III.

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Era um sábado de sol, fazia calor e Katsuki estava deitado com o ventilador direcionado para si e entediado, nada de novo para o loiro. Estendeu o braço e pegou seu celular, que estava sob o pequeno móvel, ao lado de sua cama. Estava marcando exatos trinta e seis graus e o Bakugou já estava começando a suar.

Decidiu ir fazer uma visitinha ao humano rico e bonito que conhecia quase um mês, se transformou em um gato novamente saiu pela sua janela. A rua estava mais movimentada por ser dia, várias pessoas viam e iam com bolsas e sacolas nas mãos.

Tinham cachorros e gatos passeando pelas calçadas, carros na estrada e mais lojas abertas. Enquanto o de pelos loiros corria pelos telhados das casas de desconhecidos, sentia a brisa bater em seu rosto e bagunçar minimamente seus pelos. Ia correndo até a zona sul da cidade, ansiava, mais que o normal, para chegar em frente aquele condomínio fechado que tanto estava gostando de visitar.

O que não tardou a acontecer, graças as suas quatro patas ágeis. Já havia entrado no condóminio e só estava a procurar pela mansão que Shouto morava, o que também não demorou muito para acontecer, já que conhecia muito bem o grande e vermelho carro que ficava na garagem.

Subiu até a janela do quarto do garoto meio-albino-meio-ruivo, o vidro estavam fechado e conseguia visualizar somento os pés cruzados do garoto, deduziu que o Todoroki estivesse deitado em sua cama, como um burguês.

E sua dedução não estava errada, pois logo viu o mesmo levantar seu tronco, ao escutar os barulhos na janela. O meio-ruivo estava com seus cabelos bagunçados e, assim que encarou o gatinho, abriu um lindo sorriso.

Ao ver aquela cena, daquele meio-a-meio idiota sorrindo daquela forma ao encara-lo, teve certeza que sentiu seu pequeno coraçãozinho errar as batidas e que perdeu o ar por alguns milésimos de segundos. A janela foi aberta e Katsuki voltou a sua realidade.

Adentrou o quarto, sentindo a brisa gelada do ar- condicionado em seus pelos e podendo relaxar. Subiu na cama, que no momento estava desarrumada, do humano e sentou-se próximo do livro que o outro estava lendo, aparentemente.

- Oh, você veio me visitar. Já estava sentindo falta do meu gatinho preferido. - E mais uma vez, ao ouvir aquelas palavras, o coração do Bakugou acelerou. - Está muito calor, espere-me aqui. Eu vou pegar água pra você.

Antes de sair do quarto, o meio-albino acariciou rapidamente a cabeça do de pelos alourados, o deixando sozinho no cômodo. Katsuki aproveitou para reparar em mais alguns detalhes do quarto.

A cama era tão confortável quanto o carpete do chão, as paredes em tons pasteis deixavam o ambiente bem mais formal do que deveria ser e tinha alguns matériais de escola sob a escrivaninha.

A porta do quarto se abriu de repente, fazendo o gato levar um leve susto, mas se acalmou quando percebeu que era o Shouto entrando pelo quarto com um pequeno pote com água, e deixou em um canto do quarto. O gato de olhos carmesin, que de fato estava com cede, pulou de cima da cama e correu até o líquido, o bebendo com velocidade.

- Hum, de fato estava com cede, né? - Sentou-se ao lado do gatinho que miou em resposta. - Sabe o que eu percebi? - Atraiu a atenção do gato. - Que faz quase um mês que você me visita e eu nunca falei sobre mim. Já falei da minha família, mas isso não me resume, certo?

O gato de pelos loiros afirmou com a cabeça e viu o mesmo suspirar, enquanto acariciava os pelos dourados. O Todoroki o pegou no colo e o levou para a cama, o deixando sobre seu abdómen.

- Hum, por onde eu posso começar... Eu gosto de ler, gosto de animes e gosto muito dos meus amigos. Eu estava até lendo um livro antes de você chegar, era uma história que envolvia elfos, fadas e princesas. Eu gosto muito desse tipo de história e já até pensei em escrever uma, mas eu tenho medo. Tipo, um garoto que gosta desse tipo de coisas, não são muito aceitos socialmente.

"Foda-se a merda da sociedade, meio-a-meio bobão, escreve sua história! Tenho certeza que vai ficar ótima." o gato dizia mentalmente, mexendo-se de forma agitada pela cama.

- Eu poderia te contar a história da minha cicatriz, né? Argh, eu odeio ela, o que é bem compreensível. Quem gostaria de ter isso na cara?

"Eu acho ela bem bonita, é o seu charme, meio-a-meio" o gato se levantou mais uma vez e caminhou do tronco do humano até próximo, dando "beijinhos de gato" próximo da cicatriz do meio-ruivo e depois pousando uma de suas patas sobre a marca.

- Hum, ok. Eu conto. É uma história curta e chata, então eu não me responsabilizo se não for o que você espera. - Suspirou e o gatinho se sentou ao seu lado na cama. - Meu pai abusava mentalmente da minha mãe, o que a fez ficar instável psicologicamente. Um dia, quando ela estava fazendo chá, eu cheguei chorando na cozinha e meu lado esquerdo, o meu cabelo vermelho e meu olho azul, acabou a lembrando de meu pai. E ela jogou água quente no meu rosto, causando essa queimadura ridícula. Tá vendo, eu disse que era uma história chata.

Mas Katsuki não havia a achado chata e sim triste e também dava para perceber a expressão triste no rosto do meio-albino enquanto o mesmo falava sobre isso. Depositou mais "beijinhos de gato" pelo braço direito de Shouto, arrancando um sorriso do mesmo.

Miou duas vezes seguidas.

"Tá tudo bem, meio-a-meio, comigo você não precisará ter vergonha ou asco dessa cicatriz, ok? Inclusive, essa é uma das coisas mais bonitas em você." o pequeno gatinho ronronou e se aconchegou-se no abraço quente e confortável do Todoroki e fechou seus olhos de gato.

O meio-ruivo-meio-albino apenas sorriu e se deitou, juntamente do gatinho.

Meu híbrido. || tdbk.Onde histórias criam vida. Descubra agora