𝙊𝙐𝙍 𝙇𝙄𝙏𝙏𝙇𝙀 𝙊𝙉𝙀

twenty: the only woman.

EMMA FISHER LEBLANC.

Era a véspera da nossa lua de mel e eu chamei Sabrina para me ajudar a arrumar as malas, ainda não vi Tayler hoje, pelo o que Max me disse ele foi bem cedo para a empresa porque Íris precisou fazer uma reunião de emergência.

No meu primeiro dia de casada meu marido não estava comigo, não acordamos juntos como a maioria dos casais e eu não poderia estar mais realizada.

Sabrina estava jogada em cima da minha cama, tiramos todas as minhas roupas do closet para ter uma visão melhor das poucas coisas que eu tenho.

Eu não sou muito de usar biquínis, mas os que eu tenho são perfeitos e me favorecem muito. Separei os meus melhores óculos de sol e tudo que precisava para levar na viagem.

- Pegou protetor solar? - Escuto a pergunta de Sabrina enquanto estou no banheiro pegando os produtos de higiene pessoal.

- Sim, mãe. - Pelo espelho vejo Sabrina revirar os olhos e dou uma risada, ela me fez várias perguntas como essa.

- Falando em mãe, o que a sua achou sobre a viagem? - Sua pergunta não me causa uma boa sensação, minha família não estava sendo minha prioridade por agora. - Não me diga que você não contou. - Desvio o olhar do espelho onde eu conseguia ver Sabrina.

- Quanto menos envolver minha família nessa mentira, melhor. - É a minha única resposta, sem mais e nem menos.

- Mas é importante avisá-los que você está saindo do país. - Reviro os olhos porque eu sei que no meu lugar ela faria o mesmo, ou pior. - Você tem os seus pais do seu lado, independência de tudo eles sempre vão estar com você. - Me sento ao seu lado na cama e encosto a minha cabeça em seu ombro.

- Eu tenho tanto tanto medo de decepcionar quem eu mais amo. - Respiro fundo tentando controlar as minhas emoções e não desabar no choro.

- Eu te amo e estou orgulhosa da mulher que está se tornando, nunca passou pela sua cabeça que está fazendo tudo isso para ajudar uma pessoa? Seu coração é tão bom que moveria montanhas para ajudar alguém que você nem conhece. - Suas palavras me confortam muito, eu passei tanto tempo me perguntando o que estava fazendo aqui que não pensei que o meu coração era o real motivo.

- Obrigada por ser a minha pessoa. - Olho para Sabrina sorrindo, sim, nós somos as maiores fãs de Meredith e Cristina.

Não demoramos para deixar o momento reflexivo de lado e voltar a arrumar as coisas. O casamento ocupou todo o meu tempo nos últimos dias e isso estava atrapalhando o meu desempenho na empresa, poucas vezes eu conseguia ir trabalhar e de acordo com o que Sabrina me contou, isso causou alguns burburinhos.

Estou orgulhosa de mim por não se importar nem um pouco com isso, eu sei que não vai ser assim para sempre, depois da lua de mel o que meu maior foco vai ser o trabalho e correr atrás dos meus sonhos principais.

Agora sem Sabrina, estou sentada na cozinha comendo um pratinho de mac n' cheese, também aproveitei para dispensar todos os funcionários para curtirem o resto do dia.

- Não tinha nada pior para você comer? - Meu corpo pula do banquinho que estava sentada assim que escuto a voz de Tayler. Mais uma vez o deboche estava presente em seu tom de voz.

- Se você soubesse o quanto está bom...- Respondo dando mais uma garfada no meu jantar. - É melhor não saber mesmo, assim sobra mais para mim. - Vejo um sorrisinho em seu rosto.

- Prefiro as minhas panquecas. - Sorrio com o seu comentário e me lembro da primeira vez que ele fez para mim. - Por que dispensou os funcionários? - Me surpreendo com o seu humor, eu jurava que ele iria me matar por fazer isso.

- Eles precisam de um tempo para família. - Não digo mais nada, acho que não existe uma razão melhor. - Como foi a reunião? - Pergunto notando o cansaço em seu rosto.

- Foi rápida, passei mais tempo resolvendo alguns detalhes da nossa viagem. - Levanto as sobrancelhas, ele tinha passado muito tempo fora de casa. - Por que essa cara?

- Nada. - Engulo seco. - Eu vou para cama, precisamos acordar cedo amanhã. - Me levanto para deixar o prato na pia e era justamente onde Tayler estava escorado.

- Você está naqueles dias? - Faço questão de olhar feio em sua direção. - Estou perguntando porque a sua mudança de humor foi ridícula agora. - Franzo a testa com a sua crítica.

- Eu não me importaria se você estivesse saindo com outra mulher. - Respondo assim que dou as costas, a minha tentativa é falha porque ele me puxa pelo braço assim que tento me afastar.

É um casamento falso? Sim. A minha principal condição foi não se envolver com mais ninguém? Também.

Eu não amo Tayler, mas ser uma mulher traída diante a todo o país era a última coisa que eu precisava em minha vida agora.

- Se eu falei que estava resolvendo alguns detalhes da nossa viagem, eu realmente estava. - Não olho para o seu rosto, porque realmente não consigo. - Qual foi o nosso combinado, Emma? - Minha bochecha começa a queimar assim que percebo que minha língua me colocou mais uma vez em uma situação indesejada.

- Essa parte do nosso acordo foi ideia minha, inclusive na época você lutou bastante para eu mudar a minha opinião. - Começo a falar e não demora muito para Tayler revirar os olhos. Aquilo me deixaria louca em outras situações. - O que te impediria de mentir para mim? Eu não vejo motivos. - Completo vendo ele me soltar aos poucos.

- Eu sou um homem de palavra, esse é o principal motivo. - Quando finamente meu olhar encontra o seu, vejo que em seus olhos não tem nada, ele não expressa muitas reações.

- Nós não temos nada, Tayler. - Digo para ele e recebo uma risada baixa e irônica. - Vai me dizer que nunca passou pela sua cabeça ter uma mulher em suas mãos durante todo esse tempo? - Pergunto tentando encontrar uma distância maior entre os nossos corpos.

- Claro que passou, Emma. - Seus olhos quase me penetram, eles estão em um tom de azul escuro hipnotizante.

- É isso, você tem suas necessidades. - Cruzo os meus braços e me encosto no balcão, tornando minha pose mas séria por mais que minhas palavras carregam um tom de deboche.

- A única mulher que eu tenho pensado é você. - Meu coração acelera e ele imita a minha pose, meu corpo gela e eu me sinto em um beco sem saída.

Não quero conversar sobre sentir atração por ele e muito menos sobre o fato de que precisamos fazer um filho.

- Engraçado isso, não? - Respondo e ele franze a testa me fazendo sorrir. - Você me chamou de feia bem no dia em que eu me mudei para cá. - Finamente encontro um momento certo para jogar na sua cara algo que me chateou por dias.

- Você fica inventando milhares de motivos para me dar um fora, isso é tão vergonhoso. - Minha risada escapa, reviro os meus olhos e não demoro para me retirar da cozinha.

Por um minuto eu penso como queria que ele fosse atrás de mim, mas eu lembro que estou lidando com Tayler. Agradeço por Luca ter saído da nossa casa e vou até o meu quarto, finamente descansar.