IV.

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Mais uma semana, e agora fazia um mês de que o peuqueno gatinho conhecia o bicolor ricasso. Era mais um dia de calor, mas não estava tão quente quanto da última vez. O híbrido estava cantarolando algo na sua janela enquanto saboreava um delicioso sorvete sabor Tutti-Frutti.

Estava entediado, para variar, e olhando todas aquelas passosas, que pareciam tão entediadas quanto si próprio, passar na calçada, do outro lado da rua. Ao terminar seu sorvete, jogou o palito na lata de lixo que havia em seu quarto.

Se transformou mais uma vez no gatinho de sempre e foi caminhando pela rua movimentada novamente. Era uma sexta-feira a tarde e Katsuki estava pensando em como contaria a Shouto que era um híbrido. Não que fosse algo anormal, já que na cidade, a muito tempo atrás, espalharam boatos e os híbridos eram torturados até a morte.

Hoje em dia não. Agora, os híbridos podem conviver em sociadade como todo mundo, mas ainda era chocante na visão de muitos saber que existiam humanos que podiam se transformar em animais.

E tinha medo do meio-ruivo ser esse tipo de pessoa.

Que mesmo depois de contar tanta coisas ao loiro, o meio-ruivo perder a confiança que tinha depositado nele e o tirar de sua vida. Mas também não queria esconder isso para sempre.

Não queria esconder algo tão íntimo de quem Katsuki estava começando a sentir algo. Não queria e não poderia esconder isso do meio-ruivo a vida toda. Respirou fundo e continuou a correr sobre os telhados e muros paralelos da cidade.

A cada dia que passava o Bakugou pensava no menino de cabelos metade-metade. De alguma forma, aquela feição calma, sua voz, sua personalidade, tudo no meio-ruivo era bonito demais para ser ignorado. Dos fios de cabelos até os pés que sempre estavam cobertos por meias.

Também tinha saudades de Shouto, já que sua mãe só permitia que ele saísse como híbrido uma vez na semana. Não era como se ele ligasse para essa regra idiota, mas quando tentou contria-la, ficou ouvindo gritos da rua onde estavam até sua casa. Revirou os olhinhos vermelhos ao se lembrar disso.

Passou do portão do condomínio e seguiu até o casarão onde o Todoroki morava. Subiu até a janela do humano e, dessa vez, o vidro estava aberto, mas o quarto estava vazio. Ficou pensativo, pois sempre o encontrava ali, seja sentado a frente do seu computador estudando ou deitado lendo qualquer merda.

Caminhou até a frestinha da porta, espiando com um de seus olhos e ouvindo gritos. Hesitou e foi caminhando até a cozinha, era de lá que os berros estavam vindo. Viu um homem alto, que também continha uma cicatriz que ia da testa até o queixo, também havia o cabelo vermelho e uma barba rala, gritando com Shouto.

O de pelos loiros se enfureceu enquanto os espionava, atrás do balcão. Sem pensar muito, adentrou a cozinha tão rápido que os olhos díspares do meio-albino nem conseguiu acompanhar, e mordeu o calcanhar daquele velho maldito.

Cravou de fato seus dentes ali e mesmo que o mais alto balançasse sua perna, o gato não largava ou se soltava. A mordida já estava começando a sangra, e então arranhou-o forte e profundamente até que sentiu duas mãos segurarem seu busto de gato.

Era Shouto.

- Fica calmo, ele é meu pai. - O Todoroki mais novo disse calmamente, arrumando ainds mais os pelinhos do animal.

"Ele não devia estar gritando com você!" exclamou em seu pensamento.

- Shouto, como assim você conhece esse bichano de rua vira-lata?! - Mais uma vez, o pai do meio-ruivo-meio-albino estava gritando com seu filho.

- Não fala assim! Mesmo sendo um gato de rua, ele é uma melhor compainha que você! - O bicolor gritou para o mais velho, querendo deixar com que lágrimas escorrecem de seus olhos.

Pisou forte no chão, ainda apontando para o rosto do pai e se retirou, indo para seu quarto. O Bakugou pode ver que o mais velho ficou embasbacado com o ato de seu filho e por isso não deu nenhuma resposta, apenas deixou com que o de olhos díspares saísse, em silêncio, e se trancasse no quarto.

O Todoroki sentou-se no chão, ainda com o pequeno gatinho em seu colo e suspirou, reencostando a cabeça na parede.

- Obrigado por me defender, mas não precisava, ok? Eu já sei lidar com isso e você poderia ter se machucado. - Os olhos avermelhados foram revirados.

E o meio-ruivo notou isso. O humano não sabiam que gatos costumavam ter esses hábitos, assim como as pessoas, mas deu de ombros e escolheu ignorar. Após isso, em seu subconsciente ficou um grande ponto de interrogação. Pensou seriamente se o de pelos amarelados não seria um híbrido ou se realmente nunca tinha notado que gatos reviram os olhinhos.

- Não sabia que gatos reviravam os olhos? Ou será que você também é um ser humano em formato de gato? - Indagou como se fosse uma brincadeira e negou. - Não... Menos da metade da população são híbridos, é uma probabilidade bem baixa na verdade, mas também seria legal se você fosse um. Eu teria mais um amigo.

Shouto deixou o gatinho no chão e ficou o fitando, o bichano fazia o mesmo.

Nesse momento, o Bakugou se perguntava mentalmente se deveria esperar mais para contar a verdade ao mais alto ou se revelaria agora. Mesmo que o outro tivesse acabado de dizer que gostaria que o, aparentemente, comum gato fosse um híbrido ainda estava receoso com isso. Afinal, não era algo que poderia sair contando para qualquer um.

Era um segredo, além de que sua mãe também não iria gostar nada de saber que Katsuki havia revelado isso a alguém. Eram poucas pessoas que sabiam disso e deveria continuar sendo assim, né? Ou não? Ou talvez não tivesse nada de errado se assumir como um humano que se transforma em animal e viver livremente? Sem medo de ser quem realmente é.

E sim, o bichano acabou de fazer sua escolha.

Meu híbrido. || tdbk.Onde histórias criam vida. Descubra agora