Primavera

32

Penélope

Penélope sabia que uma hora ou outra ela e Colin teriam que conversar com os pais delas e qual seria a reação deles a isso. Sabia que eles gritariam com ela, diriam que ela era uma filha ingrata, que estava fazendo aquilo por causa de homem ou que agora que tinha um pouco mais de condição financeira estava desprezando aqueles que a criaram.

Ela sabia que tudo aquilo era mentira, sabia muito bem o porquê de estar fazendo aquilo e não se arrependia nem um pouco de sua decisão. Mas eles sabiam mexer com a sua cabeça. Eles sempre sabiam como entrar na sua cabeça e fazer com que ela duvidasse de si mesma.

Quando chegaram na sala, seus pais e irmãs estavam jogados no sofá, como se fossem as donas da casa. Ela não tinha nenhum problema com aquilo, as amigas e cunhados também faziam aquilo, porém, não na primeira vez que foram até o lugar.

- Onde vocês estavam? - A mãe perguntou parecendo nada interessada naquilo.

- Já foi uma anfitriã melhor, Penélope - Seu pai disse com aquele tom depreciativo que sempre usava para falar sobre ela.

- Eu estava conversando com a Felicity - Ela sentou-se na poltrona próxima aos sofás - E, na verdade, eu acho que vocês deveriam procurar um hotel.

- O que? - Prudence deu um daqueles seus gritinhos agudos.

- Vocês está expulsando seus pais da sua casa? - Seu pai já estava se levantando e apontando o dedo para ela - É tudo por causa desse homenzinho, né?

- Não, senhor Feathering, eu não tenho nada haver com essa decisão - Colin disse se levantando e olhando no fundo dos olhos do sogro - Nós, os moradores dessa casa, achamos que não terá espaço para todo mundo aqui.

- Nós podemos dormir nesse sofá mesmo, não importa - A mãe de Penélope parecia buscar uma solução.

- E, se me deixam continuar - Colin ainda estava olhando para o pai dela, que o olhava sem piscar - A Felicity não se sente confortável com vocês aqui.

- Tá me dizendo que a MINHA filha não se sente confortável, comigo? - O pai dela agora estava gritando para Colin - Ela não deve se sentir confortável com você, que não é nada dela. Na verdade, se bobear, você deve fazer algum mal para a minha filha.

- Eu não faço nenhum mal para a sua filha, pode ter certeza disso. Para nenhuma das duas.

- E eu também não - O pai dela gritou para Colin.

- Ninguém está dizendo que você faz mal a Felicity, pai - Penélope disse entrando no meio do pai e do namorado, com medo de que a partir dali surgisse uma briga mais física - Só estamos dizendo que ela não quer que vocês vão fiquem aqui e eu vou cumprir as vontades da minha irmã.

- Você tá fazendo muito as vontades dessa menina, vai acabar ficando uma daquelas meninas chatas e mimadas.

- Não, pai, ela não vai ficar uma menina chata e mimada - Penélope estava cansada de tudo aquilo e só queria que acabasse - Só não vai ter que passar por coisas que não quer. E se ela não quer vocês na casa dela, vocês não vão ficar na casa dela.

- Quando você chamou esse daí pra morar aqui, pediu a opinião da sua irmãzinha?

- Na verdade eu pedi sim.

Seu pai parecia chocado com aquilo, não estava esperando que a resposta de Penélope fosse afirmativa. Colin, que estava visivelmente mais calmo, virou para os pais dela e continuou falando.

- Nós não queremos brigar com vocês, só não queremos que a Felicity fique desconfortável na própria casa - Ele estava mais calma e aquilo acalmava Penélope também - Vocês podem passar o dia aqui e depois ir para um hotel, podemos ajudá-los a achar um hotel. Sem problema nenhum. Só achamos que todos nós ficaríamos muito apertados aqui.