Nico (2)

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Nico:

Vários dias se passaram desde que eu vi aqueles calouros, principalmente o loirinho que parecia ser um atleta ou modelo de passarela.

Eu não queria admitir, mas o rosto dele ficava dando umas passadas pela minha mente, porque o cara é lindo e gostoso, e faz meu tipo, mas esses tipos de caras, é melhor só olhar e secar de longe.

Foi uma semana agitada de provas, e trabalhos sem fim, junto com excursões para visitar um outro hospital para termos experiência prática ao ver corpos reais preservados na sala de anatomia do lugar onde eu tinha sido obrigado a ir.

Eu sei que se eu sou um médico, eu vou ver corpos em pior estado, muitas vezes com o sangue e tudo mais, mas me resignei a pensar que enquanto estivesse vivo não teria problema.

O maldito cheiro do formol assim que entrei na sala, me fez ficar de mal humor, mesmo que eu não atrapalhasse a explicação dos enfermeiros presentes que estavam explicando a situação.

O maldito cheiro como se fosse uma droga familiar invadiu meu nariz, e só me fazia lembrar do cheiro de quando meu pai e irmã chegavam em casa, e praticamente me ignoravam como zumbis apenas tomando banho e caindo direto na cama.

Muitas vezes fiquei até tarde da noite esperando ao menor ganhar uma conversa, ou ao menos um carinho, mas parecia que eu tinha me tornado um dos objetos sem vida da casa.

Me resignei a ficar em silêncio perto da mesa, peguei meu caderno e comecei a anotar as explicações dos profissionais, pois eu podia apostar que alguma coisa dessa longa explicação que parecia não terminar nunca cairia no futuro relatório que eu apostava que teria que fazer.

Finalmente depois de explorar todo o hospital, o dia de excursão terminou e todos podiam ir direto para casa, sem precisar voltar para a universidade.

Quando saí silenciosamente do meio da multidão e cheguei até a moto, senti uma mão no meu ombro, e reconhecendo o dono dela, finalmente abri um sorriso e deu um raro abraço.

Um garoto alto, muito musculoso como um deus grego, cabelos loiros, olhos azuis elétricos, um sorriso perfeito. Seu melhor e único amigo Jason Grace.

Sim, Grace. Jason era o filho do reitor, e o único que conseguia me aguentar com todo o meu ar emo e sombrio que mantinha todos a distância.

- Nico, finalmente consigo encontrar você cara.

- Eu sempre estive no mesmo lugar Jason, mas o que você andou aprontando agora?

- Eu sou tão sem confiança assim? – O loiro me falou com um beicinho que o deixava fofo mesmo que fosse um homem lindo.

- Eu preciso realmente dizer? Sobe aí e vamos pra minha casa.

- Parece que vamos botar o assunto em dia hein? Senti sua falta.

Eu abri um sorriso familiar quando subi na moto, e senti Jason sentar atrás de mim praticamente colando todo o seu peito musculoso e quente nas minhas costas frias, e senti seus braços rodearem minha barriga de forma familiar, junto com seu queixo em meu ombro.

Dei a partida e logo estávamos voando pela estrada na minha moto. Minha relação com Jason começou como uma relação de sexo de uma noite.

Até que continuamos nos encontrando mais vezes, e viramos amigos com benefícios, e o encontrei sendo um cara de confiança que estranhamente eu não desgostava de falar abertamente com ele.

E o mais importante, era ótimo dormir com ele.

Chegando em casa, desci da moto, estacionei na minha vaga habitual do prédio, e andando pelo caminho familiar gravado em minha alma, Jason me seguiu com seu braço forte e caloroso abraçando meu pescoço, que apenas sorri com o gesto íntimo sem negar o contato.

Solangelo: You're cool... You're Hot.Onde histórias criam vida. Descubra agora