Eu sempre tive essa sensação de solidão, mas nunca me incomodou muito. É como se fosse parte de mim. Eu tinha colegas de escola, mas nunca foi algo fixo, nunca foi amizade.
Com o tempo e com a necessidade que vem com a pré-adolescência, comecei a buscar ter um grupinho e eu consegui, por incrível que pareça, mas precisei sufocar a mim mesma para isso. Foi o momento em que eu me perdi e demorou tanto até eu me achar de novo. Foi preciso uma pandemia, o isolamento.
Só que junto vieram as inseguranças que eu tinha enterrado lá no fundinho da minha mente, elas voltaram com tudo. Consegui ficar bem por um tempo, pelo menos a minha definição de bem, mas tiveram dias em que eu não conseguia sair da cama. Eu sentia o peso do mundo, tinha todas as preocupações possíveis vagando pela minha mente, não sabia quem tinha entrado na minha vida para ficar, assisti pessoas importantes indo embora, vi tudo mudar de novo e, dessa vez, eu não tinha controle algum.
Depois dessa fase, eu resolvi me reinventar. Menos contato humano, menos interações, mais música, mais risadas sozinhas, mais conversas comigo mesma, mais livros, mais filmes, mais momentos com a família, aceitação, estudo, liberdade. Dentro da minha bolha, do meu pequeno mundinho, posso ser quem quiser. Talvez, esse seja o momento em que experimento o verdadeiro Eu.