CAPÍTULO DEZ¹⁰

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Acabo me obrigando a dar risada da piadinha sem graça de papai, clicando algumas vezes na tela, pela quinta vez nos últimos seis minutos, apenas para não ter recebido lembrete nenhum, muito menos mensagem de Liam.

Ele não me responde desde ontem.

Depois que ele terminou de se arrumar, não pensou muito antes de juntar suas coisas, gritar um "Isso tudo é demais para mim!" e, simplesmente, me deixar sozinho com os livros. Me obrigando a inventar uma desculpa qualquer para tia Natalie assim que ela chegou a biblioteca e me viu arrumando as coisas sozinho.

— Então... — papai sorri para mim, enquanto volto a bloquear o celular — Quer me contar o que está acontecendo?

Olho para a porta da cozinha, não enxergando nem o vulto de Alec, Malia, Cora ou Laura. Eu sou capaz de beijar os pés de Derek se ele aparecer, isso porque ele mora em Londres com Braeden e o pequeno Eli.

— Não esta acontecendo nada.

Declaro, voltando meus olhos para o celular assim que ele treme em cima da mesa, ponderando se posso ou não liga-lo, já que papai parece estar me desafiando a fazer isso com o olhar. Intercalo os olhos entre os dois, antes de meu pai simplesmente mergulhar para a frente e pegar o aparelho de cima da mesa, antes que eu tenha tempo de sequer mover a mão.

— Não! — grito, tentando pega-lo de volta.

Peter, porque nesse momento ele não merece o título de pai, ignora. Erguendo-se da cadeira com o celular na mão, enquanto imito seu movimento, passando os olhos pela mesa, sem saber qual é o jeito mais fácil de tirar o aparelho de sua mão.

— Duas palavras: invasão de privacidade. — aviso, a mão estendida.

— Foi quatro palavras. — responde como se fosse a pessoa mais inteligente.

— O senhor não sabe a senha. — declaro, cruzando os braços, movendo-me o mais lento possível para o lado.

— Não? — debocha, o dedo curioso em cima da tela.

— Pai...

Papai sorri para mim, girando o corpo, me fazendo avançar para cima dele, apenas para nós dois estarmos no chão, como a porra de duas crianças e ele não satisfeito, ainda rola nossos corpos com uma agilidade até então desconhecida, erguendo-se do chão e correndo escadas acima.

— Pai! — berro, correndo atrás dele, passando do lado de Laura, ganhando um franzir de sobrancelhas — Se o senhor fizer qualquer coisa, eu irei matar o senhor e nem a tia Talia vai conseguir te reconhecer.

Peter se embrenha dentro do banheiro do corredor, mas não consegue fechar a porta completamente, nos fazendo parecer duas crianças empurrando a porta para ver quem ganha. Alexander sai de seu quarto, passando a mão pelo rosto, meio sonolento, antes de nos ver, seguindo para meu quarto na paz do mundo, como se fosse um dia normal na mansão. Malia também aparece, conversando no celular, sorrindo para mim.

— Ele tá com seu celular?

Confirmo, deixando Peter ganhar, apenas para empurrar com mais força a porta, o fazendo se desequilibrar, ouço quando seu joelho bate no chão e ao invés de olhar para meu celular, estou ao lado dele com medo de ter o feito bater a cara no vaso. E a droga do papai está rindo, me fazendo fechar os olhos por alguns segundos, antes de rir também.

— Vocês são estranhos.

Malia declara da porta.

— E eu preciso de carona.

Alexander também aparece na porta, os cachos ainda rebeldes, mas o rosto mais decente.

— Vamos, Theo!

(NÃO) SE APAIXONE | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Onde histórias criam vida. Descubra agora