Capitulo 1 - GuOr

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Estamos na URAH, a Unidade de Recrutamento e Acolhimento de Humanas

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Estamos na URAH, a Unidade de Recrutamento e Acolhimento de Humanas. É um departamento criado pelo rei Eiyrus e idealizado por sua esposa, a nossa rainha, Meredith Aar. A primeira rainha humana em Stravera.
É a primeira reunião desde que o departamento de recrutamento começou a funcionar, e Med tinha se empenhado ao máximo para encontrar a humana ideal para dar ao próximo stroveno o seu herdeiro e assim podermos salvar o nosso planeta da extinção.
O que acontece é que, há alguns séculos, o nosso único e pior inimigo, os seres sombrios e cruéis do planeta Hark, lançaram em Stravera um vírus mortal que dizimou toda a espécie feminina, como também idosos e crianças, por serem mais sensíveis. Apenas os fortes guerreiros do sexo masculino sobreviveram.
Os harkeryanos continuam a nos atacar, e se não voltarmos a nos reproduzir e dar vida à próxima geração, logo não existirá nenhum stroveno vivo para manter o nosso planeta em segurança.
Pensamos em reprodução com povos fisicamente e geneticamente compatíveis conosco, como as guerreiras alquys, do planeta Alquy, mas elas não se curvam a ninguém e só aceitariam nossa oferta se pudessem tomar Stravera para elas. Depois de muitos testes em laboratório que não funcionaram, a nossa próxima alternativa foi buscar novas opções muito além de nossa galáxia, em um planeta que não nos oferece perigo algum.
Assim, surgiu a ideia de sequestrarmos e trazermos as terráqueas para o nosso planeta. No início, o plano era apenas usá-las como cobaias, e depois que nossos bebês fossem fecundados e nascessem, elas seriam descartadas, sendo substituídas por outras.
Nós as estudamos, estudamos os humanos, na verdade, e tudo o que vimos não nos deixou nada contente com eles. Os humanos são egoístas, cruéis e gananciosos. Eles destroem seu ambiente e uns aos outros por poder e fortuna. Então inicialmente a nossa procura seria apenas por fêmeas que não tivessem lar, amigos e nem ninguém que pudesse se importar com elas. Desaparecimentos na Terra aconteciam o tempo todo, ninguém ligaria o sumiço delas a uma espécie extraterrestre. E, se ligassem, não tinham tecnologia suficiente para resgatá-las.
Aaron recrutou Meredith Cooper quando ela estava prestes a ser julgada e condenada por um crime que não cometeu ou a ser assassinada pela máfia japonesa. Ela foi uma grande surpresa para nós porque, embora fisicamente sejamos mais altos e inegavelmente mais fortes, a humana lutou bravamente para fugir de Stravera e dos planos que fizemos para ela.
Pouco a pouco, sua bravura e coragem foi ganhando nossa admiração e o coração do nosso rei, que descobriu o poder do amor e, como ele orgulhosamente diz, "o prazer do sexo." Isso ainda é algo estranho para todos nós. Gostamos de Meredith. Bom, ainda há no planeta, nos cantos mais remotos, desconfiados e resistentes aos humanos, mas a grande maioria do nosso povo a aceitou, principalmente depois do nascimento de FyrOn, o primeiro bebê híbrido.
Só que ainda não conseguimos entender os sentimentos profundos que ligam Eiyrus à sua esposa e filho. Quando ela esteve à beira da morte, depois de uma emboscada de noturs — que são feras violentas que vivem na floresta negra — armada pelos harkeryanos, eu vi meu melhor amigo e rei quase sucumbir à dor e ao medo de perdê-los. Eu nunca presenciei Eiyrus tão dilacerado e fora de si, nem mesmo quando seus pais e irmã faleceram no grande ataque biológico. Parece que o amor e a ligação entre um stroveno e uma humana, quando acontece, é muito mais forte do que entre os seres da nossa própria espécie. Até a mesma tatuagem que nasceu com Eiyrus, e que todos nós temos, estava sendo marcada na pele de Meredith, comprovando que o laço entre eles é mais forte que tudo.
— É coisa de lobo. — A voz sussurrada de Odon para Aaron chama minha atenção para ele.
— O quê?
— O lance da tatuagem. Sabe, como naquele filme...
— Eu não acredito que você também viu esse filme? — indago entre a surpresa e o desejo de começar a rir na cara dele.
