A Colônia Borboleta

4. A Mudança

Bom vocês conseguem imaginar o que vem por aí né, mas vou contar mesmo assim , após o paciente dilacerar o pescoço do Doutor que gritava e batia enlouquecido para tirar aquilo de cima dele, a criatura desceu e viu o Médico Assistente que carregava a seringa, ele foi esperto, cravou a mesma na cabeça da criatura, mas ela continuou a caminhar lentamente em sua direção emitindo aquele som arrepiante, Leandro então apavorado correu para a porta da sala, porém a câmera não enquadrou o que aconteceu mas vimos a criatura pular nele e nesse pulo vimos suas tortas e longas mãos indo em direção do corpo do assistente, apenas vimos o sangue na parede que a câmera estava enquadrando, aquilo tudo acontecendo me deu um arrepio na espinha, o paciente estava matando os médicos brutalmente , era bizarro, então outra coisa muito estranha aconteceu, o que era pra ser o cobaia já desfigurado, gritou novamente dessa vez muito alto como se estivesse sentindo muita dor, ele colocou a mão na cabeça e começou a se bater novamente, e então seus dentes alongaram também ficando maiores e pontiagudos, suas pernas entortaram, suas canelas ficaram mais para trás e seus pés ficaram longos e chatos, então aquela cena parou, a criatura estava coberta de sangue, mas o show havia acabado de começar, minutos depois a transmissão ainda estava acontecendo quando olhei para minha mãe, aflita com toda aquela cena, então a câmera começou a tremer como se algo na base estivesse batendo nela, ouvimos o urro, o mesmo som de quando o paciente começou a sentir os sintomas, mão de Gabriel ensanguentada e gritando de agonia, se contorcendo, não conseguíamos ver ele pois como falei o ângulo da câmera estava para a parede que uma parte estava ensanguentada, a criatura que outrora foi um paciente ainda possuía em sua face feições do humano que ele era a 20 min atrás, sim 20 min , então o Médico chefe levantou sua aparência estava abatida ,acabada , ensanguentada estava faltando pedaços de sua cara , e o pior seu pescoço estava totalmente destroçado, ele também fez aquele som com a língua, naquela sala não havia restado mais ninguém, nessa hora eu , mamãe e Melissa estávamos abismados, mamãe levantou e foi beber um copo de água para acalmar os nervos pelo acontecimento que estava sendo transmitido em rede nacional, como se não fosse suficiente o assistente começou a representar todos os sintomas que vimos durante a Live, então após uns 5 a 10 minutos de transformação ele se levantou, o que era suas costas estavam totalmente expostas dava para enxergar nitidamente a sua coluna, o sangue ainda escorria de suas costas recém decoradas, ele cambaleava igual o doutor fazendo os estalos, tentavam falar mas não emitiam nenhuma frase, nem palavra, nem se quer uma letra, apenas gemidos de dor e agonia roucos como se sua corda vocal estivesse sido estraçalhada, e então a primeira criatura que era o paciente ela começou a se aproximar da porta de ferro com janelas que provavelmente daria em um corredor que ligava para o restante do hospital, a coisa caminhou lentamente, entre as cadeiras que estavam derrubadas, ele mancando e andando de um jeito arrastado e torto esbarrou na porta e começou a gritar batendo loucamente na porta com seus braços, cabeça, e corpo , então o Médico Gabriel que pelo visto acabara de transformar completamente fez um grunhido na garganta e correu para a porta também batendo loucamente o assistente ainda ali agonizando, com a mudança em seu corpo fez como os outros correu para a porta e bateu loucamente, mas acabou esbarrando na câmera fazendo ela cair no chão e quebrar eventualmente encerrando a live, mas antes disso acontecer vimos que a porta abriria apenas com o aperto de um botão eles não conseguiram apertar ele, então a transmissão encerrou com os gemidos e gritos do que já foram pessoas, a programação da TV voltou normalmente de onde paramos, estávamos paralisados com tudo aquilo, mamãe que foi buscar o copo d'água estava no mesmo lugar com o copo na mão, pálida, eu gelei, Melissa ficou trêmula que também foi beber água, aquilo não poderia estar acontecendo, aquilo realmente não iria acontecer, não podia , zumbis na vida real?

Será que aquilo não era um trailer de algum filme? Deve ser porque foi muito real, mas cadê o Papai ele tá demorando mais que o de costume; Será que tá tudo bem no hospital? Eles devem ter visto na transmissão o que aconteceu e devem tá cuidando de tudo. . .

No mesmo instante que parei com meus pensamentos ouvi o carro de meu pai chegando na garagem, escutei o bater e trancar das portas rapidamente e ele correndo para dentro de casa, sua cara não negava que ele também acabara de assistir a transmissão e vejo correndo para cá, ele estava muito assustado , ele era médico e entendia que aquilo não era para ter acontecido, o silêncio ensurdecedor presente na sala, todos se entreolhavam, entendemos o recado, sem ninguém falar nada corremos para pegar nossas últimas coisas, como celular, carregador, e lanches para a viagem que mamãe já havia preparado antes de acordamos pequenas marmitas com guloseimas e comida para a viagem, entramos no carro depressa, trancamos a casa, sinceramente quando trancamos a casa percebi e senti que seria a última vez que havíamos de trancar ela, porque nada ia ser como antes:

- Lilith!!

Minha mãe olhou surpresa para mim, era nossa gatinha preta, ela tem olhos verdes e seu pelo é bem longo, pegando ela no colo, dei uma vista pelo cômodo que era meu quarto, lençóis, cama, travesseiros, brinquedos, ate a caminha da gata com seu arranhador ao lado, fiquei melancólico, tudo aquilo estava com a sensação que viria pela ultima vez, então eu fiz uma coisa. . .