No último dia do nosso mundo - Drarry

Capítulo 16 | Círculo Completo

Harry recuou, chocado com o ódio na voz de Draco. "O que você quer dizer?" ele sussurrou, sua mão ainda estendida em direção à cama. "Eu... Severus me disse que você estava acordado."

Os olhos de Draco se moveram para olhar além de Harry para Severus. Quando seu olhar voltou para Harry, sua carranca se aprofundou. "Isso é tudo que ele te disse?" ele perguntou baixinho.

Harry lambeu os lábios, sem saber exatamente o que estava acontecendo. A voz e a linguagem corporal de Draco sangravam hostilidade, mas ele também estava com medo. Harry conhecia seu amante bem o suficiente para reconhecer os sinais.

Harry se atreveu a dar um passo em direção à cama, estremecendo quando Draco se afastou. "O que há de errado, Dray? Por que você está com medo?" Harry perguntou.

"Eu não tenho medo, Potter!" Draco disparou. "Eles não lhe contaram? Não consigo me lembrar." Ele continuou enquanto o rosto de Harry assumiu uma expressão horrorizada. "Isso mesmo, Potter. Nada. Se devo confiar em Severus, o que até agora não tenho certeza se é uma boa ideia, então aparentemente acabei de perder cinco anos da minha vida."

Harry sentiu seus joelhos fraquejarem e deu o último passo em direção à cama, apesar dos protestos de Draco, e sentou-se pesadamente.

"Afaste-se de mim, Potter," Draco rosnou, mas Harry apenas olhou para ele. Este tinha que ser outro pesadelo, e ainda assim era mais realista e mais horripilante do que qualquer um de seus sonhos anteriores. Draco não se lembrava? Nada?

Seu coração estava martelando dolorosamente em seu peito. Cada julgamento dos últimos dias empalideceu em comparação com isso. Ele olhou para Draco, mas rapidamente desviou os olhos quando viu a raiva ardente neles – dirigida a ele. Harry vasculhou seu cérebro em busca de uma pista sobre o que deveria dizer, mas era como se tudo nele, com exceção de seu coração acelerado, tivesse parado. Ele nem tinha certeza de que estava respirando.

Uma mão pousou em seu ombro e Harry forçou sua cabeça a olhar para Remus. A simpatia nos olhos de Remus era quase pior do que a falta de reconhecimento nos olhos de Draco. Não que Draco não o reconhecesse. Mas o fato era, Harry agora entendia, que ele não o conhecia mais . Ele não conhecia Harry. Tudo o que ele viu foi Potter, uma pessoa que pode não ter sido seu inimigo, mas certamente não era seu amigo. E quem nunca tinha sido seu amante. Ou sua ligação.

"Ele vai se lembrar?" Harry perguntou, disposto a trocar o que restava de sua alma por uma resposta afirmativa. O olhar triste de Remus falou muito, no entanto, e Harry sentiu os vestígios de seu mundo desmoronar ao seu redor.

"Eu gostaria de um pouco de privacidade aqui, Potter," Draco rosnou. "Eu preciso de algum tempo para lidar com isso."

Ele ouviu Severus assobiar com a crueldade do comentário, mas Harry não conseguiu encontrar em si mesmo para ficar com raiva. Nada disso era culpa de Draco. Ele foi forçado a deixar este mundo originalmente, assim como ele foi forçado a voltar. "Claro," Harry resmungou, mal reconhecendo sua própria voz. Inseguro, ele se levantou e saiu da sala sem olhar para trás.

Ele voltou para o quarto em que havia acordado, mas descobriu, uma vez lá dentro, que estava completamente perdido. Era apenas um lugar para ir, onde seus pés o levaram, e ainda assim não havia mais para ele aqui do que havia no corredor no quarto onde Draco estava hospedado.

"Atormentar?"

Harry virou a cabeça ligeiramente, reconhecendo que tinha ouvido Remus, mas não respondeu. Ele ouviu Remus suspirar e fechou os olhos, temendo o discurso que ele sabia que viria. Ele não conseguia pensar agora, certamente não com coerência suficiente para manter uma conversa inteligente. E este lugar – Harry olhou ao redor da sala – esta casa só trouxe mais angústia. Ele só queria ir embora.