrida, no lado de fora da enorme construção medieval que fora usada como prisão em seu auge, e naquele momento era usada como uma espécie de centro de treinamento, eles iam para a pista todos os dias, corriam por 22km em uma trilha de terra nas redondezas da enorme fortaleza de pedra. Após a corrida eram levados a lugares onde aprendiam com os próprios mascarados como fortalecer a mente com meditações específicas, o corpo com exercícios apropriados, e o espírito com uma série de mantras que lhes eram ensinados e deveriam ser repetidos como uma música cantada por um grande coral de jovens vozes, só então lhes era servido o almoço, após muitas horas de treinamentos.

Após 3 meses meses nessa rotina, era nítido como todos os jovens estavam mais fortes e disciplinados, na verdade haviam sido adestrados, e pareciam parte daquele lugar.

Uma tarde após o almoço, todos foram encaminhados a um grande salão que ficava em uma parte da fortaleza onde nenhum daqueles jovens jamais havia sido levado, o lugar era muito amplo, suas colunas eram muito grossas e saiam do chão até o teto sustentando todo o teto que era cheio de desenhos de homens extremamente musculosos e perfeitos, flutuando entre os planetas do sistema solar. Havia um palco em um dos lados do grande salão retangular, duas colunas, uma em cada lado do palco o destacavam a distância, uma grande cortina em um tom de cinza claro enfeitava o fundo do palco e nela havia uma gravura, um dragão negro de olhos vermelhos, que envolvia com seu corpo uma espada na horizontal.

Todos os 64 jovens foram colocados em 4 fileiras com 16 jovens em cada uma, em formação militar como se fossem um verdadeiro exército, estavam de frente para aquele grande palco, até que do lado do palco surgiu um homem vestido com uma roupa igual a dos outros mascarados, porém ele estava sem máscara e sua roupa era cheia de broches dourados pendurados nela, ele caminhou até o centro do palco onde havia sido colocado um microfone preso a um pedestal, deu dois toques no microfone que fez duas caixas de som montadas próximo dali ressoarem um "TUF TUF" grave e bem audível, ele aproximou sua boca do microfone, olhando atentamente para aquelas fileiras de jovens meninos e umas poucas meninas, sorriu e começou seu discurso em tom cordial e amigável:
__ Boa tarde a todos!
Um breve momento se passou e nenhum ruído de resposta sequer pode ser ouvido, ele continuou.
__Vejo que aprenderam bem a lição do silêncio, espero que entendam que isso foi para o bem de vocês, me chamo Aír Kadum Nassír mas todos se dirigem à mim como MESTRE , como podem ver nossa "ordem" é muito antiga, e durante seus muitos anos de existência perdemos muitos jovens que assim como vocês, chegaram aqui assustados e tomaram decisões que custaram suas vidas, Oque foi uma grande perda para nós acreditem, por isso proibimos conversas e isolamos vocês uns dos outros para evitar que por medo do desconhecido vocês resolvessem fazer alguma besteira... Mas acreditem... Assim que essa reunião terminar vocês poderão se comunicar livremente nos momentos em que estiverem juntos. Mas isso não se aplicará aos seus momentos de recolhimento em seus aposentos, nossa "ordem" é uma organização extremamente antiga e discreta, tão discreta, que há quem duvide de nossa existência, todos vocês antes de virem pra cá tinham uma vida sem propósito, eram órfãos, mendigos, ladrões, viciados e outras coisas mais que agora pertencem ao seu passado.

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