Cap. 02 - Não vou te deixar

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A mesinha no meio da sala, estava lotada pelas latinhas de cerveja, a grande maioria já vazias.

Manjiro ainda degustava lentamente seu segundo copo, observou Ryuguji jogar a cabeça pra trás com uma latinha na mão.

─ Eu... Sou um fracasso no amor... ─ Mumurou pela quarta vez o mesmo assunto fazendo o amigo girar os olhos e suspirar.

─ Porque acha isso? ─ Manjiro perguntou, mesmo sabendo que a resposta seria "eu nunca dou certo com ninguém!" "Elas dão um chute na minha bunda e o motivo é sempre tão vago!". Motivo vago... Hein... Manjiro sorriu tomando mais um gole.

Ryuguji após ouvi-lo, respondeu no modo lento embriagado:

─ Porquê... eu sou muito discreto nessas coisas, sabe?... Não tomo iniciativa, a pessoa acaba pensando que eu não quero nada... Porra!! Não é que eu não queira beijar, como vou adivinhar que a pessoa também quer? Não tenho uma bola de cristal, okay!?

Ele havia alcançando os limites do álcool. Falando o que pensa e agindo de maneira instantânea, mas desta vez ele falou muito mais do que poderia falar quando está sóbrio, o que deixou o outro curioso.

Manjiro bateu as mãos na mesinha para apoio e se inclinar próximo a Ryuguji, seus olhos demonstravam o quanto estava animado.

─ Tem mulheres que são passivas e gostam que venham até elas, porque você não toma iniciativa?

Após aquela pergunta, Ryuguji pensou um pouco mas não respondeu, ao invés, depois de quebrar o contato visual, ele virou o rosto tampando com a mão a região da boca.

─ Bem... Não tem nada haver com tomar iniciativa e sim com o que a pessoa vai pensar, tipo, é melhor ter o consentimento... Vai que ela não esteja preparada...

Sério? Manjiro nunca entenderia o que se passa na cabeça de Ryuguji. É só um beijo, não uma transa. Ué?

─ Então você vai olhar pra pessoa e perguntar, "posso te beijar?" É? ─ Manjiro encarou ele com descrença. ─ Mano, quantas vezes você acabou com o clima? Porque não me pediu aulas?

─ Não acabei nenhuma vez! Deu tudo certo, ok? ─ Rebateu confiantemente. ─ Ah... Eu sou muito... Sei lá!

─ Concordo. Você é muito"sei lá".

Pousou o copo na mesinha depois olhou para Ryuguji, este que estava levemente corado, talvez pela bebida. Foi praticamente a primeira vez que o viu daquela maneira, quase nunca bêbe para ficar "louco" e nunca o viu ficar tão envergonhado ao ponto extremo de suas bochechas ficarem vermelhas... É um pouco fofo.

─ Eu não quis ser assim, acredite!

─ Eu acredito.

A conversa rolou por um longo tempo, Ryuguji lamentando seus fracassos amorosos e Manjiro vez ou outra rindo dele.

─ Ah, foda-se! Vou focar no trabalho! O amor é uma droga!─ Ryuguji exclamou bastante determinado, levantando a cerveja para o alto.

─ Certo! Certo! ─ Manjiro também levantou o copo para encostar na latinha, brindando a meta do amigo e criando um objetivo: ─ Viva o dinheiro!

─ É! Viva o dinheiro!

Quando percebeu a latinha vazia como todas as outras que foram consumidas rapidamente, fez uma expressão emburrada, o centro franzido como se estivesse irritado. Manjiro ao olhá-lo ficou cismado.

─ O que foi? ─ Manjiro perguntou inclinando o corpo, sua mão ergueu-se inconscientemente para desmanchar com o polegar as linhas entre as sobrancelhas de Ryuguji. ─ Seu rosto é tão lindo, pare de franzir a testa!

SÓ VOCÊ NÃO SABEOnde histórias criam vida. Descubra agora