Capítulo 1: Nick

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   Quando beijei Charlie pela primeira vez, foi como se todas as sensações do meu corpo se voltassem para os meus lábios, e se misturassem ao toque suave e cálido da boca dele.

   Causando uma explosão de sentimentos.
   Sentimentos bons.

   Não sei ao certo como tudo aconteceu, se no momento em que seu olhar me prendeu ao ponto de eu não querer mas deixar de ver aqueles olhos hipnotizantes, ou, no instante em que sua mão encostou na minha, fazendo com que uma onda magnética, fatal e predadora reverberasse por todo o meu corpo. Apenas sei que me entreguei, não a algo relacionado a um desejo malicioso ou porque o momento era propício para eu tirar logo a dúvida se eu realmente poderia gostar de garotos também.
   Não. Foi por querer.

   Porque eu queria beijar o Charlie.
   Porque eu já sabia que era inevitável.
   Porque seus lábios rosados não saiam da minha mente.
   Porque o seu perfume me acompanhava por onde eu fosse, entorpecendo-me.
   Porque o seu sorriso não me saía da memória.
   Porque tinha que ser ele.
   O Charlie.
   O cara mais surpreendente da face da terra.
   O meu namorado.

****

   Sabe a sensação boa que sentimos quando andamos de bicicleta e somos atingidos por uma brisa de vento? Que chega a bater até a vontade de fechar os olhos e apenas sentir o momento? É assim que eu me sinto neste momento abraçado com ele enquanto estou com os olhos fechados e sentindo um sentimento de conforto ao seu lado.

   Charlie está com a cabeça pousada em meu peito, meus braços o envolvem com carinho e cuidado; nossas respirações parecem está sincronizadas. Estamos na praça, a mesma que a algum tempo atrás eu tive receio de beijá-lo enquanto um casal passeava pelos arredores de onde estávamos. Aquele dia foi ruim, tanto pra mim quanto pro Charlie — mesmo que ele diga que não, eu sei que foi ruim também para ele —, mas, hoje quero tirar a marca daquele dia e tê-lo em meus braços sem receio, ou medo.

   — No que está pensando? — Charlie ergue a cabeça para mim, fazendo com que eu abra os meus olhos, que até então estavam fechados.

   O vejo me estudando com aquele olhar doce e hipnotizante, então, sem esboçar hesitação e o surpreendendo, colo seus lábios nos meus e o beijo.

   O beijo repentino o deixa sem reação por alguns segundos, mas logo ele se aproxima mais de mim e se aconchega em meus lábios. O beijo é demorado, cuidadoso e carinhoso.

   A doçura de Charlie é o meu gosto favorito neste momento.

   — O quê foi isso? — ele perguntou logo em seguida, com um sorriso bobo no rosto.

   — Eu só queria beijar você — respondi, pousando um selinho na boca dele. — Não posso beijar meu namorado?

   Ele sorri, e vendo ele feliz, eu também sorrio.
   — Pode, ué — Charlie sussurrou. — Eu só não esperava.

   Ele olha para um lado e outro da praça, vê pessoas passando, vivendo a vida delas, e sorri para mim, vendo que a gente também está vivendo a nossa.

   Olho para seus cabelos cacheados e afogo a minha mão esquerda neles, fazendo um carinho. Meu namorado se arrepia e movimenta a cabeça, gostando do que faço.

   — Só tô fazendo a coisa que eu mais gosto do mundo — sussurro me aproximando de seus lábios de novo.
   Consegui ver outro sorriso na boca dele antes de eu fechar meus olhos e beijá-lo outra vez.

****

   — Nick, é você filho? — minha mãe perguntou quando entrei em casa naquela manhã de sábado. Eu havia acabado de chegar do passeio que dei com Charlie na praça.

  — Sim, mãe. — Respondi, deixando minhas chaves no chaveiro de trás da porta e indo em direção a cozinha, o lugar de onde vinha a voz dela.

  — Tava com Charlie? — ela indagou ao me ver.

  Me aproximo dela e a beijo no topo da testa, e confirmo a sua pergunta. Pelo que noto em cima do fogão e do aroma exalado, o almoço deve estar quase pronto. Estou morto de fome. Volto meu olhar para a minha mãe e vejo um sorriso em seu rosto, e, lindamente, em seus olhos brilhantes.

    — Deveria ter trazido ele para almoçar com a gente — minha mãe comentou —, eu teria adorado.

   — Não pensei nisso — digo, frustrado.

   — Não tem problema, filho. Você pode convidá-lo para ele vir jantar conosco hoje.

   — Tem certeza, mãe? — Solto, com um sorriso de contentamento em meu rosto.

   — Claro, se os pais dele deixarem.

   — Obrigado, mãe! — falo a abraçando. — Você é a melhor.

   Nossa felicidade se espalha pela casa, a risada da minha mãe se mistura com a minha. Parece que o meu receio de falar sobre o Charlie para ela nunca existiu. Como se ela sempre soubesse dele e o amasse assim como eu o amo.

   Ela é a melhor.

   Desde que eu contei a ela sobre o meu namoro e a minha bissexualidade, foi como se nada tivesse mudado, ela age da mesma forma amorosa e carinhosa comigo.
  Tenho a plena e a total certeza de que ela ama me ver feliz.

****

Nick…
“Oi, Char”

Charlie…
“Oi, Nick. Chegou em casa bem?”

Nick…
“Cheguei sim, amor”

Charlie…
:-)

Nick…
“Tá livre hoje à noite?”

Charlie…
“Tô sim. Algum plano pra hoje? :)”

Nick…
“Topa vir jantar aqui com a gente?”

Charlie…
“Na sua casa? Com a sua mãe? Hoje?
#gaypanic”

Nick…
“HAHAHA”
“Sim, porquê não? Minha mãe te adora já”

Charlie…
“Tá bem, lindo. :-)”
“Há que horas?”

Nick…
“Às sete da noite tá bom pra você?”

Charlie…
“Tá sim, lindo. Te vejo a noite :-)”

Nick…
“Mal posso esperar”

Charlie…
“Nem eu, Vida”

Nick…
“Até mais tarde, minha melhor pessoa :-)”
“EU TE AMO”

Charlie…
“Até mais, melhor motivo do meu sorriso”
“EU TE AMO MAIS :-)”


****

   Sinto um quentinho no coração.
   Caio sobre a cama e releio as mensagens que já troquei com o meu namorado. E um sorriso bobo e apaixonado não se segura e aparece em minha boca. Eu o AMO.
  Ah, como é bom estar apaixonado e poder demonstrar esse sentimento a pessoa a quem queremos. É simplesmente surreal.

Heartstopper: Apaixonados [Uma Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora