Capítulo 4

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DULCE MARIA.

Não sei o que me deu em perguntar sobre o trabalho que passei na última aula para meu admirador, a questão é que eu só tinha passado trabalho para duas turmas e uma delas era a de Administração. A grande verdade é que no fundo eu esperava que meu admirador secreto fosse Christopher, mas não acho que ele é o tipo de homem que gosta de mandar mensagens assim. Na verdade, ele me parece tão focado em seus estudos que não há espaços para se interessar por alguém.

Além de tudo, eu sou professora dele e qualquer coisa que ultrapasse a linha do profissional poderia nos prejudicar e eu não queria isso para nenhum dos dois, mas não posso negar que acho ele tão lindo e com uma vibe diferente dos outros alunos, não sei explicar…

De qualquer forma, essa informação reduziu minha procura em duas salas e essa noite foi inevitável não ficar procurando alguém que me causasse alguma suspeita, mas mais uma vez acabei frustrada… não sei ao certo o que estou procurando flagrar, porém, não vi nada suspeito.

— Professora, você quer ajuda? — Christopher perguntou se aproximando da minha mesa.

Minha aula em sua sala era a última e assim que eu dispensei os alunos todos saíram rapidamente, exceto por ele e seu amigo. Alfonso, encostou na porta o esperando e ele se aproximou para oferecer ajuda.

— Não precisa, Christopher. Não quero incomodar.

O encaro e posso observá-lo mais de perto, seus cachinhos eram lindos e seu sorriso tímido me deixava de pernas bambas. Não sei porque ele mexe tanto comigo, eu quase não o conheço.

— Não é incomodo, você quase caiu com todas essas pastas enquanto vinha para a sala. É perigoso.

— Obrigada — sorrio e ele também. Ele pega todas as minhas pastas e me acompanha até meu carro, com seu amigo junto.

O perfume dele é marcante e eu aproveito cada momento que sinto. Penso em puxar algum assunto, mas acabo me sentindo tímida por seu amigo estar junto. Como se lê-se meus pensamentos, ele fala atrás de nós.

— Christopher, vou ao banheiro, te encontro lá fora depois, beleza?

— Beleza, Poncho. — ele responde e eu mordo meu lábio.

Preciso pensar em algum assunto…

— Você gostou da aula de hoje? — pergunto quando estamos apenas nós dois. Péssimo assunto, eu sei, mas foi a primeira coisa que saiu.

— Claro, sua aula é sempre muito clara, de fácil entendimento — ele responde.

— Obrigada — sorrio.

Seguimos em silêncio até meu carro e ele fica ao meu lado enquanto eu guardo as pastas no carro. Quando fecho a porta de trás, olho para ele e sorrio.

— Quer uma carona ou você vem de carro?

— Venho com meu carro — ele sorri — mas obrigado.

— Eu que agradeço, estava difícil levar essas pastas pesadas.

— Sempre que precisar, pode falar comigo.

— Vou lembrar disso — o encaro mais uma vez, prestando atenção em cada detalhe do rosto dele, mas logo desvio o olhar para não correr o risco de me perder em meus pensamentos e ficar encarando por muito tempo — mais uma vez, obrigada, Christopher. Boa noite! — fico na ponta dos pés e dou um rápido beijo em sua bochecha.

— Boa noite, Dulce — ele responde enquanto seu rosto fica vermelho e seus olhos levemente arregalados. Só então percebo que eu não deveria ter feito aquilo, meu Deus, que constrangedor!

Entro no carro e aceno para ele antes de dar partida e sair. Espero que ele esqueça que isso aconteceu, que vergonhoso da minha parte, mas eu não pensei direito e não resisti…

CHRISTOPHER UCKERMANN

— Cara, o que aconteceu? Christopher? — Alfonso passa a mão na frente do meu rosto e só então desperto do meu transe — Você está bem? Fiquei preocupado quando percebi que você estava estático aqui.

— Ela beijou minha bochecha. — murmuro e não sei se ele consegue escutar.

— Ela o que? — ele pergunta.

— Dulce beijou minha bochecha.

Meu amigo arregala os olhos.

— Poderia contextualizar, por favor?

— Ela me agradeceu e beijou minha bochecha. Parece que ela se assustou após fazer, ela pareceu com pressa após isso e logo foi embora. Mas talvez eu tenha ficado com cara de idiota.

— De idiota eu não sei, mas surpreso com certeza. Acredite, meu amigo, até eu estou.

— Isso não é o tipo de coisa que uma professora faria, não é?

— Pelo menos eu acho que não.

— Será que…? — o encaro.

— Você vai precisar se aproximar mais dela pessoalmente para descobrir.

— Será que eu não consigo descobrir em anônimo?

— Não sei, Christopher. Essa situação deu um nó até na minha cabeça. Te desejo boa sorte, meu amigo!

O desespero bate e eu sinto minha cabeça doer, apesar de ainda estar com o coração acelerado pelo beijo. Qual deve ser o meu próximo passo?

Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora