Capítulo 2 - Selena

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Bom dia!!!
Nossa dose de Stravera e esses alienígenas apaixonantes ❤️🔥

Se algum dia alguém me perguntar se eu já senti medo, eu responderia sem pestanejar: desde o dia que nasci

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Se algum dia alguém me perguntar se eu já senti medo, eu responderia sem pestanejar: desde o dia que nasci. Não houve um minuto em toda a minha vida que eu não estivesse com esse sentimento impregnado em mim.
Medo que meu pai, alterado ou não pelo álcool e entorpecentes, machucasse a minha mãe ao ponto de ela nunca mais conseguir abrir os olhos. Medo da sua raiva voltar-se contra mim e eu sair gravemente machucada dos seus ataques de fúria. Medo das ofensas, xingamentos e humilhações que apenas se intensificaram em meu casamento.
Eu tive medo todos os dias.
Mas apesar de tantas lutas e traumas, sempre existiu dentro de mim, mesmo que quase se apagando, uma pequena chama me dizendo que ainda havia esperança. Que todo esse inferno um dia iria acabar. Fosse com Dylan sendo preso e ficando na cadeia por longos anos por algo grave que havia feito, ou fosse com a morte dele em um acidente de carro por dirigir bêbado ou devido a uma briga de bar. Até mesmo com a minha própria morte.
Um dia eu iria me livrar de tudo, e parece que esse momento chegou.
Não há possibilidade que eu saia viva deste porão. Eu vejo nos olhos monstruosos dele, sempre que vem verificar se estou bem presa e amordaçada, que está apenas esperando o momento ideal para finalmente se livrar de mim.
E, sinceramente?
Minhas pernas e braços machucados, possivelmente uma ou duas costelas quebradas, e um dos olhos que eu nem conseguia manter aberto, sentiriam grande alívio se Dylan encerrasse todo esse sofrimento e atirasse em mim, como ele vinha prometendo fazer nas últimas horas.
Infelizmente, a minha determinação em enfrentá-lo não durou muito tempo. Eu ainda estava presa na reportagem da TV quando Dylan chegou, e bastou que ele olhasse por alguns segundos para o meu rosto contorcido pela dor e pelo temor para entender que eu sabia. Além disso, o telefone que eu segurava com a mão trêmula e o colar que quase arrancava do pescoço deram a confirmação que ele precisava.
Não foram os seus xingamentos e insultos que me mantiveram petrificada no lugar enquanto ele vinha para cima de mim, foram os seus olhos sem vida, cheios de ódio e crueldade. Naquele momento, enquanto os meus cabelos eram puxados e eu era arrastada pela sala como um saco de lixo que Dylan afirmava que eu era, soube que havia chegado o meu fim.
Não era a primeira vez que ele me batia, mas eu compreendia que seria a última. Afinal, uma vadia traidora não merecia menos do que uma morte lenta e dolorosa. É o que ele me diz sempre que abre a porta do porão para me torturar um pouco mais.
— Se você não fosse uma vaca imensa eu já teria dado um fim a isso.
Com meu olho bom assisto-o andar até a outra extremidade do porão. Ele chuta uma caixa que rola duas vezes pelo chão antes de bater contra a parede. Eu lembro dessa caixa, ela contém os enfeites de Natal que Dylan nunca me deixou usar, como também nunca deixou armar uma árvore em nossa sala. Ele não gostava de nada que pudesse me dar prazer ou pequenas alegrias.
— Eu fui bom com você, Selena. Dei a você uma casa, um lar. Coloquei comida na mesa, e você gasta muito com isso.
Correção. A única coisa com a qual Dylan não se importa é com a quantidade de comida que eu coloco na boca, desde que não falte dinheiro para nenhum dos seus vícios.
Eu nunca fui uma criança, adolescente ou mulher dentro dos padrões. Aquelas que têm cintura de modelo, braços finos e rostos ovais. Mas isso não tem a ver com o fato de que realmente me alimente mal e, por ansiedade e tristeza, coma mais do que deveria, ficando acima do peso. A minha estrutura física é, em si, mais robusta. Mesmo que eu faça dieta, e já fiz muitas, ou passe por cirurgias, ainda não seria excessivamente magra. Além disso, sou um pouquinho mais alta que a maioria das mulheres, o que me faz parecer ainda maior.
Gorda. Baleia. Rinoceronte. Já ouvi tanto essas ofensas dentro de casa ou fora dela que já nem me atingem mais. Mas os olhares, os cochichos, os risinhos e principalmente os olhares cheios de desprezo que Dylan me dá, esses sim machucam e fazem eu me sentir ser como ele diz que eu sou: um lixo.
— Você estava prestes a me denunciar? — Ele faz a pergunta raivosa um momento antes de levar a garrafa de cerveja à boca. — Eu, que te dei tudo? A única pessoa que tentou te amar?
Ele não me amava, assim como preciso admitir que os meus pais nunca me amaram ou se importaram comigo. O que Dylan gostava era de ter uma escrava que fizesse tudo o que ele quisesse sem nunca levantar a voz. Ele amava se sentir valente, ter poder e causar medo em alguém.
Leva um tempo para entender que o problema não está com a gente, e sim com o agressor. Infelizmente, eu enxerguei isso tarde demais.
— Mas isso acaba hoje. — Ele vem até mim e agarra meus cabelos, puxando a minha cabeça para trás. — Eu vou moer esse seu corpo imundo e imenso. Cada osso gigante que tem, e depois vou cortar em pedacinhos, congelar no freezer e dar todos os dias um pedaço para o cachorro irritante do vizinho comer.
Eu não queria que meus últimos minutos de vida dessem a ele toda a minha fraqueza, impotência e pavor, mas enquanto ele ditava como seria o meu fim, não conseguia impedir que as lágrimas descessem, quentes e pesadas, por meu rosto.
— Ninguém vai procurar você, porque os seus pais não vão te procurar. — Um puxão que ele dá em meus cabelos faz minha cabeça arder. As novas lágrimas e gemidos que emito o levam a sorrir. — Não tem ninguém que se importe com você. E se a polícia vier atrás, vou afirmar que fugiu com um amante. Sem corpo. Sem crime. Também não acharam aquela vadiazinha universitária.
Ter a desconfiança de que Dylan havia feito alguma coisa com aquela pobre jovem era bem diferente do que ouvi-lo admitir o crime. Não tinha como eu não me sentir culpada. Porque se eu tivesse denunciado as agressões dele, se eu tivesse reagido e o colocado na cadeia em alguma das vezes que ele me feriu ao ponto de ter que ir para o hospital, talvez essa jovem, ou outras que ele possa ter machucado, ainda estariam vivas.
Então acho que eu mereço esse fim. É a minha forma de pagar por ter passado a minha vida toda amedrontada.
— Diga olá ao demônio, querida.
O único diabo que conheço, com quem tinha passado dolorosos anos, estava bem à minha frente.
— É um grande alívio poder finalmente me livrar de você. Espero que minha próxima esposa seja ao menos mais bonita, e não alguém que me enoje.
Estou tão entorpecida pelo choque, pelas lembranças de toda a minha vida triste e infeliz, que os primeiros golpes com o taco de beisebol que ele me dá, não sinto. Apenas quando ouvi um som parecido com ossos sendo quebrados e a madeira batendo forte em minha cabeça, tornando tudo mais turvo, é que uma dor lancinante toma todo o meu corpo.
Sei que os meus lábios se movem, implorando para que ele pare, mas não posso afirmar se algum som realmente saiu da minha boca. Também não faria a menor diferença. O ódio nos olhos cruéis de Dylan o impede de ouvir qualquer súplica ou pedido de clemência que eu pudesse fazer.
Então, de repente, os golpes param. Dylan é literalmente lançado no ar para longe de mim. Eu vejo uma figura imensa se aproximar e se agachar onde estou.
Minha visão está embaçada demais para conseguir ver com clareza, mas eu sinto dedos longos tocarem o meu rosto de forma suave.
— Minhr. — É uma voz profunda, e tem tanta delicadeza nessa pequena palavra que não consigo entender, que toca algo fundo no meu coração.
Ninguém nunca foi tão gentil e carinhoso comigo, e eu nem ao menos consigo ver a face de quem se dirige a mim.
— Está segura agora.
Escuto conversas paralelas. Nem todas são amigáveis. Acho que também ouço Dylan gritar, como se desse um urro de dor, e depois um choramingo. Mas eu estou fraca demais, com o corpo machucado demais para tentar entender o que estava acontecendo à minha volta.
Eu emito um grito de dor quando sou erguida do chão. Apesar de todo cuidado com o qual o desconhecido me toca, acredito que Dylan tenha feito exatamente o que ameaçou fazer, triturado cada um dos meus ossos. Contudo, assim que o desconhecido me aninha em seu peito, sinto um imenso calor que me conforta.
Ouço outras vozes em uma língua que desconheço, e uma luz azul, ofuscante, começa a surgir.
Anjos.
Acho que são anjos vindo me resgatar. Quem sabe eu tenha conseguido o perdão para os meus pecados, e em vez de ser condenada ao inferno, como Dylan proferiu, eu finalmente estivesse tendo uma chance de encontrar o paraíso.
Esse esperançoso pensamento me faz sorrir antes de perder completamente a consciência.

