Capítulo Cinco: Fuga de realidade.

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Esperei pacientemente todos os criados adormecerem e fui cuidadosamente procurar a chave para a porta principal de entrada ou saída da mansão. Como esperado, ou não, a chave estava com Lilly, ela sempre foi a criada de maior confiança por papai e mamãe, então acho que não deixou-me surpresa. Eu estava nervosa, sabia que o que estava fazendo era errado, muito mais do que errado, porém eu precisava daquilo, precisava ser livre, mesmo que por poucas horas, ou dias. Peguei a chave e abri a enorme porta, coloquei o objeto dentro da capa e sai.

O vento batia em meu rosto, estava gelado, mas aquilo me deixava feliz e me agradava. Eu me sentia como um lindo passarinho logo após ser liberto daquela droga de gaiola, eu finalmente tinha a liberdade que eu tanto queria. Comecei a correr, animada, em direção a minha tão merecida liberdade! 

Eu tinha pouco tempo, ninguém podia perceber que a chave sumiu e que eu havia sumido junto. Tentei fazer um cálculo sobre quanto tempo eu poderia me aventurar pelas ruas cinzas de Londres, não poderia passar de duas horas, caso contrário, poderia ser pega. Certo, onde eu poderia ir primeiro? Pelo o que eu saiba há uma floresta não muito longe da mansão dos meus pais, eu nunca fui lá, eles viviam dizendo que florestas não são lugares apropriados para damas, por isso sempre os obedeci, porém, eles não estavam comigo! Segurei o capuz para cobrir minha cabeça, nem sei o que poderia acontecer comigo caso me reconhecessem, por isso, preciso ser o mais discreta possivel. Estava frio naquela noite, e eu não vim preparada, embora aquela capa fosse quente e comprida - tão comprida que encostava no chão - não me protegia cem porcento do frio, o que fez com que meus dedos gelassem rapidamente e eu começasse a tremer, mas aquilo não era paríl para me fazer voltar! Quanto mais eu andava, mais o frio aumentava, eu tinha chances altas de contrair um resfriado, porém aquilo não era importante. 

Comecei a olhar atentamente aquela floresta, ela era muito bonita e com certeza também tinha chance de ser perigosa, porém eu não me importava e continuei caminhando. Meus olhos encontraram uma enorme mansão não tão longe dali, fiquei confusa, por que alguém moraria no meio da floresta? Meu instinto curioso resolveu se aproximar um pouco mais, dando passos sorrateiros para perto da mansão. Parecia ainda mais bonita, quanto mais eu me aproximava, e também, estranhamente familiar, eu sentia que conhecia ela de algum lugar, mas pensei que fosse uma paranoia, afinal, eu costumo pensar muitas coisas esquisitas. Mas aquela sensação não passava, era a mesma sensação que eu sentia quando me lembro do garoto de cabelos azuis dos meus sonhos, será que . . . 
— AA! QUE DROGA!
Escutei uma voz masculina e rapidamente me escondi atrás de uma árvore, será que me viram?!
— Jovem mestre, o que já lhe disse sobre seu vocabulário indecente? — Uma voz masculina um pouco mais grossa surgiu de repente. Aos meus cálculos, deve ser um mordomo.
— Pouco me importa, Sebastian. Agora, vamos logo, eu quero dormir.
Espiei os dois de forma discreta. Um deles era bem baixinho e utilizava um chapéu e por algum motivo não conseguia enxergar sua face, já o outro era alto e possuía cabelos negros, devia ter uns. . . 25 anos? O mais alto ajudou o baixinho a subir na carruagem e logo em seguida fez o mesmo. A voz daquele baixinho me parecia tão. . . Familiar. Tentei pensar de onde poderia conhecer aquela voz, embora tenha sido em vão, eu havia achado aquela voz muito bonita.
 
Durante todo o meu trajeto de volta para casa, a sua voz ecoava em minha cabeça, como uma melodia, e aquilo, de alguma forma, deixou-me feliz. Aah! Tudo bem, S/n! Hora de dormir.

Garoto Dos Meus Sonhos [♡] Ciel PhantomhiveOnde histórias criam vida. Descubra agora