03 . Sentindo "coisas estranhas" - Final

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Chifuyu faltou o resto da semana no colégio para se recuperar do resfriado. A mãe não gostou nada disso, mas não teve como contra-argumentar, o filho estava visivelmente péssimo com a testa ardente e o nariz fungando, e Keisuke Baji reforçou em suas palavras quando disse de forma bastante séria que o amigo estava "morrendo" e que se tirassem ele pra fora de casa, teriam que fazer um funeral.

A Sra. Matsuno ficou horrorizada, mas acompanhou o estado do filho ao longo dos dias junto com Baji que sempre aparecia para visitar com uma máscara no rosto - e muito barulho.

E agora, Chifuyu estava bem - bem de saúde ao menos. Ele jurava que tinha perdido toda a sanidade - ou então uma grande parte dela - ficando trancado dentro de casa, afundando no colchão macio da sua cama apenas pensando em Baji no colégio provavelmente ficando ainda mais próximo de Aimi Watanabe agora que ele não estava lá.

Chifuyu sabia que ficar se torturando com a imagem dos dois juntos era puro masoquismo e fruto da sua imaginação, mas ele não conseguia deixar de pensar nisso. Já tinha lido e relido vários mangás da sua coleção, visto vários filmes na televisão para se distrair, mas sempre voltava ao mesmo assunto ou então enxergava a sua situação na vida dos personagens. Em um dos filmes que viu, a garota estava apaixonada pelo melhor amigo e um segundo depois, estava recebendo o convite do casamento dele.

A imagem de Baji fazendo o mesmo com Chifuyu dali a doze anos o deixou acordado na noite anterior. Ele tentou dormir de todos os jeitos, se virou de um lado pro outro e até trocou a posição, mas nada adiantou, por isso Chifuyu estava cheio de olheiras enquanto observava Baji deitado na sua cama lendo um mangá de suspense com a expressão séria; a testa estava franzida e ele não parecia feliz. E Chifuyu ainda não conseguia deixar de pensar no casamento fictício. Aquilo era demais e ele estava detestando a si mesmo - e a mente traiçoeira - em níveis intangíveis. Baji não tinha sequer mencionado o nome da garota ao longo da semana, mas a mente de Chifuyu já sabia o nome de trás pra frente.

Era ele mesmo quem estava acabando com suas noites de sono e era ele quem estava ficando estranho novamente porque simplesmente não conseguia lidar com o fato de que estava perdidamente apaixonado pelo melhor amigo. Apaixonado.

Mas também...como não estaria?!

Baji tinha sido a pessoa mais presente dentro da sua casa nos últimos dias - logo depois da sua mãe - e chegou a atordoar Chifuyu com quantas vezes perguntou se ele estava bem e quantas vezes o arrastou para perto da janela apenas para respirar o ar livre e não ficar mais doente - se tinha ajudado de verdade, Chifuyu não sabia dizer mas Keisuke afirmava que sim.

Chifuyu respirou fundo e jogou a cabeça para trás encostando-a na cabeceira da cama. Ele estava encolhido ao lado de Baji e Peke J estava roncando no meio dos dois como se não se importasse com nada à sua volta - talvez não se importasse, ele era um gato com preocupações que consistiam em dormir, comer e se embolar em alguma coisa por tédio.

— Eu sabia que esse cara era o assassino desde o começo — disse Baji fechando o mangá e erguendo a cabeça para olhar Chifuyu. Ele apoiou o queixo numa das mãos e inclinou a cabeça, o que fez Chifuyu engolir em seco quando voltou a olhá-lo e percebeu - mais uma vez - como era difícil não admirá-lo quando estava por perto.— É sempre o namorado. Você já leu?

— Aham. Li esse na quarta, não fiquei muito surpreso também.— respondeu ele dando de ombros.

Baji balançou a cabeça pro mangá e se apoiou no cotovelo direito quando deitou de lado. Ele continuou olhando Chifuyu, apenas pensando em como era um alívio vê-lo cheio de vitalidade e não com a cabeça embaixo das cobertas. Mas ainda tinha algo estranho no ar que Baji não sabia dizer o que era e temia ser indiscreto demais pra perguntar.

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