Arrelia

14 3 0
                                    

¬ Já estavam a uma certa distância de onde ocorreria a missão e decidiram acampar ali, todos logo se apressaram em realizar suas funções, antes do fim do dia o acampamento já estava montado, animais já estavam dispostos e sendo preparados para a janta e as tendas levantadas. Era necessário ter aquela base para poder planejar os próximos passos e descansar, estavam viajando a alguns dias.

 Durante todo o percurso Ulf se perguntava como seria quando chegassem, sua empolgação era justificada pela pouca vivência real de campos de batalha, talvez sua visão mais fantasiosa interferisse no que ele esperava conquistar ali. Como um soco a realidade bateu em seu estomago ao relembrar o ultimo momento que esteve perante uma guerra, a perca do seu tio e sua inutilização contra esse fato. Novamente a tatuagem ardia em seu braço.

 Os homens se sentavam ao redor de uma fogueira para tomar a sopa que haviam preparado, era um momento raro de risada e historias, parecia uma cultura comum aquelas reuniões momentos antes de colocaram suas vidas a prova. Dali saiam lendas e heróis cultuados como próximos a deuses, talvez fosse verdade em afirmar que o maior desejo daqueles reunidos ali, era ter seu nome divulgado pela terra com canções de seus feitos.

 Guedo mantinha sua posição mais solitária e afastada de todos, estava acostumado com os olhares que recebia, preferia desfrutar da comida e ouvir de longe o que contavam, Ulf entretanto acabou por romper esse ciclo ao sentar-se junto a ele. 

 Despertaram cedo logo após o dia tomar o lugar da escuridão da noite, haviam sido chamados para a tenda principal onde as decisões eram tomadas, lá dentro estava o próprio senhor e seus subordinados mais próximos. Os conselheiros e soldados de frente usavam uma armadura que se destacava dos demais, refletia bem sua posição em relação aos outros, e por mais que tivessem sido convocados, o ar ali dentro parecia de uma tribuna. 

 O garoto não deixou de reparar no cuidado que haviam tido ao preparar aquele lugar, com tapetes bonitos, mesas redondas de madeira polida e sobrepostas com tecidos bordados, vinhos, pães e frutas por todo o lugar que olhava, a cadeira central tinha sido feita ali mesmo, o objetivo não era ser bela como o resto, mas sim que ele fosse o único sentado. Também não seria possível trazer um trono apenas a cavalo, sem carruagens.

- Pois bem vocês dois, nosso assentamento continuará aqui por mais três dias até que chegara a hora de intervirmos no que ocorrerá, até lá, vocês serão nossos olhos e ouvidos lá dentro - Falava a mão direita do senhor, um homem de barba branca e postura rígida, suas cicatrizes no rosto demonstravam o que tinha feito em sua juventude  - Partirão imediatamente e se infiltrarão no vilarejo, vão recolher informação e trazer para cá em seguida, vocês tem duas luas para isso. 

- Devemos ressaltar o lugar hostil que estarão então fiquem atentos, tentem descobrir qualquer informação sobre o exercito inimigo, sua organização, comando, o que causou a intriga, tudo que for útil, serão recompensados a mais quando tudo isso terminar - O chefe dos guerreiros complementou, este era jovem mas seu físico mostrava grande aptidão, com certeza não tinha chegado aquele posto por acaso  - Caso ocorra algo, temos um terceiro homem que os encontrará lá, trata-se de um aliado nosso, ajudará vocês a se misturarem, dará abrigo e alimentação. Não hesitem em avisa-lo caso qualquer coisa saia de controle... - Ele olhou ao redor - Creio que seja somente isso, boa sorte senhores!

¬ Os dois amigos se encararam quando saíram da tenda, Håkon tinha ficado o tempo todo parado apenas os olhando com seus olhos frios, tinham entendido que naquele momento eram apenas peças num grande tabuleiro, cabia agora a eles se moverem conforme ordenado para que tudo saísse de acordo.

 Logo se aprontaram com poucas coisa em bolsas de couro e partiram com o cavalo mais medíocre que tinham, deveriam passar como viajantes e pessoas comuns, misturar-se era essencial. Devido as condições, foi dado a Guedo um documento que dizia ser escravo de um camponês e que acompanhava o menino para que ensinasse sobre comércio e sobre a moeda, tudo conforme o teatro que encenariam. 

A Caçada de HatiOnde histórias criam vida. Descubra agora