Desde que Meredith mostrou a eles esse tipo de entretenimento terráqueo, a coisa tinha se alastrado como uma praga em nosso planeta. Nós também temos nossas lendas, folclore e história interessantes, mas sempre foram ligados a guerras sangrentas e vitórias gloriosas. Não tinha nada de aventuras românticas ou como casais, mesmo os mais improváveis, juntos enfrentavam dezenas de obstáculos para salvar o mundo e ter o seu final feliz.
O problema é que agora, por causa de Eiyrus e Meredith, todos nós estamos nos tornando personagens de uma nova história com um elemento que vem mantendo todos curiosos e com medo: o amor.
— No fim de semana. Sabe que eu preciso saber o máximo possível sobre os humanos. O que comem, como vivem. O que gostam e o que temem.
— E você, um dos nossos melhores, se não o melhor cientista, está mesmo acreditando nesse negócio de...
— Lobos — responde Odon com a tranquilidade de quem não está sendo questionado e considerado maluco.
— Nós nem somos descendentes de lobo, imbecil. — É Aaron a arreliar com o irmão. Ele tinha ficado espantosamente calado por bastante tempo. — Somos felinos.
Assim como os humanos podem ter vindo dos primatas, todo estudo da nossa origem aponta para os felinos, e temos os traços físicos para comprovar. Olhos puxados, narizes achatados e orelhas levemente pontudas. Só não temos o rabo, que por um tempo preocupou Meredith, mas temos outra coisa a mais que a deixou bastante surpresa.
— Então deve ser coisa de felinos. Não é só o amor como os humanos conhecem e Med mostrou ao nosso rei. É algo muito mais profundo — continua Odon. — Como vocês conseguem explicar a tatuagem?
— Você não disse que foi por causa da gravidez? — Eu o recordo da explicação que ele havia dado na época que a tatuagem começou a surgir no corpo de Meredith, exatamente no mesmo local onde ficava a de Eiyrus.
— Sim. Fazia sentido na época, porque carregar o FyrOn no ventre de forma natural deve ter mexido com todo DNA dela, mas essa coisa de lobos...
Quando ele soltou a última palavra, fez tanto eu quanto Aaron emitirmos um suspiro alto.
— Tudo bem, coisa de felinos. Pessoal, vocês têm que levar isso um pouco a sério, sabiam?
Para mim é tudo muito simples. A convivência fez Eiyrus e Meredith se apaixonarem. Vivemos por tempo demais sem fêmeas entre nós, portanto, nos ligarmos a uma se tornava mais fácil. E o sexo feito de forma carnal, como os humanos costumam fazer, é uma grande e assustadora novidade para nós, por isso essa sensação de que tudo é mais intenso como Eiyrus dizia e Odon destacava agora.
— Odon tem razão. — A voz firme do rei, que até o momento estava nos escutando em silêncio, nos faz virar para ele. — É algo muito mais profundo. Mas acho que só vão conseguir entender quando cada um encontrar sua humana.
— Estou focado em outras coisas. — Odon é o primeiro a se manifestar.
Tudo isso, a ideia de tomarmos as humanas e procurar por elas, havia começado por causa dele. O nosso cientista foi o mais empolgado e crédulo de que suas experiências dariam certo, mas depois que serviu de babá do príncipe FyrOn, para que o rei e a rainha tivessem uma noite como casal, espantosamente, Odon vinha fugindo dessa obrigação, alegando precisar estudar assuntos mais importantes, como ajudar as humanas grávidas a suportarem carregar nossos bebês, visto que Meredith quase havia morrido para alcançar esse objetivo, e fazê-las viverem tanto quanto nós.
Os strovenos podem viver de mil a mil e quinhentos anos; já os humanos, pelo que pesquisamos, registraram que a pessoa mais velha tinha vivido até os cento e vinte dois anos.
— O que eu acho é que isso tudo é uma grande baboseira — retruca Aaron.
Nós poderíamos seguir com esse debate por horas, dias e meses, mas Ewil, um dos fiéis e admiradores assistentes da rainha Meredith, abre a porta, avisando que nossa entrada é permitida.
Nos entreolhamos com tensão, e Eiyrus nos observa com inegável humor estampado em seu rosto. Assim que entrássemos, saberíamos quem de nós, ou talvez todos nós, já teria uma humana escolhida por Meredith. Afinal, foi para isso que a URAH foi criada.
— Vocês precisam ver as suas caras. — Eiyrus ri enquanto observamos Aaron seguir o protocolo de segurança e entrar na frente.
Em seguida, entra Odon.
