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𝕍𝕖𝕣𝕠𝕟𝕒, 𝕀𝕥𝕒𝕝𝕚𝕒

Na aprazível Verona, Itália, um raio de sol banhava o pequeno quarto de Luna, conferindo-lhe um brilho dourado que contrastava com a melancolia que pairava no ar. A jovem, com seus cabelos cor de cenoura, encontrava-se sentada na beira da cama, seus olhos castanhos mel fixos na parede cinza à sua frente. Perdida em pensamentos, ouvia, sem grande interesse, a voz da mãe ecoando do andar de baixo em uma conversa telefônica.

Com um suspiro resignado, Luna se ergueu e caminhou até a janela, observando a agitação da cidade através do vidro. As pessoas se movimentavam freneticamente em suas rotinas diárias, alheias à quietude que tomava conta do seu interior. O céu, por sua vez, ostentava um azul celeste impecável, como um lembrete da beleza que a cercava, mesmo que ela não conseguisse apreciá-la naquele momento.

Com um desejo de afastar a apatia que a dominava, Luna se dirigiu ao banheiro para um banho rápido. A água morna em cascata sobre seu corpo serviu como um bálsamo momentâneo, aliviando a tensão acumulada durante o dia anterior. Ao sair do banho, vestiu uma camiseta moletom preta comprida e uma legging cinza, buscando conforto para combinar com seu estado de espírito.

Três anos haviam se passado desde que se mudara para Verona, e embora a cidade a fascinasse com sua rica história e beleza arquitetônica, Luna ainda lutava para se adaptar à nova vida. Aos 17 anos, cursava o terceiro ano do ensino médio em uma escola pública local, buscando se destacar em meio a tantos rostos desconhecidos. Paralelamente aos estudos, dedicava-se à árdua tarefa de encontrar seu primeiro emprego, recusando-se a ser um peso para a mãe.

Na verdade, a dependência se resumia apenas à figura materna, pois Luna nunca conhecera o pai. Apesar de sua natureza rebelde e independente, ela também nutria um lado gentil e amoroso, que reservava para aqueles que conquistavam sua confiança.

E, nesse quesito, havia alguém especial que já havia alcançado tal feito, mesmo sem ao menos tê-la conhecido pessoalmente.

Luna, com passos lentos e arrastados, desceu as escadas que conectavam o andar superior ao inferior da casa. Seus olhos, ainda carregados com a sonolência da manhã, buscaram por sua mãe, encontrando-a precisamente na cozinha.

A cozinha era simples, mas aconchegante. As paredes em tons neutros proporcionavam uma sensação de calma, enquanto a mesa de madeira redonda no centro convidava para refeições em família. Uma geladeira amarela vibrante, típica da Itália, cidade natal de Christine, e um fogão de seis bocas completavam o cenário. Era um ambiente sem luxos, mas acolhedor e funcional, como a própria casa e seus habitantes.

- Bom dia! - disse Cristine, lançando um olhar curioso para a filha. Sua voz, embora tranquila, continha um tom de repreensão velada.

Luna, ainda ressentida com a punição que recebera no dia anterior, optou por ignorar a pergunta da mãe. Sentou-se à mesa e, servindo-se de um copo de leite com café, respondeu com desdém.

- Bom dia. - disse com a boca cheia de ovos mexidos.

Christine a observou com desaprovação. Seus olhos se estreitaram em uma linha fina, e seus lábios se apertaram em uma expressão severa. Luna sabia que sua resposta atravessara a linha do respeito, mas a raiva a consumia. A punição de três dias por um motivo que, em sua visão, era banal, a deixara furiosa.

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