FINE LINE | Grace Tuttle

Capítulo 2- Planos

Nicole foi cantarolando algumas músicas da nossa playlist favorita por todo o caminho e falando entre risadas e choros o quanto ia sentir falta de toda a monotonia da escola. E de fato, iria fazer falta. Logo que ela estacionou em frente à minha casa, observando o local. A casa era antiga, herança de família. E sua faixada consistia em uma cor de tom de madeira com um telhado escuro que fazia contraste com o verde vívido de um mini jardim no qual minha mãe sempre fazia questão de manter impecável. Logo avistamos meu pai, que estava lavando o carro que era o seu xodó desde a sua adolescência.

— Oi, Sr. Tuttle! -Nicole acenou animada enquanto decíamos do carro íamos em direção a porta da garagem que já estava entreaberta.

— Olá, Nicole! E Grace -ele acenou de volta com o sorriso tímido, colocando a mangueira dentro do balde. —Como foi o último dia de aula?

— O mesmo clichê de sempre. Em compensação, eu me sinto aliviada por não ter que pensar em provas ou trabalhos. -revirei os olhos indo na direção do meu pai e lhe dando um abraço rápido.

— E quem disse que isso acaba? A faculdade também exige muito, Grace. -meu pai colocou as mãos na cintura semicerrando os olhos por conta do sol

— Deixa disso, Sr. Tuttle! Grace sempre foi uma ótima aluna e merece um descanso antes de pensar em algo tão sério. Além do mais, ela vai aproveitar esse descanso comigo. -disse Nicole em um ato heroico de salvação do grande sermão do meu pai.

— Tudo bem. Não quero ser chato logo em um dia tão exaustivo para vocês. Podem entrar, já deixei o lanche pronto. -ele deu um sorriso fraco, logo voltando a atenção para a lavagem do carro.

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Nicole e eu passamos o resto da tarde jogando conversa fora e fazendo planos para um futuro incerto. Logo após, subimos até o meu quarto para arrumarmos tudo o que faltava para a viagem até a casa de Nicole. E sem dúvidas, eu estava ansiosa. Apesar de ser sempre animada, Nicole era meio fechada quando o assunto era a sua família. O pouco que sabíamos nos últimos anos, era que o seu pai, Dave, havia a deixado sob os cuidados da avó enquanto Nicole terminava os dois últimos anos do ensino médio. Ele dizia que a vida em Manhattan era agitada, totalmente diferente de Wisconsin, que era um lugar pacato e que todos se conheciam.

— Terminamos! -Nicole arfava enquanto se sentava em cima da última mala para fechar corretamente

— Eu nem sabia que tinha tanta coisa, será que seus pais vão me achar uma exagerada?

— Até parece! Minha mãe não fica muito em casa por conta do trabalho, mas garantiu que você poderia ficar o tempo que precisasse. E meu pai... meu pai é meu pai. -deu de ombros

— Ah, que ótimo. Vai ser bom passar um tempo longe dos olhares curiosos dos vizinhos.

— Lá não temos isso. A nova casa é um triplex, nem vamos lembrar que os vizinhos existem. -Nicole se jogou na cama, afastando o cabelo do rosto

— Seremos iguais a Serena van der Woodsen e Blair Walford? -me deitei ao lado dela, olhando fixamente para o ventilador de teto

— Tirando a parte das disputas, quase isso. -riu, me dando um abraço apertado seguido de um suspiro de cansaço

— Dormir? -arqueei a sobrancelha

— Você consegue ler os meus pensamentos, garota. -Nicole jogou a mala para o chão, se ajeitando na cama sem ao menos trocar de roupa ou se preocupar com algum cobertor.

— E você os meus. -bocejei deitando do lado dela pedindo para que a assistente virtual apagasse todas as luzes do quarto.

— Boa noite, amiga.

— Boa noite, Nic. Eu te amo!