Esse esperançoso pensamento me faz sorrir antes de perder completamente a consciência

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Ela aponta para a humana antes que ela seja transportada para o Centro de Tratamento. Quando a vejo desaparecer ao lado de um dos médicos, sinto como se uma parte de mim estivesse indo com ela.
Isso é ridículo. Eu posso ficar mais do que alguns minutos longe da humana.
— E sei, com toda certeza, que Selena também não é má. Não somos todos ruins. — Meredith se aproxima, colocando a mão no rosto dele. — Acredite. Há bondade, também. Humanidade, na maior parte de nós.
O gesto é totalmente fraternal, mas Eiyrus não consegue evitar reagir a isso, puxando a esposa de volta. Não há raiva em seu olhar para Aaron, mas é como se ele fosse um animal marcando o seu território. E tinha que ficar claro que Meredith era dele, assim como ele pertencia a ela.
— Receba as minhas sinceras desculpas, majestade. — Aaron se curva a ela.
Com ele se redimindo, o clima se torna um pouco menos carregado.
— Agora podem nos contar melhor tudo o que aconteceu? — Ela se dirige a nós dois. — Acho que vamos precisar de mais tempo com a Selena do que eu imaginava.
É como se Meredith soubesse de algo que nenhum de nós pudesse compreender. Para mim, assim que ela acordasse e visse que nós a salvamos de um destino trágico, não haveria possibilidade de que desejasse voltar à Terra e ao humano violento.
— GuOr? Você vem?

Ahhh já chegaram deixando o meu coração quentinho 😍😍

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Ahhh já chegaram deixando o meu coração quentinho 😍😍

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