Eu não estou com medo, se é isso que Eiyrus quer insinuar com sua expressão irritantemente divertida. Acataria qualquer pedido seu ou da rainha, mas não sei se estou pronto para mergulhar em uma aventura como essa. Sinto que preciso estudar mais os humanos, tentar entendê-los melhor, embora a história que se conta e com a qual a própria Meredith costuma brincar é de que as mulheres humanas são naturalmente incompreensíveis, até mesmo para os seus homens.
Segui para dentro. O rei, acompanhado de mais dois guardas dando cobertura na retaguarda, vem em seguida. A atenção de Eiyrus vai direta e exclusivamente para Meredith. Os dois têm aquele olhar que indica estarem em uma conversa silenciosa que apenas eles conseguem entender, enquanto nós nos espalhamos em volta da mesa de reuniões.
— Majestade. — Meredith faz uma referência rápida e depois se vira para nos encarar. — Fico feliz que todos tenham conseguido vir à primeira reunião da URAH.
— Recebi o comunicado sobre a nova humana selecionada — avisa Odon, obtendo a atenção de todos.
— Sim. — Meredith indica os lugares que devemos ocupar na mesa oval e senta-se em seu assento. — Se conectarem seus aparelhos, poderão analisar todos os relatórios avançados.
Ela se dedica à missão, que é mais do que pessoal para ela, durante os quase seis últimos meses. Primeiro montando a unidade e selecionando sua equipe, depois nas buscas pela humana mais apta para dar ao próximo stroveno seu herdeiro.
— O projeto não tinha sido arquivado por um tempo? — questiona Aaron. Apesar de ser um dos muitos que agora aceitam e admiram nossa rainha, ele ainda tem um enorme pé atrás em relação às humanas. Para ele é questão de tempo encontrarmos uma que se tornará uma ameaça tão grande ou pior que os harkeryanos. — Você teve sorte, Meredith. Mas não sei se é hora de pensarmos em outra humana. Vocês viram o que aconteceu em sua gravidez.
Essa é a melhor desculpa que ele pode dar, ou que pelo menos irá mexer com Eiyrus, ainda mais diante do fato de Meredith desejar outro bebê, enquanto o rei, que deveria ser o mais animado com o repovoamento, simplesmente sente pânico apenas em pensar em sua esposa passando por todas as dificuldades de carregar outro stroveno.
— Mas ela conseguiu — destaca Odon, recebendo um olhar grato de Med.
— Talvez Aaron tenha razão. — O comentário de Eiyrus não deixa nenhum de nós surpresos. Aliás, já esperávamos por ele, por isso que Aaron usou sua única cartada: — Não pensamos em como o corpo delas são frágeis para terem os nossos bebês.
Isso é um fato. Somos maiores, mais resistentes e consumimos mais energia, assim, nossos bebês deixavam as humanas, ou pelo menos Meredith, mais fracas e com risco de morte. Foram dias muito tensos e cheios de incertezas.
— Eu andei trabalhando no temotássio e posso garantir que está melhor — avisa Odon.
— E o meu caso só se complicou por causa dos noturs, enviados pelo harkeryanos.
Sempre que penso sobre aquele dia, nas vidas que perdemos, o meu ódio por eles cresce mais.
— E posso estudar a humana antes do... — Odon engole em seco.
Sexo.
Depois de inúmeras tentativas no laboratório, tivemos uma intrigante surpresa em saber que nossos bebês só podem ser fecundados e desenvolvidos de forma natural. Temos que fazer sexo com as humanas, e elas precisam carregar o feto no ventre até o nascimento.
— E se for uma humana mais resistente? Com mais carne e menos ossos? — Desculpo-me rapidamente com Meredith antes que Eiyrus queira me lançar na prisão por ofender sua esposa intocável. — Com todo respeito, majestade.
Recebo o sorriso dela como apoio e agradeço silenciosamente não a ter ofendido. Eu realmente acredito que a estrutura física possa contribuir com isso. Precisamos de mulheres maiores e com mais força para levar o nosso objetivo adiante.
— Essa parece ser. — Viro o meu equipamento, mostrando a foto a todos, e quando eles se concentram em suas próprias telas, volto a analisar a imagem da mulher.
Diferente de Meredith, os cabelos, os olhos e o tom de pele são claros. Sua estrutura física é exatamente como acredito que deve ser. Há carne bem distribuída, e eu me pergunto se também é tão macia quanto aparenta.
Ela é o tipo de fêmea que conseguiria dar conta de um macho como eu ou de qualquer outro de nós que fosse incumbido de seguir com a missão. Só que o que mais chama a minha atenção, além das curvas generosas e do corpo voluptuoso, são os olhos. Parecem tristes. O olhar mais triste que já havia observado em alguém. E ele mexe com algo dentro de mim de um jeito que eu não sei explicar. A única palavra que vem à minha mente é: proteção.
