CAPÍTULO VINTE E DOIS²²

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Isaac está no sofá quando abro a porta, pulando numa velocidade surpreendente e, pela primeira vez em muito tempo, não sinto vontade de pular em seus braços como normalmente.

Isaac é meu irmão. Droga, por muito, muito, muito tempo foi meu melhor amigo. E tudo mudou apenas porque ele se envolveu com Brett. Ele começou a trancar a porta. Ele começou a me isolar. Ele me obrigou a procurar mais Nolan e Mason. Mas isso não importa, o que importa é que ele jurou.

Ele mentiu para mim.

Eu perguntei se era verdade, ele negou e depois proibiu o assunto, como se fosse uma ofensa pessoal supormos que podia ser verdade.

Céus.

Um garoto qualquer me surrou.

Eu apanhei por Isaac. Apanharia mais dez mil vezes, mas o ponto não é esse. E ele continuou a me mentir. E a única coisa que consigo ver ao olhar para o meu irmão é traição. Simples e pura.

— E aí? O que o diretor disse?

Me enerva que Isaac queira falar do direito ao invés de me explicar o motivo de ter corrido para ajudar Josh ao invés de vir até mim.

Ele escutou o que o merdinha disse. Mas ele continuou lá, empurrando Scott e recebendo ajuda de Brett para socorrer Josh Diáz.

— É verdade não é?

Minha voz sai cansada de uma maneira que nem eu esperava. Isaac pisca, parecendo confuso.

— Você, Josh e Brett... — explico sem vontade nenhuma, o vendo abrir um pouco mais os olhos em compreensão antes de assumir uma feição mais seria.

— Não deve escutar comentários maldosos sobre mim.

Sinto meus olhos aguarem e sei que Isaac tem certeza do que estou falando. Percebo como seus ombros parecem cair, uma tonelada tendo sido posta em cima deles.

— Quem te contou?

Claro que o idiota de seu irmão mais novo nunca descobriria sozinho, ele ficou um ano no escuro por estupidez de qualquer forma. Dou um passo para trás, quando Isaac tenta se aproximar, o fazendo parar.

— Josh falou mal de você e mesmo assim o procurou antes de vir a mim. — meu tom é acusatório — E você recusou a ajuda de Scott, aceitando com facilidade o Brett. Não sou burro, Isaac, posso ter sido sonso, mas burro não.

— É complicado, pimpolho.

— Onde isso é complicado, Isaac? — meu tom continua irritado — Eu estava assustado e você foi ajudar ele, Isaac. Eu sou seu irmão e você seguiu para Josh.

Vejo os olhos de meu irmão se enchendo de lágrimas, existe culpa nos olhos azuis, existe um pedido silencioso de desculpas.

Passo a língua pelos lábios.

Não é a primeira vez que Isaac me esconde algo, a ida embora do nosso progenitor que o diga. Eu sei o que Isaac já sofreu nas mãos daquele homem, mas isso é diferente. Isso é uma coisa que eu poderia ter ajudado a passar, algo que eu poderia ter feito algo.

— Eu vou guardar minhas coisas.

Declaro, sem nem pensar muito, já me movendo para as escadas e correndo até o quarto. Isaac chama meu nome, mas finjo não escutar, me movendo para dentro do cômodo e fechando a porta.

O barulho de seus pés contra os degraus me deixa nervoso e, sem que me de conta, estou trancando a porta, jogando a mochila na direção da cama e a vendo cair sem esforço nenhum no meio do chão. Não sei exatamente o que estou fazendo ao me escorar sobre a madeira. Acho que estou aguardando ele. Estou aguardando algum tipo de explicação. Eu preciso de qualquer coisa vinda de Isaac. Ao mesmo tempo que desejo espaço.

(NÃO) SE APAIXONE | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Onde histórias criam vida. Descubra agora