(19.0) beverly's version

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Richie e Eddie ficaram os próximos dois meses sem desgrudar um do outro; haviam decidido ser apenas amigos, sem nenhuma relação amorosa.

Mas absolutamente todo mundo sabia que eles estavam apaixonados.

Naquele dia, estávamos no quarto de Richie, conversando e fumando - já que Eddie não havia chegado. Mas, mesmo não estando lá, ele era o maior assunto.

— Você não acha que o Eddie está mais bonito? — perguntou Richie, tragando seu cigarro.

— Não percebi — respondi, dando uma risadinha.

— Sei lá, acho que é o corte de cabelo. E ele parece mais feliz.

Ele parece apaixonado, assim como você, pensei. Mas eu não falei isso.

— Realmente.

Logo, Eddie apareceu. Cumprimentou Richie primeiro, beijando sua bochecha, e depois me cumprimentando com um abraço. Ele parecia feliz.

— Vocês não vão acreditar no que eu consegui. Eu voltei para o jornal da escola! — disse ele.

— Sério? Como? Mas você não estava no teatro — Richie fez as três perguntas ao mesmo tempo.

— Eu conversei com a Sra. Kersh e ela deixou eu voltar. Quanto ao teatro, eu vou continuar.

— E nós vamos fazer Les Miserables — completei, me virando para Richie — Eu vou interpretar a Fantine e ele o Marius.

Vi o rosto de Richie perder o sorriso. Marius era um dos poucos personagens de Les Miserables com um final feliz, terminando a peça casando-se com Cosette, e haveriam cenas de beijo, o que com certeza havia o deixado com ciúmes.

Por que eles não admitiam que se gostavam? Era óbvio.

— E hoje e eu tenho um encontro! - digo, mudando de assunto — Com a Mary. Mary Hanscon.

— Uau, eu nem sabia que vocês estavam juntas — respondeu Eddie.

— Nada está rolando ainda, mas eu estou esperançosa.

Ser uma menina lésbica de cidade pequena não era nem um pouco fácil; além da óbvia homofobia, era difícil achar outras meninas que também gostavam de meninas. Mas Mary era uma delas, além de ser incrivelmente gentil e inteligente, e ter um sorriso lindo.

Eddie e Richie me ajudaram a escolher uma roupa, e eu acabei vestindo um vestido rosa-escuro com uma chocker preta e saltos da mesma cor. Em poucas horas, eu já estava pronta e a caminho.

Sinto meu celular vibrar. É Mary, dizendo que já chegou aonde iríamos, uma lanchonete que abrira a pouco tempo em Derry; era bem mais romântico que o diner decadente que eu costumava ir com Richie e Eddie. Mando uma mensagem dizendo que estou chegando e ando mais rápido. Ao chegar, já avisto Mary, com uma camisa de botão branca, blazer e calças pretas.

— Me desculpe pela demora.

— Não tem problema — respondeu Mary — Você nem está atrasada, eu que sou pontual demais.

Nos sentamos e logo fizemos nossos pedidos; peço um hambúrguer e batatas fritas e ela pede um hambúrguer vegetariano. A noite inteira foi muito divertida, conversando e rindo.

— Então, Bev, eu preciso te falar algo... — disse Mary, enquanto íamos embora lado a lado - Eu realmente gosto de você.

— Eu também — e nos beijamos. Um beijo lento e apaixonado.

Durante parte da minha, eu acreditei que ninguém iria gostar de mim; meu pai me considerava uma filha imprestável e a sociedade homofóbica me considerava uma doença. Mas eu não era nada disso. Eu era amada.


enfim, o que acharam do capítulo da Bev? eu achei que seria legal desenvolver sua história, já que ela é uma das minhas personagens favoritas dessa história.

xoxo, vick.

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