Capítulo 24: Charlie

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   Durante a adolescência, quando estamos entre as idades de 14 à 17 anos, tudo que nos permeia é a expectativa sobre o encontrarmos o nosso verdadeiro amor. Quem nunca sonhou em receber o "oi" da garota mais linda e popular da escola, ou, como no meu caso, encontrar o príncipe encantado.

   E isso se adere a todos. Porém, quando se é gay, você descobre que não é somente essa expectativa que vai tomar conta da sua cabeça. Existem outras, junto com as dúvidas, que surgem quando acordamos e quando nos deitamos para dormir. Será que poderei amar aquele garoto, mesmo eu sendo um também? Poderemos nos beijar naquele banco da praça que eu acho lindo e um lugar super romântico? As pessoas vão me olhar diferente só por ter um garoto ao meu lado, andando comigo de mãos dadas? Será que Deus continuará me amando se eu me permitir amar alguém?

   No meu caso, foi bem assim.

   Mas eu descobri que apenas vivendo eu poderia tornar essas expectativas em algo real, e saber quais delas me trariam respostas boas ou ruins para as dúvidas que afligiam a minha mente.

   Uma coisa boa que eu descobri vivendo as minhas expectativas foi você, Nick Nelson.

   O garoto mais lindo e especial que poderia existir na face da terra. E é meu namorado, Deus, ele é meu namorado.

   Mesmo eu sendo um garoto, estou amando ele, que é um garoto também. Já fomos em praças, parques de diversões, nos beijamos no meio da rua e andamos de mãos dadas quando passeamos. Os julgamentos das pessoas, aqueles olhares inquisidores de "porque eles são assim?', não tem importância nenhuma, sendo sincero, a menos se eu deixasse de viver a minha vida, o meu amor, para seguir o que eles me instruem a fazer. Porém, não sou bobo de deixar que isso aconteça. E sobre Deus continuar me amando é algo que eu tenho certeza a cada dia. Se ele não me amasse, como se explicaria a existência do Nick na minha vida e a maneira como ele me ama, que preenche o coração apenas com um simples olhar, e que faz eu me sentir o garoto mais especial do mundo. Nick é uma benção na minha vida, e bênção, daquelas bem maravilhosas e surpreendentemente fantásticas, é de Deus.

   Amar o Nick nunca será um erro, já que ele é o acerto mais sensacional que a minha vida poderia ter feito.

   Eu te amo, Nick. Te amo hoje, amanhã e sempre.

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   A semana de aulas terminou com um acontecimento estranho, mais estranho do que o roubo do Favi.

   No dia seguinte à tarde maravilhosa que eu passei ao lado dos meus amigues e do meu namorado e de ter recebido o convite de passar à noite de final de semana na casa dele, eu e o Nick fomos na diretoria avisar sobre o roubo do nosso cãozinho de pelúcia e pedir para revisarem as imagens das câmeras do corredor em frente a sala de aula que aconteceu o furto. No entanto, nos avisaram que alguém, não se sabe quem ainda, danificou o circuito das câmeras de segurança e que as imagens, naquele momento, estavam impossibilitadas de serem analisadas. Mas o supervisor da escola nos garantiu que tudo seria resolvido, já que um técnico fora chamado para arrumar o estrago causado, possivelmente, pela mesma pessoa que roubou o Favi.

   Eu e o Nick achamos tudo aquilo muito estranho.

   — Tem alguém com a cabeça muito ferrada tramando algo contra vocês — foi o que o Tao disse minutos depois de eu e o meu namorado termos saído da sala da direção naquele dia.

   Aquilo me deixou com medo. E aguçou ainda mais a atenção do meu namamorado para as pessoas à nossa volta.

    Jeffrey e Ben principalmente, mas o Harry também se enquadrava como um possível suspeito. Talvez ele quisesse zoar o Nick, ou, a mim.

Heartstopper: Apaixonados [Uma Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora