(09) eu disse sim

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Aquele corredor estava apavorante.

— Jimin pega logo, alguém vai enfiar a mão daqui a pouco só pra fazer graça — disse Hoseok.

Jimin enfiou a mão na caixa de esfirras que Jin segurava.

Estavam morrendo de fome, porque o semestre estava chegando no fim e isso significava não ter tempo pra nada sem ser relacionado com a faculdade, e isso incluía fazer as compras da república.

Cada um se virava com o que podia para não passar fome até esse período exaustivo passar.

Por sorte, Jimin foi achado pelos dois no corredor.

— Quais são os planos pra hoje? — Jin perguntou.

— Tenho que me preparar pra duas provas e uma apresentação — ele respondeu — Já você, no caso...?

— Tenho tantos relatórios pra finalizar que já sinto dor nos dedos.

Hoseok entrou no meio da conversa.

— Cara, que bom que hoje é sexta-feira — ainda estava mastigando quando começou a falar — Vamos poder resolver esse negócio da comida, porque já estou de saco cheio.

Todos estavam derrotados.

Eles foram andando ainda com as esfirras na mão para a entrada da faculdade.

Hoje é um dia com um pouco de sorte para Jimin por além da comida de graça, teria carona para voltar pra casa mais cedo. Isso era um alívio.

— Vocês já sabem o que vão fazer nas férias? — Jimin perguntou.

— Vou ficar por aqui mesmo — Jin disse — Não vou fazer absolutamente nada se voltar pra casa.

— E eu tenho uma entrevista de emprego — Hoseok falou — Taehyung prometeu que iria ajudar a me preparar, estou torcendo que ele mantenha a palavra. E você?

— Vou visitar minha mãe.

Aquela frase gerou um impacto diferente.

Eles não tinham uma boa relação, e acho que todos já tinham percebido. Jimin sentia na respiração deles que mandavam forças para que ele voltasse inteiro, o que nunca parecia ajudar.

Era um caso complicado de explicar, mas havia algo dentro deles que nunca iria se concertar. Eles seriam um par de mãe e filho quebrados pra sempre.

Às vezes, Jimin acabava pensando que a mãe não gostava realmente dele, que ela se esforçava demais para que ele não notasse, mas era impossível não perceber.

Ele não lembrava que não se davam bem até estar perto dela, quando todas as brigas de sempre começavam e ele tinha vontade de fazer algo tão horroroso que a mãe nunca conseguiria o perdoar. Aquilo eram apenas pensamentos, mas é estranho deduzir que eles não deviam existir. Não com uma mãe.

Tudo o que ele podia fazer era ignorar, ou ao menos tentar, mas fica difícil quando todo mundo parece ter uma boa relação com a família menos você.

Foi com isso ainda na cabeça que Jimin recebeu um belisco na costela.

Ele quase começou a xingar.

— Não é ele ali? — Jin exclamou.

— Ele quem?

— O seu novo namorado.

Devia ser mais uma daquelas vezes em que um urubu sobrevoava a faculdade, procurando os espíritos mortos dos alunos. Essa brincadeira nunca perdia a graça quando se tratava de um amigo próximo, e eles acabavam fazendo bastante.

A Ferida do Pássaro Branco • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora