A cor roxa significa espiritualidade, magia e mistério.
O roxo transmite a sensação de tristeza no entanto
proporciona purificação do corpo e da mente, e a libertação dos medos.
É a cor da transformação.Narrado por Emília.
Havia esquecido completamente dos compromissos que eu tinha para o dia de hoje, o cansaço tanto físico quanto mental, tomou conta do meu ser, e acabei por dormir demais. No entanto, não esperava que esse homem cujo o nome seria Vincent, viria até aqui. O meu humor matinal muitas vezes era considerado péssimo, era pior ainda quando me acordarvam com barulho.
Me trouxe um bolo, depois do "bolo" que dei por não ter comparecido ao café da manhã, no qual me convidou, achei cômico para não dizer trágico. Se pelo menos ele me conhecesse, saberia que eu vivo uma vida monótona, e que quase sempre vivia procrastinando.
Deixei ele na sala enquanto ia ao banheiro, para melhorar o meu aspecto de "Adolescente depois de uma semana de provas." ou seja, acabada, tirando a parte de que já tenho 27 anos. Odeio visitas, ainda mais matinais.
Prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo, e coloquei um dos tantos vestidos brancos que tenho. Como estou na minha casa, irei ficar descalça. Desço as escadas e vejo que Vincent está no piano. Como se notasse a minha presença, ele vira o rosto e sorri.
— Você toca? - Ele pergunta.
— Se tem um piano na minha sala de estar, é meio que óbvio. Entretanto não aproveito da forma que deveria. - Digo, sentando no sofá.
— Uau, irei ignorar o seu sarcasmo peixinho. Vamos tomar o café antes que esfrie. - Ele sorri novamente, enquanto ia em direção a cozinha. Que metido, como ele encontrou a minha cozinha? Além de ser metido é inconveniente, bonito mas inconveniente.
— Você é bem bisbilhoteiro.
— Um pouco curioso apenas, peixinho.
Sentou-se na cadeira que fica na ponta e deu palminhas na cadeira, me convidando para sentar ao seu lado, que abusado. Me sento três cadeiras longe dele, percebo que Vincent já havia colocado os talheres e pratos na mesa.
— Então peixinho, o que vai querer?
— Não como durante a manhã, mas aceito o café.
— Você tem que se alimentar bem, está um pouquinho magrinha. - Ele dá uma pequena piscadinha.
— E você deveria cuidar da sua vida. Já imaginou ficar sem a língua?
— Calma peixinho, estou brincando. - Ele joga as mãos para cima, em rendição.
Falar sobre a minha aparência é algo que me incomoda extremamente. Me sinto pequena, encolhida por dentro a cada comentário, tento lidar com isso da melhor forma, há muito tempo, sempre tive motivos para não gostar do que via. Me olhava no espelho e odiava o que refletia.
Dizem que para que alguém pudesse te amar, era necessário que você se amasse primeiro, hoje entendo o motivo pelo qual ninguém ficou. Ou melhor, o porquê até hoje me sinto sozinha mesmo rodeada de pessoas.
Talvez, se eu ainda a tivesse, conseguiria conviver com essas inseguranças, sinto tanta falta. Pior do que perder o amor de alguém, é perder um amor que você nem teve tempo de viver.— Ei, ei. Está aí ainda? - Vincent segura o meu ombro, me tirando de meus pensamentos e ativando a minha adrenalina, salto da cadeira sem pensar direito.
— NÃO ME TOQUE! - Grito.
— O que houve? Fiz algo errado? - Ele me olha assustado.
Por segundos aquele medo se misturou com a sensação de perigo que me rodeava, pude sentir a agonia novamente. Pude sentir a dor e o cheiro de sangue novamente, a minha visão escurecendo e eu caindo na minha própria escuridão. Sem hesitar peguei um cigarro e coloquei em minha boca. Precisava de algo, algo que pudesse me mostrar que estava tudo bem, que não estava acontecendo de novo. Conforme a fumaça ia sendo liberada, senti o meu coração acalmar e os batimentos acelerados se cessaram. Do canto de olho, pude ver Vincent me olhar com preocupação, sei que o assustei, e que talvez ele queira se aproximar para tentar me ajudar. Mas não posso deixá-lo chegar tão perto, não posso deixar ninguém se aproximar, não depois de tudo.
— Desculpe por isso. Não era para ter acontecido, sei que não estou em perigo mas não posso evitar. - Suspiro.
— Não precisa se justificar peixinho, está tudo bem, ok? - Ele se aproxima em passos curtos. — Todos nós temos os nossos proprios demonios. Você não precisa pedir desculpa, eu posso te abraçar?
Concordo com a cabeça, e em seguida sinto o seu corpo alto se aproximar do meu, pude esquecer o mundo, os problemas e as dores quando senti o seu toque. Os batimentos do seu coração estavam acelerados, e pela primeira vez em anos, eu me senti em casa.
Ele se afasta lentamente enquanto fitava os meus olhos, sua mão tocou o meu rosto, e me permiti senti suas carícias.
— O que foi isso? - Pergunta curioso. — E por quê você tem outra no seu pescoço?
Quando percebo do que ele falava, meu coração salta dentro do peito, e a angústia começa novamente.
— Vai embora. - Falo, meus olhos já estavam cheios de lágrimas. — VAI EMBORA.
Depois que ele saiu, me debulhei em lágrimas. Malditas cicatrizes. Malditas lembranças.
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Imagem ilustrativa.
●•° °•●Obrigada por lerem!
Ps: Não encontrei uma imagem semelhante a cicatriz que a Emília tem no rosto.( Fica na parte entre o começo da orelha e o meio da bochecha.) Elas são de uma tonalidade mais clara, devido os anos.
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Entre cores
RomanceRodeado de cores, ofuscadas pelo seus olhos. ...... Todos nós, fazemos escolhas que nos levam a caminhos e histórias diferentes. Muitas vezes os caminhos se desencontram e o que parecia ser uma boa escolha, não era a melhor. Dez longos anos se passa...