Olhem-me, sou Moçambique de cinco cores.
Sou a Marrabenta
Embalada pela capulana,
Na melodia do Mbila,
Entoada nas línguas bantus.
Sou a caneta de Craveirinha,
De onde saem as mais nobres poesias.Olhem-me, sou o Brasil de multicores.
Sou o verde e amarelo que tremula na bandeira,
Rodando com o Carimbó,
Pulando na alegria do Frevo,
Transformando mil Brasis em um só.
Sim, sou o cajado de Gungunhana,
Alvo pintor do nosso futuro,
Exposto na tinta preta de Malangatana
Que escorre entre as linhas da sabedoria,
Pois sou Eduardo Mondlane.
Sim, carrego em minhas veias
A coragem de Maria Quitéria,
Bordada em cores tão vivas
Quanto às de Tarsila,
Ressaltada em versos tão doces
Como os de Cora Coralina.
Olhem-me, sou Moçambicano
Mascarado pela m'sira,
Escondendo a tristeza
No meu semblante Macua,
Esculpida pelos exímios Macodes da minha cor.
Sou o Tsonga, o guardião da minha nação,
Pois eu sou Musa Al Bik,
Aliás, Moçambique, por favor.
Olhem-me, sou Brasileira cheia de graça,
Eternizada nas notas de Tom Jobim.
Sou personagem, sou natural,
Sou real, como Machado de Assis.
Sou o orgulho e o amor
Que hoje viajam pelo mundo
Nas asas de um 14-bis.
Sou o fruto de um país tropical
Que oferece ao mundo o seu melhor astral.
Olhem-nos, somos terras distantes,
Clima constante,
Conectados pela língua
Perdidos numa bússola histórica,
Nos deixando sem rumo,
Poeticamente soltos pelo mundo.
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Do Céu ao Inferno: De Terras Distantes
Poesía• Destaque do mês de Julho/2022 do @WattpadpoesiaLP NB: Página oficial de Wattpad dedicado aos escritores de poesias. • Íntegra na lista de "Melhores histórias de 2022" do perfil @AmbassadorsPT _______________________________ Há séculos, os portug...