No dia seguinte resolvi ir até lá. Logo depois da última aula, peguei minha mochila a fim de sair correndo, mas logo fui parada por Lúcia que já me esperava no portão da escola. O vento bagunçava seus cabelos cacheados enquanto tampava com a mão, o sol no rosto.
Eu não queria levá-la. E se algo de sobrenatural acontecesse? Como eu explicaria pra ela? Apesar de que, eu acho que Lúcia adoraria ver algo sobrenatural... mas de qualquer maneira, eu tinha que pensar em algo para distraí-la.
- Passar uma noite comigo já não foi o suficiente?
- Eu nunca fico satisfeita...
Ela me lança um olhar rebelde e então caímos na gargalhada. Lúcia passa o braço ao redor do meu pescoço.
- E aí? Bora ir lá na sorveteria da esquina?
- Aaah bem que eu queria... mas hoje não vai dar, tenho que fazer algo para o meu pai agora.
- Sem problemas, eu vou com você, e depois a gente toma algo gelado pra acabar com esse calor.
"Droga" pensei.
-Aah...Lúcia, você não disse que tinha algo pra fazer hoje ?
- Tinha?
- Sim!
- Você disse que tinha que ir até o parque... pegar dinheiro com alguém que tava te devendo!
- Que? Hoje é quinta ?
- É...
-PUTZ!! Pqp, eu esqueci total disso! Achei que hoje era quarta ainda ! Tenho que ir !
Lúcia disparou rua afora. Ela olhou uma última vez para trás em minha direção.
- Eu te ligo mais tarde pra gente tomar um sorvete! - ela grita, quase tropeçando em uma velhinha que atravessava a rua.
- Beleza! - grito de volta.
"Ufa". Tenho sorte de que as vezes a minha memória é bastante eficiente. Não faço ideia de como eu lembrei desse compromisso da Lúcia.
Não demorou muito tempo que Lúcia saiu correndo e eu logo me pus no meu caminho. Peguei dois ônibus, desci na ponte norte da cidade e segui a pé em direção ao leste. Logo depois me deparei com uma estrada de terra, que estava mais para uma alameda, já que as árvores formavam um corredor natural. Na beirada da estrada vi novamente as casinhas de pedra, intactas na medida do possível. As pessoas não costumavam passar por aqui, talvez por ser uma cidade pequena ou por essa área ser mais afastada. "Eles não sabem o que estão perdendo " pensei ironicamente.
Nós nos mudamos mais para o centro da cidade, 4 anos depois do ocorrido. Para os meus pais, esse tempo foi mais do que o suficiente para descansar da rotina de cidade grande. Desde que me tiveram, moramos em Tóquio até eu completar 10 anos. Viver numa metrópole como Tóquio pode ser muito cansativo as vezes, era o que os meus pais, que nasceram em cidades do interior achavam, mas pra mim que nasci lá, era algo natural, eu gostava de lá. Não que eu não goste daqui, mas o que tinha lá nunca me incomodou.
Mas então nos mudamos pra essa cidade menor, menos barulhenta e com muito verde, há verde para qualquer lugar onde olhe. No início não foi fácil, eu fiquei muito chateada, meus pais contam que fiz uma birra no meu último dia na escola, eu não lembro muito disso, só lembro das flores e cartões que ganhei de despedida. "Quem é que me deu aquelas flores mesmo ?... Aah o Kyoya sensei (professor), tenho crush nele até hoje"
O que me marcou mesmo naquela época, foi o primeiro dia que chegamos, o túnel, o mundo depois dele e... Haku... Ah Haku! Como eu sinto a falta dele ! Desde o dia em que ele me disse para não olhar pra trás, sempre tenho sonhos em que o vejo de costas, tento alcançá-lo mas nunca consigo, tenho medo de esquecer o seu rosto... se já o não esqueci...
Meus pensamentos são cortados pela brisa de verão que atrapalha o meu cabelo, a brisa vem de dentro do túnel. Depois de andar por mais ou menos 30 min na estrada de terra, alcancei a entrada do túnel. O túnel que eu tanto pensava.
Fazia tempo que não visitava esse lugar. O arco da entrada continuava do mesmo jeito de 8 anos atrás. Me sentia minúscula parada ali, e o mesmo sentimento daquele dia me invadiu, mas agora o medo não me acompanhava mais.
CONTINUA ...
- O que estão achando até agora?Espero que gostem e acompanhem o resto da história hahaha não deixem de comentar o que estão achando, com certeza vai ser bem gratificante ler o que vcs acham ! N se acanhem hahaha -
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Chihiro e a volta de Haku
Ficção GeralChihiro está terminando o ensino médio com 18 anos e leva a vida de estudante de ensino médio não muito bem, até que um dia um mensageiro daquele mundo aparece do nada em sua casa lhe dando a impressão de que algo grande se aproxima. Será que ela r...