Capítulo 17- Sonhos

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Minha conversa com Bill no estacionamento, não passou de uma mera formalidade boba. Havíamos conversado sobre as novidades da pequena cidade e como os habitantes locais pareciam ter saído de algum filme clichê. Bill estava empolgado, pois havia recebido uma boa oferta de emprego e seria uma oportunidade para ele sair um pouco da proteção excessiva de Alex. Após alguns minutos, ouvimos passos apressados vindos de perto dos elevadores e Dave surgiu logo depois, parecendo bem distraído.

— Grace, o que aconteceu? A comida vai esfriar!

Dave colocou sua mão em meu queixo, sem ao menos perceber a presença de Bill. Suspirei fundo, tirando as suas mãos, na intenção de chamar a sua atenção.

— Foi mal, eu estava conversando com Bill! -disse um pouco sem jeito, apontando

— Desculpe, Sr. Shaw! Eu atrasei a Grace. Mas acho que não fomos apresentados corretamente. Prazer, meu nome é Bill. E me arrisco dizer que sou o cunhado da sua filha! -Bill abriu um sorriso simpático, estendendo a mão para cumprimentá-lo

Dave permaneceu imóvel ao meu lado por alguns instantes, olhando fixamente para Bill como se fosse jogá-lo por uma das janelas a qualquer instante. Ele revirou os olhos, coçando a sua nuca, algo que ele fazia sempre que algo o incomodava, cruzando os braços logo em seguida.

— Como você entrou aqui? -Dave retrucou de forma ríspida, ignorando a tentativa de aproximação vinda de Bill

— Eu acabei entrando com um dos carros, espero que não seja um problema -Bill disse cabisbaixo

— Você entra na casa dos outros sem pedir permissão? - Dave forçou um sorriso

— Ele só estava conversando comigo! E eu já estava subindo -engoli seco

— Está tudo bem, eu devia ter avisado que vinha. Me desculpe pela minha inconveniência, Sr. Shaw -Bill sorriu

— É, eu acho que devia ter avisado -Dave ergueu a sobrancelha

— Claro -Bill suspirou- — Acho melhor eu ir!

— Concordo! -Dave o encarou

— Dave! -chamei sua atenção

— Tudo bem, linda! Obrigado pela conversa. Fico feliz que tenha chegado bem -Bill deu um sorriso sem graça, dando um beijo em minha bochecha

— Obrigada por ter se preocupado! -retruquei

— E mais uma vez, me desculpe! -Bill sorriu para Dave, saindo logo em seguida

Eu mal podia acreditar que aquilo havia acontecido. Há poucos dias, Dave e eu estávamos enrolados nos lençóis quando conversamos sobre Bill. Apesar das provocações, eu nunca pensei que ele demonstraria o seu ciúmes de uma forma tão estúpida e desagradável. Virei-me em sua direção e ele ainda permanecia com uma expressão indecifrável.

— Que merda foi essa, Dave? -disse incrédula

— Não me culpe por isso, eu disse várias vezes que não queria ele e o irmão dele por aqui -retrucou

— Você é muito burro! Ninguém age assim, Dave! Ninguém! -revirei os olhos

— Ele invade a minha casa sem ser convidado e eu sou o burro? Eu podia ter atirado nele em legítima defesa -deu de ombros

— Estamos no estacionamento, então tecnicamente, não é a sua casa! -retuquei

— Eu não vou pedir desculpas por isso, ok? -ele franziu o cenho

— Tudo bem. Se você fosse se desculpar, teria que fazer isso com ele e não comigo -suspirei

— Olha Grace, sinceramente, eu não sei como você lida com tudo isso em relação ao Bill, mas eu não estou acostumado com isso e está sendo uma experiência nova ter que fingir que eu não sinto nada por você. Então, peço que entenda  -engoliu seco

FINE LINE | Grace TuttleOnde histórias criam vida. Descubra agora