Meu híbrido. || tdbk.

V.

Os olhinhos do gato passearam por todo o quarto, pousando sobre o computador, que estava ligado. Caminhou até o eletrotécnicos e começou a pisar sobre as teclas, o Todoroki o seguiu e o observou a frase se formar na tela.

Estava escrito o seguinte:

"Sua suposição não está errada, meio-a-meio. Eu sou um híbrido. Entenderei se não me quiser mais por perto. Também posso te mostrar minha como sou humano, se quiser."

Assim que terminou de escrever, parou e se sentou na mesa, encarando a face do humano. Shouto estava em choque, isso era fato e dava para perceber em sua expressão, a boca do maior se abriu e se fechou várias vezes, intercalando o olhar entre a tela e o gato em sua frente.

- Hãm, tudo bem. Eu fiquei curioso, então se transforma aí.

O gato assentiu e saiu da mesa, indo até o centro do quarto e voltando a sua forma humana. E assim, o meio-albino pôde admirar o menino que, na sua concepção, era surpreendentemente lindo. O loiro a sua frente estava com um conjunto de calça moletom e blusa azul-escuro.

As características físicas do loiro também chamavam sua atenção, ele era extramamente forte, seu maxilar marcado e as mãos grandes chamavam sua atenção. Os olhos vermelhos eram tão penetrantes que pareciam enxergar até a alma do meio-ruivo.

- E então? - Katsuki indagou.

- Eu estou surpreso. - Arranhou sua garganta propositalmente. - Como eu devo te chamar?

- Katsuki Bakugou.

- Ok, eu tenho muitas perguntas.

- Então, as faça, meio-a-meio.

- Meio-a-meio? Não entendi o apelido.

- Sério? - Shouto assentiu. - Você é todo metade-metade, entendeu? Tipo, seu cabelo, seus olhos.

- Ah. - O Todoroki desviou o olhar, encarando fixamente um ponto aleatório do chão, corado.

- Mas, isso não é ruim! Você é muito bonito, Shouto. - Sua última frase soou quase como um sussurro, mas foi alto o suficiente para que o meio-ruivo-meio-albino ouvisse. - Inclusive, sua cicatriz também é muito linda. Você não precisa ter nojo dela, beleza?

- Ah, ok. Espera, você entendia tudo que eu falava?

- Logico, né? Eu também não gosto do seu pai, definitivamente, por isso eu ataquei ele pra te defender. - Ouviu o Todoroki dando uma leve risadinha. - Hãm, o que foi?

- Nada, é que você é fofo. Valeu por me defender do meu pai e você também é bem bonito, Bakugou.

- Pode me chamar só de Katsuki mesmo e eu não sou fofo, ok?!

- Hum, ok. - Um sorriso quase imperceptível se formou nos lábios finos e levemente rosados do meio-ruivo. - É fofo, sim! Pare de ser teimoso, Katsuki.

- Argh. - Revirou os olhos avermelhados, assim como fez em formato de gatinho.

- Você fez a mesma coisa enquanto era um gato, foi incrivelmente adorável. Hum, bem, Katsuki, nós ainda podemos ser amigos, certo?

- Sim, meio-a-meio, ainda vamos ser amigos. O único problema é eu vir te visitar, já que eu moro do outro lado da cidade.

- Oh. - Mais uma vez, o meio-albino desviou o olhar. - Não tem problema, eu posso ir te ver, mas eu quero continuar sendo seu amigo!

E em um ato rápido, que Shouto julgou ser precipitado e um tanto arriscado, abraçou o loiro, afundando seu rosto na curvatura do pescoço do Bakugou. Após alguns segundos, o híbrido retribuiu o ato.

E em um ato mais precipitado e arriscado ainda, os lábios foram juntados, só que, dessa vez, o dono do ato era um menino de olhos vermelhos, mas foi retribuído.

- Eu acho que gosto muito de você, seu meio-a-meio ricasso. - E o meio-ruivo teve o desprazer de ter separado seus labios da boca do loiro.

- Eu também acho que gosto muito de você, meu gatinho.

- Gatinho? - O Bakugou afastou levemente o rosto, com uma das sombrancelhas arquiadas.

- Sim, você é meu gatinho agora, pode ser? - As mãos grandes e gélidas do meio-albino envolveram o pescoço do híbrido, causando calafrios ao outro.

- Sim, meio-a-meio idiota. Pode ser, sim. - Deixou uma risadinha de lado escapar e teve dois selares rápidos roubados por Shouto.

O meio-ruivo abraçou o loiro pela cintura e fez o menor deitar na cama consigo forçadamente, surpreendendo Katsuki com sua força e então, eles ficaram ali, em silêncio por alguns segundos que, mais tarde, foram julgados como os melhores segundos da vida dos dois.

Shouto Todoroki estava deitado sobre o peitoral do híbrido, tendo suas madeixas acariciadas enquanto se imaginava tendo vários momentos felizes ao lado do mesmo. Sentia seu peito arder de uma forma, extremamente e estranhamente, boa e uma felicidade fora do comum, que não sentia a um bom tempo. Seu corpo estava amando sentir o calor do Bakugou e estava amando ser tocado pelas mãos firmes.

Katsuki não estava muito diferente. Estava abraçado ao mesmo, podendo admiriar cada traço delicado do rosto e do corpo do meio-albino. Um de seus dedos acariciavam a cicatriz em leves movimentos de vai e vem e, vez ou outra, depositava um selar na testa do mesmo. Sua mente estava a mil, assim como seu coração. Eram tantas perguntas e tantas hipóteses, mas nada tinha uma resposta cem por cento correta.

Só tinha uma certeza, que gostava para um caralho daquele meio-a-meio bobão e que odiava o pai dele.

- Somos algo a mais do que "apenas amigos"? - Indagou, levando os olhos díspares ao encontro dos olhos carmesin e fazendo aspas com os seus dedos longos.

- Sei lá, porra. O que 'cê preferir é bom para mim também. - Respondeu, sendo bem direto como o de costume.

- Beleza. - Um sorriso simpleco se formou no rosto, que muita das vezes era inexpressivel, do Todoroki. - Eu gosto de você e você gosta de mim. Quero fazer isso acontecer, mas vai ser devagar, já que eu nem te conheço direito.

- E como sabe que me ama se não me conhece?

- Eu sinto uma conexão com você e sei que te amo, precisa de mais?

Agora, quem abriu um sorriso bobo foi o loiro encarando o mais alto.

- Não. - E eles se beijaram, mais uma vez.

[Fim.]