Capítulo 10 - Parte 1

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CHRISTOPHER.

Encaro meu celular que está na mesa em minha frente e então volto a olhar para a janela do café em que estava. O fato de estar ansioso fez com que eu chegasse ao local que Dulce escolheu, quase vinte minutos mais cedo. Em alguns momentos, vinte minutos passam rápido, mas neste momento não, esses minutos viraram uma hora com facilidade. Eu checava o horário a cada dez segundos e então voltava meu olhar para a janela com a esperança de vê-la chegar logo.

Se eu estava ansioso? Claro que não!

Batuquei meus dedos na mesa, tentando não me irritar comigo mesmo. Quase impossível.

Não precisa ser tão ansioso, Christopher, me repreendi mentalmente.

Respiro aliviado quando vejo seu carro se aproximando e ela o estacionando. Ainda bem que escolhi sentar ao lado dessa janela!

Dulce sai do carro extremamente linda, com um vestido vermelho florido, que deixa seus ombros à mostra. Simplesmente linda, como sempre está, e eu totalmente bobo.

A observo fazer o caminho até a porta do café e quando ela entra, não sei se é coisa da minha cabeça ou realmente acontece, seu cheiro preenche todo o ambiente. É como se naquele momento só estivéssemos nós dois ali, ela veio em minha direção com um grande sorriso nos lábios e quando parou em minha frente, me levantei para abraçá-la.

— Oi, meu admirador secreto — ela brinca antes de me abraçar e eu sorrio.

— Oi, dona do sorriso mais lindo que já vi! — respondo e apesar dela estar sorrindo, percebi que fica extremamente tímida.

Eu havia decidido antes de sair de casa, que não permitiria que minha timidez me prejudicasse nesse encontro. Simplesmente iria fingir que ela não existe, sem deixar de ser eu mesmo, porque se Dulce se interessou por mim é porque ela gosta do meu jeito – e me sinto muito sortudo por isso.

Dulce senta em minha frente e eu sei que terei a mais bela visão nas próximas horas.

— Então é você o meu admirador secreto, senhor Christopher. — Ela sorri, mordendo os lábios.

— Isso mesmo. — Sorrio.

— Tenho uma pergunta em minha cabeça desde a primeira vez que recebi suas mensagens anônimas... Por que eu?

Ela está de brincadeira, não é?

— Você é encantadora, Dulce! Desde a primeira vez em que te vi, me encantei. A primeira vez em que conversamos sobre o assunto da aula, você parecia iluminada de tão animada que estava em poder conversar sobre o tema. Não sei explicar o porque aconteceu, não precisei de muito para me sentir atraído por você. Você é uma pessoa incrível e pude comprovar isso em pouco tempo. Por que não você?

— Não sei. Eu sou tão focada no trabalho que nunca pensei que algum aluno iria se sentir genuinamente atraído por mim, como também nunca imaginei que um dia isso aconteceria comigo também. — Mordo meu lábio evitando um sorriso gigante que queria surgir e a vejo encolher os ombros levemente envergonhada.

— Por que eu? — Faço a mesma pergunta e ela ri.

— Desde o primeiro momento em que te vi, te achei lindo e muito fofo. Você é diferente da maioria dos meus alunos... mesmo sendo mais velhos, eles parecem ser infantis. Com você foi diferente desde a primeira aula, eu percebia que você estava realmente interessado em cada coisa que eu dizia, não que os outros não estivessem. Mas eles pareciam estar no automático, sabe? As vezes em que algum aluno tentou se aproximar, me olhava com malícia e eu me sentia enojada. — Apenas concordo com a cabeça — Além de que, seus cachinhos chamaram muito a minha atenção, não os corte nunca. Não sei explicar direito, simplesmente aconteceu... quando dei por mim estava reparando muito em você e quando recebi a primeira mensagem, torci muito para que fosse você, mesmo não tenho muitas esperanças que fosse.

— Eu pensei que você iria me xingar e me bloquear.

— Não tinha como fazer isso, você foi extremamente fofo desde a primeira mensagem. Hoje em dia não vejo mais atos românticos como o seu, qualquer outro cara me enviaria mensagens picantes ou nudes logo de cara e eu não sou assim, não gosto disso. Não vou negar que desconfiei no início, mas a dúvida me permitiu arriscar para ver no que iria dar.

— Ainda bem que eu não permiti que minha insegurança falasse mais alto, caso contrário não estaríamos aqui agora — Sorrio e ela também.

— Eu realmente agradeço muito.

Interrompemos o assunto quando uma garçonete se aproxima e fazemos nossos pedidos. Dulce pede pão de queijo e um suco de laranja, eu peço um salgado e suco de laranja com acerola. Assim que ela sai, voltamos a conversar.

— Me conta mais sobre você — Dulce pede.

— O que você gostaria de saber?

— Me senti curiosa quando você me contou que não tinha muito costume de assistir televisão. Você é bem religioso?

— Meus pais eram pastores de uma igreja com muitas restrições, cresci sendo proibido de muitas coisas que até então sempre achei normal. Eles diziam que eu deveria ter cuidado para não cair nos pecados do mundo. — Reviro os olhos, me lembrando de todos os sermões que eles davam — Eles sempre viajavam dizendo que estavam indo para um retiro de outras igrejas, a convite de outros pastores. Até que há pouco mais de três anos, eles foram presos por encobrirem a prostituição de menores no club de strip deles. Acredita? — Suspiro — Eu simplesmente vi tudo o que sempre acreditei ruir bem em meus olhos. Meu pai me privou de fazer faculdade para cuidar dos negócios da família, eu achava que ele queria que eu virasse pastor ou algo do tipo, nunca imaginei que por trás de tudo aquilo tinha mais sujeiras do posso imaginar.

— Sinto muito — Ela segura minha mão — Deve ter sido uma situação muito complicada.

— Obrigado — Aperto sua mão — Realmente foi muito complicado, precisei me controlar muito para não perder o controle e me tornar alguém que não sou. Passaram tantas coisas pela minha cabeça que cheguei a pensar que ficaria louco.

— Isso só mostra o homem forte que você é! Nem todos sairiam bem de uma situação dessa, já você deu a volta por cima e foi atrás de seus sonhos. Te admiro muito por isso.

Sinto uma vontade ainda maior de beijá-la em agradecimento por suas palavras, mas sabia que no momento certo poderia fazer. Antes que eu pudesse pedir que ela contasse sobre ela, a garçonete voltou com nossos pedidos e decidi focar em assuntos aleatórios enquanto comíamos para depois perguntar sobre a vida dela. Sei que teremos muito tempo para nos conhecer. 

Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora