Águas geladas.

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A cor azul significa tranquilidade, harmonia entre outras, mas também está associada a frieza, monotonia e depressão

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A cor azul significa tranquilidade, harmonia
entre outras, mas também está associada
a frieza, monotonia e depressão.
Simbolizando a água, o céu e o infinito.


Narrado por Nicolas.

O soprar do vento faz com que os galhos das árvores inclinem, como se estivessem dançado. A grama está com aspecto molhado, minhas mãos estão em meus bolsos. O frio é característico de dezembro, embora San Diego tenha o clima mediterrâneo, seco e fresco durante o verão, nunca está frio ou quente demais, comparado a outras cidades.

Guardo muitas recordações, embora tenha passado dez longos anos desde que me mudei. Este lugar em especial, é o meu favorito, um grande bosque e mais a frente existe um grande lago, pelo menos existia naquela época, pouco se mudou aqui, apesar da urbanização.

Já estava escuro, havia um pouco de luminosidade devido a lua. Lembro-me, que antigamente usava este lugar como inspiração para poder pintar. É um belo local, calmo mas assustador as vezes. Um refúgio em meio a grande cidade.

Alguns poucos passos e encontro o lago, a lua refletia em suas águas calmas e cristalinas.

Alguns poucos passos e encontro o lago, a lua refletia em suas águas calmas e cristalinas

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Me sento em um pequeno tronco cortado, e observo as pequenas ondulações que se formavam. Por um breve momento, volto ao passado, antes de ir para a Itália, mais precisamente quando tinha 18 anos. Lá existe o motivo da minha volta a San Diego, o motivo pelo qual, mesmo depois de tanto tempo não me perdoei. Levanto-me e sigo até um pequeno caminho de pedras. Meus olhos acabam por bater de relance em um movimento do outro lado do lago. Estranhei, pois não havia nenhum peixe grande neste local para causar tamanha turbulência na água. A água se manteve calma, o que me levou a acreditar que fosse fruto da minha imaginação. Entretanto, depois de aproximadamente dois minutos, o movimento retornou.

Uma pessoa emerge da água, não consigo ver bem, contudo isso não deveria ser normal, está frio, e certamente a água está congelando. Tenho que beber menos, talvez eu esteja alucinando. Por que diabos  alguém mergulhararia a está hora e no inverno?

Esfrego os olhos, tentando ver com clareza, e sem perceber acabo escorregando em uma pedra molhada.

— Mas que caralho! Quem colocou essa pedra no meio do caminho?

— Você se machucou? - Ai, meu Deus! Por quê eu inventei de vir até aqui durante a noite?

Me perdoe pelos meus pecados, eu juro que me arrependi de todos eles. O senhor sabe.

— Ei, você se machucou? - A voz se repete me tirando do transe. Fazendo com que eu vire o rosto para a sua direção. Meu sangue está gelado, isso eu posso garantir. Foi então que transformei em pergunta as palavras sem nexo de minha mente.

— Você é uma assombração? - Movo o meu braço em direção a ela, tentando tocar para me certificar.

— Aí, meu braço! - Senti uma dor aguda ao esticar.

— Cuidado, deixa eu te ajudar. - Ela me ajuda a levantar, com muito esforço. Sou praticamente o triplo dela.

— Você está molhada. - Sorrio. Espera, ela está molhada! — Você estava nadando? - Pergunto com os olhos arregalados.

— Estava e você estava me observando! - Ela sorri e pisca logo em seguida.

Quem em sã consciência viria nadar no inverno, e ainda mais durante a noite? — Sente-se aqui. - Fala e faço o que ela pede. Olha o meu braço, por cima da roupa enquanto mexe, perguntando se dói enquanto o movimenta. Afirmo com a cabeça quando ela move o meu ombro.

— Não precisa me ajudar, e você tem que se trocar. Pode acabar pegando um resfriado. - A observo, e no momento em que os meus olhos cruzam com os dela, o frio que eu sentia foi se transformando em uma onda de calor. Naquele momento, eu senti como se a conhecesse a vida toda, mesmo que eu nunca a tenha visto.

— Você tem razão, eu não deveria propor isso, já que não nos conhecemos. - Ela se torna pensativa. — Vamos para a minha casa. Preciso olhar o seu machucado e me aquecer. Moro aqui perto, podemos ir andando! - Ela diz de uma vez, concordei com a cabeça mesmo relutante com a ideia.

Andamos por aproximadamente cinco minutos, até chegarmos em uma grande casa totalmente branca. Quando entramos ela pediu para que eu a esperasse, a sala era muito aconchegante e estava aquecida, agradeci mentalmente.

Ela retorna depois de alguns minutos. Com uma toalha no cabelo e um roupão longo.

— Me deixe ver isso, se importa em tirar a parte de cima da sua roupa? - Ela desvia o olhar, tentando disfarçar a vergonha.

— Que direta, não irá nem ao menos perguntar o meu nome primeiro? - Tiro a roupa com calma, ainda sentindo uma forte dor no meu ombro esquerdo.

— Me desculpe, como V-você se chama? - Ela fala timidamente enquanto me observa.

—Vincent, Vincent Bennett. E o seu?

— Emília, mas todos aqui me chamam de Fish. - Ela sorri.

Por que ela tinha que se chamar justamente Emília?  Talvez seja um castigo.

— Peixe? - Arqueio a sobrancelha.

— Sim, agora me deixe cuidar de você. Tem algumas escoriações na suas costas. - Ela toca o meu ombro, e a sinto prender a respiração.

— O que houve? Perdeu o ar, peixinho? - Sorrio maliciosamente.

●•° °•●

Obrigada por lerem, pode ser um pouquinho estranho agora, mas não desistam dessa história, aos poucos ela vai ganhando vida.

Até logo!

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