E apesar de também ser um bravo guerreiro e um dos melhores lutadores em Stravera, minha função para com o rei é de conselheiro, e não a de um soldado em frente de batalha, como Aaron e seus soldados.
Então por que esse tipo de sentimento com a humana, que eu só tinha visto nessa foto?
— O que VisS diz? — pergunta Eiyrus a Meredith.
— Temos 99,9% de chances de sucesso.
O silêncio na sala é quase massacrante. Ninguém iria contra a VisS. O nosso oráculo nunca nos indicou uma direção incorreta.
— Você tem a minha permissão, Meredith Aar — declara Eiyrus sem esconder o orgulho que tem dela, causando na esposa uma euforia que podemos notar e que desagrada Aaron.
Para dar uma lição a Aaron, ou porque realmente Meredith tinha pensado nele como a primeira opção, ela avisa que o general é o escolhido da URAH.
Se Meredith fosse previsível, a sua primeira escalação deveria ter sido eu ou Odon, mas ela quase nunca age como nós esperávamos.
Volto a olhar a foto na tela, e meu peito chega a queimar com a decepção de Aaron ter sido o eleito, mas em hipótese alguma eu iria contra o que VisS aconselhou e a minha rainha havia decidido.
— Não! — profere Aaron, erguendo-se com fúria.
Assim como eu, e acho que todos nós, ele está surpreso. O mais indicado seria que tentássemos mais algumas vezes antes que Aaron fosse finalmente vencido e aceitasse que as humanas tinham muito a contribuir e a ajudar em Stravera.
— Eu não posso. — Ele se engasga e encara Meredith com os olhos esbugalhados, o que realmente quase não conseguimos fazer.
Quando o sorriso e a empolgação de Meredith começam a se desvanecer, é hora de Eiyrus intervir.
— Você acatará se for uma ordem minha, Aaron.
— E é uma ordem, majestade? — questiona, endurecendo o maxilar.
Contra isso ele não pode lutar. Sua fidelidade, como devoção, é com o rei e a rainha.
— Entenda como um sim. Decreto a reunião encerrada.
Cumprimentamos Meredith antes de sairmos e a deixarmos sozinha com Eiyrus.
Do lado de fora, Odon exibe uma expressão aliviada, Aaron anda de um lado a outro como uma fera enjaulada e eu tento entender os meus sentimentos. É como se me tivessem tirado algo que eu desejava muito.
— Bom, irmão, você já sabe o que precisa fazer — destaca Odon antes de mexer no bracelete em seu pulso e desaparecer diante de nossos olhos.
Montar a equipe para ir buscar a humana.
— Eu posso ir com você.
Leva algum tempo para ele abandonar a ira fazendo o seu corpo vibrar e me encarar.
— Por quê? A humana é minha.
De uma maneira que não sei explicar, odiei ouvir Aaron dizer isso. Mas ele tem razão, a humana é dele.
— Só quero garantir que você não fará nenhuma besteira, Aaron.
Não é totalmente verdade. Acontece que simplesmente não consigo me imaginar esperando e aguardando notícias.
— Eu sou um soldado treinado e irei com uma equipe igualmente preparada. Além disso, não é a primeira vez que faço isso.
— Mas agora é diferente. Está completamente ligado à missão. E eu te conheço. Não vai trair o rei, mas sei que vai aproveitar cada oportunidade para fracassar no que foi incumbido.
Ele não pode revidar, porque mentir é algo que foge completamente da nossa natureza.
— Então está indo para me vigiar.
Não. Vou segui-lo para ver a humana, seja lá o que isso significa, mas não posso dizer isso a ele. E omitir não é mentir, certo?
— Para assegurar que tudo saia como deve.
— E quanto ao rei?
— Eu cuido do Eiyrus e você cuida da nossa viagem à Terra.
Porque eu iria buscar a humana, e nem mesmo Eiyrus poderia me impedir.

Porque eu iria buscar a humana, e nem mesmo Eiyrus poderia me impedir

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Eu vejo uma figura imensa se aproximar e se agachar onde estou.
Minha visão está embaçada demais para conseguir ver com clareza, mas eu sinto dedos longos tocarem o meu rosto de forma suave.
— Minhr. — É uma voz profunda, e tem tanta delicadeza nessa pequena palavra que não consigo entender, que toca algo fundo no meu coração.
Ninguém nunca foi tão gentil e carinhoso comigo, e eu nem ao menos consigo ver a face de quem se dirige a mim.
— Está segura agora.

— Está segura agora

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Humm. Que primeiro encontro heim. 😍
Que saudade desses lindos!

A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora