POV. GIZELLY
Acordei bem cedo no outro dia e já fui fazer minha higiene matinal, arrumei minha cama, coloquei minha calça jeans, minha camiseta xadrez preta e vermelha e minha bota, fiz um coque frouxo no cabelo e desci até a sala seguindo para a cozinha.
- Bom dia dona Gizelly, acabei de fazer o café.
- Esse seu café é delicioso Clara. disse se sentando e começou a comer um pedaço de bolo junto com o café.
- Bom dia minha neta, bom dia Clara. minha avó desejou ao entrar na cozinha.
- Bom dia vó. respondi.
- Acordou mais cedo hoje, o que foi?
- Marcela vai vir aqui dar uma olhada na estrela pra mim, ele tá meio cabisbaixo.
- Marcela, Marcela... a loira é muito bonita não acha? a mais velha comentou sentando de frente pra mim.
- Sim, ela é linda. afirmei.
- Já percebi os olhares dela pra você, nunca pensou em dar uma chance pra moça?
- Só amizade vó.
- Só amizade beija agora Gizelly? Clara me questionou o que me fez rir negando com a cabeça.
- Tá me espionando agora Clara? a perguntei séria fingindo que tinha ficado brava.
- Não dona Gizelly, mas meu olho não tem cerca né? Nessas idas lá fora eu já vi vocês duas só nos beijão. comentou engraçada me fazendo rir outra vez.
- Já rolou uns beijos algumas vezes, mas não é nada sério, não quero começar algo e dar esperanças pra ela, meu coração já tem dona. falei num suspiro ao me lembrar da minha guria dos olhos verdes.
- A índia né? Também acho que vocês combinam, apesar desses troços dela aí, eu gosto da Rafaella.
- Prefiro a loira. minha avó disse.
- Vamos parar as duas, chega desse assunto, não vou ficar nem com uma e nem com a outra. falei firme tomando meu último gole de café e me levantei seguindo para o lado de fora da casa.
...
Uns 20 minutos depois escutei o barulho de carro e presumi que era Marcela, e era mesmo. Ela parou o carro e desceu caminhando em minja direção.
- Oi Gi, bom dia, tudo bem?
- Bom dia guria, tudo sim e você como está?
- Bem, melhor agora. disse dando uma piscadinha e eu neguei com a cabeça rindo.
- Já tomou café? perguntei.
- Já sim.
- Bom, então vem comigo, acho que a estrela tem alguma coisa.
Seguimos até o estábulo em direção a minha égua. Marcela se aproximou de estrela e começou a examiná-la, primeiro ela fez um exame físico completo.
- Quais está sendo os comportamentos dela ultimamente?
- Comecei a perceber a sobra de comida no cocho, porque ela sempre comeu todo o alimento, quando solto ela no pasto, ela fica só deitada perto da água do cocho ou fica um bom tempo no lago, tá muito cabisbaixa, acho que ela possa está com febre, mas pode estar com dor também.
Em seguida ela examinou a cabeça e o pescoço, palpou os linfonodos submandibulares que ficam debaixo da mandíbula, o tórax e trato gastrointestinal com um estetoscópio e por fim realizou um exame oral, observando boca e narinas.
Marcela levou em torno de uns 40 minutos e aquilo já estava me deixando aflita.
- Bom, ela está com uma leve infecção na garganta o que está causando a febre, por isso ela está cabisbaixa, e ficando muito tempo na água, você vai aplicar fenilbutazona que vai tratar o processo inflamatório, a febre e a dor, e também o desflan, já já ela estará recuperada.
- E por que ela deu essa inflamação?
- Gorrotilho. respondeu e eu já assenti por saber do que se tratava.
- Por ser uma doença contagiosa, você já sabe que deve deixá-la isolada pelo período de 4 a 5 semanas e todos os cuidados de desinfecção devem ser tomados.
- Sei, não tem o perigo de ter passado para os outros cavalos?
- Sim e não, por ela ter ficado mais isolada creio que não, mas vamos avaliá-los. assenti outra vez.
- Obrigada Marcela! a agradeci e ela sorriu de lado.
- Não tem o que agradecer, eu faço meu trabalho com amor, amo cuidar deles.
- Você é uma ótima veterinária, uma das melhores que já conheci.
- Imagina, que isso.
O silêncio se fez entre nós alguns minutos deixando o clima um pouco tenso.
- Vamos ver os outros cavalos?
- Vamos.
Saímos do estábulo e seguimos até o pasto. Marcela levou um pouco mais de uma hora para olhar todos os outros cavalos, e eles graças a Deus estavam saudáveis.
- Obrigada mais uma vez, vamos lá dentro pra acertamos.
- Você pode se acertar comigo de outro jeito gaúcha. ela disse rindo e eu neguei com a cabeça.
- Marcela!
- Um beijo já está de bom tamanho, ou vários.
- Não vamos misturar as coisas guria, gosto demais de você, mas não vai passar de amizade.
- Por que você não me dá uma chance? perguntou segurando meu braço.
- Você sabe quem eu amo.
- A mulher que te usou e pretende te matar. ela disse e eu fechei os olhos respirando fundo.
- Infelizmente eu não mando no meu coração Marcela.
- Deixa eu te fazer esquecer ela. antes que eu pudesse dizer algo, ela avançou sobre mim e me beijou, cedi no primeiro momento.
O gosto do beijo de Marcela era bom, mas não chegava perto do gosto do beijo de Rafaella, não tinha o encaixe perfeito. E ali não existia química nenhuma.
Afastei Marcela de mim e sai andando.
- Isso é errado.
- Errado por que? Eu gosto de você Gizelly.
- Eu sei que o sinto por ela não vai acabar assim tão fácil, por isso não quero te dar falsas esperanças, você pode sair machucada dessa história se eu não te corresponder, vamos continuar apenas na amizade. pedi e ela fechou o semblante passando por mim.
- Tudo bem Gizelly, só amizade.
Seguimos até minha casa e eu peguei o dinheiro e lhe paguei pela consulta.
- Obrigada.
- Quando precisar, tem meu número. assenti.
Antes dela ir, minha avó a convidou para almoçar com a gente, mas ela recusou dizendo que tinha mais trabalho lhe esperando. A agradeci mais uma vez e ela se despediu indo embora.
Marcela havia ficado chateada comigo, mas eu não podia me envolver com ela amando Rafaella e agora nem era o momento certo de algo com outra pessoa.
...
A loirinha até tentou né, mas o coração da gaúcha já tem dona. 😎
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A Maldição da Índia
FanficNos arredores do Rio Araguaia uma maldição indígena foi lançada em 1845. A praga foi rogada por conta de um romance entre Antonia e o índio Apoena, que se conheceram durante um ataque indígena à fazenda dela. Os dois se apaixonaram e desse romance...