Capítulo 38

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PONTO DE VISTA DE CAMILA.

Não quero sair da cama hoje.

De novo.

Já faz uma semana e a culpa ainda aperta meu peito quando penso em tudo o que o fiz, com Lauren. A reação dela naquele dia não era a que eu esperava e isso me surpreendeu.
O que eu vi nos olhos dela não tinha sido o medo de ter sido descoberta. Mas sim uma grande dor, acho que mais do que ela poderia suportar.

Eu me odeio por isso. Estou enojada comigo mesma. Meus dedos coçam para pegar meu telefone e ligar para ela.

Já faz uma semana desde que a vi.

Tentando não pensar nisso. Eu decido sair da cama. Eu tiro o edredom do meu corpo, balanço minhas pernas para o lado do colchão e enfio meus pés em meus chinelos brancos de pelúcia. Uma vez que estou sentada, minha cabeça lateja como se alguém tivesse derrubado uma bigorna nela.

Enquanto eu cambaleio até o banheiro, minhas pernas tremem, e eu me aproximo para segurar a borda da pia. Depois de conseguir me firma de pé. Acendendo as luzes, tiro o short do pijama e puxo a blusa pela cabeça.

Eu sugo uma respiração afiada quando meus olhos pousam no meu reflexo no espelho pela primeira vez esta manhã. Meu estômago aperta com a visão das manchas escuras ao longo dos meus olhos. Resultado de várias noites sem conseguir dormir.

Eu acabei bebendo demais ontém à noite. Porque memórias da crise de Lauren inundaram minha visão. Foi minha culpa que ela tenha ido parar no hospital. Eu não deveria ter deixado as coisas chegarem a esse ponto. Eu não deveria ter falado nada.

Eu pisco as lágrimas quentes antes que elas tenham a chance de transbordar. Entro no box, giro a alavanca no chuveiro e permito que a cachoeira de água morna caia em cascata sobre minha pele. No momento em que me ensaboo e me enxáguo, a vontade de chorar volta ainda mais forte e um soluço borbulha na minha garganta.

Eu deixo cair minha testa contra o azulejo frio e me desabo em lágrimas. Permaneço trinta minuto nessa posição, até que as lágrimas parem de cair e meu pulso acelerado volte ao normal.

Enquanto escovava os dentes, tentei imaginar como será a minha vida sem Lauren nela de agora em diante. Era quase como imaginar o que aconteceria se o mundo parasse de girar.

Enrolando a toalha em volta do meu corpo, eu abro a porta do banheiro e vou para o quarto. Deitei na cama, me perguntando o que fazer. Um dia inteiro se estendeu pela minha frente sem nada planejado. Era como ter uma tela em branco na minha frente e não possuir nenhuma tinta. Quando foi a última vez que enfrentei um dia inteiro sem planos? Eu não conseguia me lembrar. Não por vários meses, pelo menos. Eu geralmente sempre tinha algo para fazer, ou se não, Lauren tinha feito planos para nós. 
Nada como este vazio de agora.

Eu me forcei a sair da cama, me vestir e me arrastei até a cozinha. Depois de colocar um pouco de salada de fruta em uma tigela, eu olhei para ela pelos próximos cinco minutos antes de jogá-la na lixeira. Meu estômago não está aceitando mais nada.

O interfone tocou e eu pulei de susto.
Eu rastejei até ele e prendi a respiração quando apertei o botão."
— Olá?

— Ei, sou eu." A voz era profunda, rouca e familiar.

Mas familiar de um jeito bom."
— Suba.

Destranquei a porta e voltei para a cozinha para colocar alguns copos e pratos na máquina de lavar louça. 
Quando ouvi uma batida na porta, gritei:“— Está aberta.

Shawn entrou."— Ei." Embora fosse uma saudação casual, seus olhos examinaram meu rosto como se estivessem fazendo um inventário.

Eu nem tinha me incomodado em aplicar maquiagem para esconder as olheiras. Meus olhos ainda estavam vermelhos e lacrimejante.

Entre o Amor e a VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora