Capítulo 1

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CHRISTOPHER UCKERMANN

Sempre fui um cara mais na minha, acredito que por causa da minha criação. Meus pais eram pastores que sempre me orientaram a não cair nos pecados do mundo, eu acreditava fielmente e chegava até a ser bem chato.

Sempre tive pouquíssimos amigos e o único que sempre mantive perto é Alfonso, devido ele ser da minha igreja também, mas nunca deixou de viver nada por causa disso. Apesar dele sempre aprontar às escondidas, meus pais não sabiam e por isso não se importavam de sermos próximos.

Imagine a minha surpresa ao vê-los serem presos, há três anos e meio atrás, por serem donos de um clube de strip que encobria a prostituição de menores. Vi tudo o que acreditava desde pequeno desmoronar ao meu redor e descobri coisas pesadíssimas a respeito dos meus pais. A partir desse dia, deixei de frequentar a igreja e decidi ir atrás dos meus sonhos, eu não fazia ideia de que meu pai me privou de fazer faculdade porque queria que eu assumisse os "negócios de família" no futuro.

Há três anos decidi ingressar na faculdade de administração junto com Alfonso. Passei esses anos todos focando apenas em estudar e aproveitar a oportunidade que o pai de Poncho me deu em trabalhar em sua empresa quando finalmente nos formarmos. Eu era muito grato por ele ter me acolhido após a descoberta de quem meus pais realmente eram.

Meu melhor amigo é o meu oposto, o que eu tenho de tímido, ele tem de comunicativo e popular. Vive em festas, conversa com praticamente todos, mas também se dedica a faculdade e eu realmente não entendo como ele consegue. Ele sempre disse que sou muito certinho e deveria experimentar as coisas boas da vida, mas a única vez que tentei acabei me frustrando.

Tive algumas paixonites na igreja, mas nunca passei de alguns beijos com as ficantes que tive. Tínhamos em comum a vontade de nos guardar para depois do casamento e sempre levei isso muito a sério, mas desde a prisão dos meus pais me questionava até sobre isso, mas na única oportunidade que dei, a mulher estava tão bêbada que acabou passando mal antes que eu pudesse começar qualquer coisa. Entendi que talvez fosse um sinal que não era daquele jeito que eu encontraria alguém.

Óbvio que eu tenho vontades e me satisfaço sozinho, mas até esse ano não tinha encontrado alguém que mexesse tanto comigo a ponto de me deixar louco, como Alfonso sempre relatou sobre as mulheres que ficou. Até conhecer minha professora de Marketing…

Dulce é linda, com cabelos grandes de cores castanhos e mechas loiras. Desde que a vi pela primeira vez, parece que senti o tempo parar. Ok, isso pode parecer patético e estranho, mas foi exatamente o que senti. Ela estava sempre muito sorridente e a explicação dela era incrível, mas eu simplesmente não consigo me concentrar cem por cento em suas aulas, já faz três semanas que estou assim. Não sei explicar o que está acontecendo, nunca tive isso.

— Não vai dizer que está passando na professora de novo? — Alfonso diz chamando minha atenção e eu o encaro confuso — Você está em silêncio há minutos enquanto olha para o nada.

— Ah… — sorri, sem graça — Estava.

— Você precisa fazer alguma coisa, Christopher. Está na hora de agir.

— Como assim? — questiono, confuso.

— Você precisa chegar nela.

— Está maluco? — arregalei os olhos — Eu praticamente não tenho nenhuma experiência com isso. Quando eu chegava era nas meninas que eram tímidas como eu, Dulce é comunicativa e mais velha do que eu… — meu melhor amigo me interrompe.

— Cara, o que não dá é para você passar esse ano e o próximo babando por ela sem conseguir ao menos prestar atenção na aula dela. Você não consegue se concentrar. Christopher, eu sei que o que você passou com seus pais te traumatizou e te fez questionar tudo o que você acreditava até então, mas você precisa se dar uma chance… vai passar o resto da sua vida se privando de viver? Você já saiu da igreja, mas parece que ela não sai de você. Ninguém está falando para você sair pichando os muros da cidade, fumar maconha, cheirar cocaína ou matar alguém. Você se divertir é simplesmente ir em uma festa, beber um pouco ou não beber, se não quiser, dançar, dar uns beijos… se você quiser transar, vai e se não quiser está tudo bem também.

— Eu tento, mas é complicado… não acho que me encaixo nessas coisas.

— Você só tentou duas vezes. Eu só quero que você dê uma chance de conhecer algo que ainda não viveu, mas sem medo como das outras vezes.

— Mas o que isso tem a ver com a professora?

— Você tem medo de chegar nela, da mesma forma que tem de fazer as outras coisas. Tem medo porque nunca se permitiu chegar em alguém que te intimida e por nunca ter feito nada com uma mulher além de dar uns beijos, mas isso não é o mais importante Christopher, porque isso se aprende.

— Você esqueceu de mencionar que ela é nossa professora.

— E daí? O que custa tentar? Vocês são maiores de idade, não há crime nenhum e ela é apenas quatro anos mais velha do que você, só tem vinte e oito.

Suspiro, pensando em tudo o que meu amigo disse. Eu queria ter coragem, mas sei que assim que parar na frente dela, vou travar e certamente passar vergonha.

— Eu não consigo chegar nela pessoalmente.

— Então fale por mensagem ou mostre, se é que você me entende… — ele diz a última parte mais baixo.

Particularmente, eu não entendo muito bem, mas apenas concordo com a cabeça e sorrio.

Passo o resto da noite pensando no que enviar para ela e Poncho me envia o número dela mais tarde, que ele conseguiu com algum amigo ou amiga.

Antes de dormir, seguro um celular antigo em minhas mãos e encaro a tela com a conversa dela aberta, por sorte também tinha um chip que comprei no mês passado e não usei. Ainda não sei o que enviar, mas decidi colocar para fora o que sinto.

Mensagem para: Dulce.
Oi, Dulce. Alguém já te disse que seus olhos castanhos são lindos? Eles brilham de uma forma inexplicável, principalmente quando você está fazendo ou falando do que ama. É algo encantador e é exatamente assim que eu me sinto desde a primeira vez que te vi.

Enviei e senti meu coração acelerar, por um momento também me senti arrependido e quase apago a mensagem, mas me seguro, principalmente quando ela logo visualiza.

Dulce: Quem é???

Christopher: Pode me chamar de seu admirador secreto.

Dulce: Isso não é algum aluno com gracinha, né?

Christopher: Todas as minhas palavras são sinceras, Dulce. Não há brincadeiras e nem a intenção de te prejudicar. Tenha uma boa noite e que amanhã seja um ótimo dia.

Dulce: 😳

Desligo o celular e o deixo em cima da mesinha, ao lado da minha cama. Tenho muitas outras coisas para dizer e espero que ela não se revolte se um dia descobrir que sou eu, mesmo que eu ache impossível, pois não sou o tipo de cara que chama a atenção.

Aqui está o primeiro capítulo! Eu quis trazer um Christopher diferente, espero que vocês gostem

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Aqui está o primeiro capítulo! Eu quis trazer um Christopher diferente, espero que vocês gostem. ❤️

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